dezembro 30, 2005

Provavelmente nãovai dar tempode escrever antes de entrar 2006. Então, este será o último post de 2005.

Good bye, so long, farewell. Este já está nos estertores. Que venha logo o novo.

Fim de ano é sempre meio devagar. Todo mundo reduz o ritmo, a cidade fica bem mais lenta, mais tranqüila. Meio que em compasso de espera. Nada começa, muita coisa termina. Ano novo, vida nova. É isso aí.

Eu, de folga, também estou meio devagar. E por absoluta falta de costume com o teclado de casa, estou apanhando do meu próprio computador. Acho que em janeiro vou ter de comprar um teclado novo. Esse aqui tem de levar porrada na barra de espaço pra dar espaço...

Bom, ano que vem tem mais. By bye, so long, farewell. See you soon!

Que venha logo o novo...

dezembro 27, 2005

A gente comemora tempo de separação? Acho que não é de bom tom, nem deve fazer muito bem à saúde mental. Mas hoje, dia 27 de dezembro, fariam 32 anos que estaria casada, se casada continuasse. E amanhã, dia 28 de dezembro, completarei 5 anos de separada...

Tempo suficiente pra se fazer um balanço e ver como ficou. Distante o suficiente para uma análise menos apaixonada, mais fria. E, só de querer analisar, já mostra que ainda tem importância. Se não tivesse, nem lembraria... Mas é meio automático, já que as duas aconteceram muito próximas em dia e mês. Ano, não. Entre um e outro, são 27 anos e muita água passada por baixo da ponte.

O mais engraçado é que as coisas continuaram a mudar ao longo desses cinco anos. A grande mudança desencadeou uma série de outras que, acredito, ainda estão rolando. Outras coisas aconteceram independentemente da grande mudança, mas acentuaram a importância dela.

A vida é outra. A realidade é outra. Eu sou outra. Acho que continuo bobinha em algumas coisas. Aí é inevitável, tem coisa que não tem conserto. Em outras, fiquei desconfiada – perdi a confiança em várias pessoas e não consegui ainda confiar em outras. Minha vida passou a ser cada vez mais minha e só minha. Não se meta onde não foi chamado. E, se eu pedir socorro, pode ter certeza de que é porque é absolutamente necessário e imprescindível. E quero ajuda sem sermão nem explicação.

Aprender a viver só é uma arte. Aprender a ser só é ainda mais difícil. Estou no caminho, acho. Aos cinco anos, meus filhos já comiam e se vestiam sozinhos, já argumentavam comigo, até já liam e escreviam alguma coisa. Eu, cinco anos depois, ainda não estou firme nas pernas, ainda tomo tombos, caio de bunda ou de joelhos, me esfolo um tanto. Nada que polvidine e band-aid não possam consertar.

Eu aprendo. Sempre aprendi.

dezembro 26, 2005

Quase uma semana sem postar nada – quase, não, é uma semana mesmo. Mas esta última semana do natal é infernal. Tanto pra se fazer e tão pouco tempo pra curtir. É assim, ano após ano após ano. E a gente continua, porque é assim mesmo que tem de ser e é como dá certo.

Mas este ano teve novidade: o domingo de natal foi totalmente solitário. Achei ótimo. Ouvi o CD que ganhei sem reclamação de ninguém – tá, ninguém tem obrigação de gostar de Madredeus só porque eu gosto. O disco está lindo. Ouvi duas vezes. E passei o resto do dia vendo a trilogia de O Senhor dos Anéis.

Já tinha visto no cinema, um de cada vez, conforme passou. E tinha revisto o segundo e o terceiro, em DVD, que comprei. Pedi o primeiro no Natal – e ganhei. Aí vi todos, um depois do outro. Foi ótimo – fiquei ainda mais apaixonada pelo filme. E uma certeza, que comecei a ter depois do primeiro filme, quando o vi pela primeira vez, se cristalizou: elfo tem de ter cara de Orlando Bloom. Lindo!!!

Olha, deu pra cansar. São três filmes, cada um deles com cerca de três horas (olhei no IMDB: o primeiro tem 178 minutos; o segundo, 179 minutos; e o terceiro, 201 minutos!). Mas vale a pena. Pra mim, valeu a pena mesmo, porque adorei os filmes. E continuo chorando no final deles, por causa da amizade do Sam com o Frodo. E, como dizem por aí, o que é de gosto regala a vida.

Bom mesmo vai ficar a partir de quarta-feira. Aí começa a folga de ano Novo. E depois, férias!!!! Um monte de nada pra fazer, tempo de sobra pra ler, ver TV, filmes, bordar, crochetar, tricotar, pintar o sete, tudo o que se tem vontade. Mas acho que a primeira providência será ficar pelo menos uma semana longe de jornais, notícias e coisas afins. Será difícil, mas não impossível. Vamos tentar.

O nada exige muita prática e eu continuo tentando...

dezembro 19, 2005

Daqui escuto uma repórter de outra editoria fazendo contatos com pessoas para uma matéria sobre o início do ano. O que as pessoas estão mudando para entrar no novo ano? Troca de trabalho ou de namorado, de casa ou de vida? Arruma armário, ajeita o jardim, muda os móveis de lugar? A moça estava procurando pessoas que estivessem fazendo as mais diferentes coisas para entrar em 2006 com espírito novo. Ou com vontade de mudar.

Eu me peguei pensando no que faria para esta passagem de ano. E descobri que não tenho plano nenhum. Claro, vou vestir branco – é tradição. Vou procurar ter pensamentos positivos, pedir a ajuda de todos os santos, entidades e espíritos, conhecidos, desconhecidos, ignorados, lembrados, esquecidos, de todas as religiões. Valem todos. Só precisam me ajudar e dar um jeito de me avisar quem foi, pra ter a devida retribuição. De qualquer forma, acho que se tiver meus desejos atendidos, agradecerei a todos. Pois, se pedi a todos...

Acho que não quero mais mudanças – nem de início, nem de fim de ano. Aliás, nem no meio. Mudanças cansam. Tudo como está pode não estar bom, mas está confortável. E, quando não está confortável, dá pra se levar. Os problemas são conhecidos e, se as soluções são inovadoras, o resultado é o mesmo. Assim é melhor.

Mas acho que mudanças virão. Elas sempre vêm. Alguém, em algum momento da minha vida, disse que mudanças são sempre para melhor. Assim, eu posso não querer, mas, se é pra melhorar, tudo bem. Que venha.

Mas, pelamordedeus, que venham devagar, sem sustos...

dezembro 08, 2005

Leonado Da Vinci que me perdoe. Ele disse que “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”. Medo e arrependimento, não tenho. Mas eu cansei. Não dá pra ter sempre as mesmas velhas e conhecidas coisas, sem novidades? No news are good news. É isso aí.

Mas a cabeça da gente funciona sempre a mil. E começa a se perder em coisas muito loucas. No metrô, outro dia, comecei a prestar atenção em alguns nichos que existem ao longo dos túneis. E imediatamente lembrei daqueles filmes que se passam nos metrôs americanos, onde sempre tem uns cururus que comem, dormem e vivem em nichos semelhantes. E conhecem todos os atalhos, todos os caminhos, para todos os lugares, em todos os túneis. E, claro, sempre ajudam o herói a se safar de alguma confusão. Se bem que, sem confusão, não tem herói...

Juro que cheguei até a ver alguns nichos iluminados com mesa e bancos de madeira. Não vi, mas imaginei um grupo de pessoas almoçando ali, batendo um papo animado enquanto as composições passam, vão e vêm... Em outros, abertos, obviamente para garantir a circulação de ar nos túneis, imaginei um velhinho cuidando de vasos plantados com ervas aromáticas e de temperos. Mas desconfio que a incidência de sol, ali, é muito pouca pra isso. Mas na imaginação, pode.

Ao longo dos túneis sempre tem um corredor estreito, como se fosse uma calçada estreita, com corrimão. Lembro que na inauguração do metrô – juro que estava lá, nos idos de 1972 – o pessoal da Cia. do Metropolitano explicou que aquele corredor serviria em caso de necessidade de as pessoas abandonarem as composições. Através daquele corredor, todo mundo chegaria às estações, sem problemas nem atropelos. Nunca soube que tivessem sido usados – acho que foram, mas não fiquei sabendo. A cidade tem inúmeras histórias de falta de luz e composições que falham, então os corredores devem ter servido... E certamente as composições não foram abandonadas sem atropelos...

Mas em 1972, quando foi realizada a viagem inaugural do metrô, tudo era novidade. O ano foi do Sesquicentenário da Independência – justo quando trouxeram de volta ao Brasil os despojos de D. Pedro I, que agora repousa no mausoléu do Ipiranga. A matéria que escrevi da primeira viagem do metrô, na época, foi apenas mais uma das tantas publicadas em todos os jornais da cidade.

Dizia-se, naquela época, que o metrô estaria devidamente incorporado à cidade quando passasse a ser ponto de encontro de casais de namorados ou de reunião de amigos. Quando virasse palco de brigas. Quando tivesse um filme rodado dentro dele. Ou, ainda, de referência para explicar os caminhos para se chegar em algum lugar.

O metrô ainda está em construção e tudo isso já aconteceu. Decididamente, o metrô já está incorporado à cidade...

dezembro 01, 2005

Vai lá, pode me chamar de coruja... Não ligo e assumo: sou coruja mesmo. Meus filhos merecem isso e muito mais. Que não dá pra dar sempre, mas a gente faz o possível. Eles são ótimos, gostosos, maravilhosos. E meu neto é incrível. E todos me deixam orgulhosa - sempre.

Ontem fui ver o filme do meu filho. Nem sabia que ele tinha escrito o próprio na Mostra do Audiovisual Paulista - mas estava lá. Não tinha visto nada, não tinha nenhuma informação. Esse filho é assim, meio misterioso. Mas ele não faz isso pra esconder, de sacanagem, faz porque é assim mesmo. E, de uma certa forma, dou razão a ele: deve ser um saco ter mãe, irmã, empregada, perguntando direto como estão as coisas, o que fizeram ou deixaram de fazer... Melhor ficar quieto e só comentar depois. Se precisar ou se alguém perguntar. O filme é ótimo. Me surpreendeu pela delicadeza, pela sensibilidade. O título chama a atenção: A meretriz e o leão. Não dá a menor idéia do que vai rolar na tela. A surpresa é maior.

Ontem engordei uns quilinhos por ter inchado de orgulho. Não sei se ele percebeu - acho que não.

E minha filha, aquela menina doida que decide trabalhar, malhar, ser dona de casa e mãe, tudo ao mesmo tempo. Tá bom, eu fiz isso tudo - malhar, não!!! Ela de vez em quando enlouquece, mistura estações, confunde tudo e trabalha em dobro. Mas no final dá conta de tudo. Cede um pouco aqui, outro pouco ali - e está feito. Também me deixa orgulhosa, mais ainda quando se bota num modelinho executiva e sai fazendo discursos e conquistando patrocínios... E ela é linda, mais do imaginei que minha filha fosse ser. E é mãe daquela criaturinha fofa, não muito doce mas totalmente moleque...

O meu terceiro não gosta, mas ele é o meu baby boy. Cresceu, é maior do que os outros, amadureceu, mas pra mim continua um molecão. É com ele que converso mais, que brinco mais - e de quem levo mais broncas, claro. Porque ele é estouradão e, às vezes, porque eu mereço. Ele também me faz engordar uns quilinhos de orgulho de vez em quando, quando fala alguma coisa, quando lembra de alguma coisa, quando inventa alguma coisa - e isso ele faz com alguma freqüência...

Cada um é cada um e todos são especiais. São os meus filhos...

novembro 29, 2005

Bom, parece que agora ele me pegou. O tal espírito natalino. Está meio devagar, mas já deu sinais de vida. E, pelo que me conheço, daqui pra frente só vai crescer. Já estou pensando nas luzinhas pra acender do lado de fora da casa – será que elas estão funcionando? Ou será que vou ter de comprar outras? E onde vou pendurar a tabuletinha de Feliz Natal? E a árvore, onde vou montar? Enfeito com fitas ou com os velhos enfeites de madeira?

Mas ainda tem o capetinha perguntando, no meio de todas essas questões, se tudo isso vale a pena. Vai gastar energia, vai dar trabalho pra montar e desmontar. E tudo pra que? Meu neto nem vai estar por aqui pra ver as luzes e o Papai Noel subindo as escadinhas, que comprei no ano passado e que vai voltar esse ano, mas em outro lugar... As minhas crianças já não são mais crianças e nem ligam mais pra essas coisas...

E tem os presentes. Tem de ter um pra cada filho – se não, não tem graça. E para o amigo secreto, claro, que este ano ganhou cores informáticas e vai ser via internet mesmo. Coisas da modernidade... Mas uma baita mão na roda quando não se tem dia nem hora pra reunir todos para o sorteio do amigo. E ainda tem a vantagem de a gente poder mandar mensagem anônima para o amigo! No nosso caso, não vai dar certo: pouca gente, todos da família. Todo mundo se conhece muito, não dá pra ser anônimo... Mais umas lembrancinhas pras irmãs...e chega, né?

Mas estou ansiosa. Mais do que pelo Natal e pelo espírito natalino, estou ansiosa para os próximos 30 dias passarem voando. Dia 29 de dezembro entro em folga de Ano Novo. E emendo as férias. Só volto pra esse ar condicionado insalubre e insosso em fevereiro!!!

Papai Noel podia ser camarada comigo e me dar uma MegaSena de presente...

novembro 21, 2005

De vez em quando, de repente, surgem pessoas do passado. Alguns que a gente jurava que nunca mais ia ver na vida, porque tinha tomado outro rumo, decidido se dedicar a outras atividades. Mas aí o destino coloca essas pessoas no caminho da gente.

É bom. E não é. Gosto de pensar que o passado passou e vai ficar lá, no passado. Pra ser lembrado de vez em quando e ser arquivado de novo em seguida. É verdade que nesses (re)encontros o passado vira presente e fica louco pra marcar alguma coisa no futuro. Mas eu faço uma força danada pra que não. Passado foi. Pronto.

Mas é bom ter, de vez em quando, um momento hora da saudade. Lembra como era? E o Fulano, anda fazendo o quê? Nossa, casou com a Cicrana? E separou? E você, como anda? O que tem feito? Aí o assunto acaba. Boa parte dos conhecidos em comum caiu no esquecimento ou sumiu no tempo. A atividade de um não tem nada mais a ver com a atividade do outro. Ou, às vezes, até tem, mas não há mais o ambiente comum, o interesse comum.

Em alguns – raros – casos, a amizade continua. Mas não é reencontro, é amizade. E amizade, já dizia o poeta, é quase amor. A gente não esquece. Mas, como o amor, não há amizade que resista a uma longa separação.

Sábado rolou uma hora da saudade dessas comigo. Reencontrei gente que não via há mais de 10 anos. E saí com uma velha amiga de mais de 40 anos. Aliás, ela e eu demos muita risada desse momento. Ela, eu encontro com alguma regularidade. Ainda existe aquele clima de camaradagem, de companheirismo. Cumplicidade, teve. Agora, não mais. Tem coisa que, quando se perde, jamais se recupera. Mas gosto de vê-la, de encontrá-la, de ficar jogando conversa fora.

Do reencontro com os demais ficou aquele clima do vê se me escreve, telefona, não some, ta? Tudo sem muita convicção, tudo com aquele ar de só pra constar. Ninguém está mentindo, mas fala sabendo que nada mais vai rolar. Teve sorriso, festa, abraço apertado. Foi gostoso. Foi...

Confesso que não sei se quero reencontrar aquelas pessoas. Tenho boas lembranças delas e gostaria que tudo ficasse assim, boas lembranças. O tempo costuma fazer mal às pessoas e as relações raramente continuam as mesmas. Eram boas. Não sei se serão.

Melhor deixar no eram...

novembro 14, 2005

Meninas, é de arrepiar.

A gravação é antiga – de 73. Mas está lá a voz. Deliciosa. Voz de travesseiro, diria uma amiga. E fica muito melhor quando a gente junta a voz à figura do homem – Deus, tragam-me meus sais!!!

Estou falando de Alain Delon. Que emplacou os 70 no dia 8 de novembro. Mas não estou falando desse que emplacou os 70 há poucos dias. Falo daquele de A Piscina, de Rocco e Seus Irmãos, de O Sol por Testemunha. Preciso de mais sais!!!

E falo de Parole, Parole. A música é italiana, mas foi gravada em francês por Dalida, egípcia filha de imigrantes italianos que passeava por inúmeros idiomas. Com trechos interpretados por Delon. Os dois – Delon e Dalida – meio que conversam, ela cantando e ele falando. E quem o viu no cinema até imagina a cena – só não consegue acreditar que uma mulher possa virar as costas para aquele homem... Mas o diálogo ficou famoso e é destacado até hoje como uma das grandes interpretações em dupla da música francesa.

C’est étrange,
Je n’sais pas ce qui m’arrive ce soir.
Je te regarde comme pour la première fois
Je n’sais plus comment te dire,
Mais tu es cette belle histoire d’amour
Que je ne cesserai jamais de lire.
Tu es d’hier et de demain
De toujours ma seule verité.
Tu es comme le vent qui fait chanter les violons
Et emporte au loin le parfum des roses...


A tradução soa romanticamente boba e piegas. O francês é a melhor língua para essas coisas, sem dúvida. E nem copiei a letra toda. Não precisa entender. É preciso ouvir. E sentir. Muitas, muitas vezes.

O disco é uma coletânea de músicas românticas, que comprei só por causa de Parole, Parole.

Vou continuar ouvindo. E vou reforçar meu estoque de sais...

De qualquer forma, para quem não sabe francês, segue uma tentativa de tradução: é estranho, não sei o que acontece comigo esta noite. Mas eu a vejo como se fosse a primeira vez. Não sei como dizer isso, mas você é aquela bela história de amor que nunca termino de ler. Você é o meu ontem e o meu amanhã, o meu sempre. Você é como o vento que faz cantar os violinos e transporta para longe o perfume das rosas.

Falei que traduzido não tinha graça...

novembro 13, 2005

Gozado como a gente vai se enrolando, se enrolando e deixando de lado as coisas que nos fazem bem, mas que podem esperar um pouco. Aconteceu isso agora com o blog. Fui deixando, deixando e agora vi que já fazem quase 15 dias que não posto nada. Pode ser falta de assunto, também, mas isso a gente arruma.

Foi o tempo mesmo. Tá, desculpa de aleijado é muleta, mas, nesse caso, é verdade. Costumo escrever no jornal, naquelas horinhas em que nada rola e a gente fica esperando dar o horário pra ir embora. Bom, nesses dias rolou. E não era notícia, era encheção de saco mesmo. Com o chefe em férias, os subchefes resolvem fazer mirabolâncias (não procure no dicionário - isso aí eu acabei de inventar). Tipo mudar um monte de coisas pra continuar tudo igual. E, como sempre, nada que possa deixar o leitor melhor com o mundo. Isso mantém a gente ocupada, refazendo trabalho. E sem tempo pra escrever outras coisas.

Não sei ainda até quando permanece essa situação. Primeiro, o chefe tem de voltar. Depois, a gente vê.

Na verdade, não daria nem pra estar aqui escrevendo agora. Tem um frila rolando, enorme, chato que dói. Mas é frila e vai dar algum dinheiro - espero. Então, o correto seria cuidar da chatice rentável. Vou fazer isso daqui a pouco, prometo. Não são nem 9 horas, ainda tenho duas horas pela frente de muito nada pra fazer. Vai dar pra adiantar o dito frila. Acho. Baixei um joguinho faz pouco, mas ele não é tão interessante quanto parecia. Pena...

O jeito vai ser continuar trabalhando...

outubro 31, 2005

Os amigos que me desculpem. Mas agora todo mundo que quiser deixar algum comentário vai ter de encarar as letrinhas chatas. Assim acho que fujo dos spams pentelhos que me irritam tanto.

Me desculpem, tá? Mas não tinha outro jeito...
Todo ano o sinal de que o Natal está próximo são as sacolinhas que a Verinha traz. Ela é voluntária na creche Perseverança, uma entidade enorme e muito séria, que trabalha com crianças pobres e carentes. Não são abandonadas - todos têm pai e mãe, que passam o dia fora trabalhando, enquanto as crianças passam o dia na creche. E como essas crianças não têm o menor recurso, todo ano a gente se compromete, no Natal, a vestir uma delas.

São centenas de sacolinhas. Todas vêm com etiquetas com nome, idade, tamanho da roupa e do sapato. A gente tem de comprar roupa, roupa de baixo, meia, sapato, um brinquedo e uma caixa de bombons. Gosto de fazer essas compras. Pensar na alegria que essas crianças vão ter quando abrirem os pacotes. Gosto, particularmente, de comprar coisas para os menores. Adolescentes são mais difíceis, acho. Nunca sei o que comprar no item brinquedo.

As sacolinhas vieram hoje. Minha filha sempre pede pra pegar uma, para uma menina que tenha mais ou menos a idade do filho dela. Ela quer ter uma filha e, como não tem, se consola comprando as coisas para uma criança que ela não conhece mas que, com certeza, vai ficar parecendo uma princesinha com as coisas que ela põe na sacola. E costumo pegar uma sacola para um menino e outra para uma menina. Desta vez, peguei duas crianças de 8 anos.

E aí caiu a ficha que logo, mais um tempinho, o Natal vai chegar. Junto, o final do ano - e eu nem vi o ano passar direito... Tem de começar a pensar nos presentes da família. Nas lembrancinhas para os amigos. Que coisa!!!

Costumo curtir as festas de final de ano. Mas este ano, não sei. Acho que ainda é cedo. Ainda não bateu. Ainda não deu aquela vontade de arrumar enfeites, de pensar nas luzes pra colocar na janela. É, ainda é cedo.

Deixa pra pensar nisso mais tarde...

outubro 29, 2005

Cansei de ficar injuriada por causa dos spams e resolvi voltar. Na verdade, não foram os spams que me mantiveram afastada, foi a falta de assunto mesmo. E o ma humor. Nossa, como estou mal humorada!!! Se eu já não fosse velhinha, eu diria que estou ficando velha e ranheta. Então, estou ficando ranheta, só.

Mas tem coisas que me irritam muito. E parece que elas estão cada vez mais freqüentes. Em algum momento da vida, eu fiz de conta que elas não existiam, mas acho que já estão demais da conta. Ou então foram se acumulando e agora ameaçam me afogar. Sei lá. Vai ver que é cansaço mesmo. Tomara que seja. Porque nem eu me aguento assim.

Uma coisa é certa: sou, sempre fui, essencialmente democrática. Então, sobram coices para todos. Branco, preto, mulato, verde, alto, magro, baixo, gordo, morenos, loiros, ruivos. O que vier pela frente e falar bobagem, leva.

Só que é preciso ficar atento pra não falar besteira pra quem não merece ouvir. E é aí que a tal democracia ensina a gente a ser prudente. Assim, pelo sim e pelo não, melhor ficar quieta num canto.

Até já entrei numa comunidade no Orkut chamada Não mexa com quem está quieta...

outubro 15, 2005

Não tem nada a ver com o fim do mundo, mas acho o fim da picada esse povo que invade o blog da gente só pra deixar mensagens imbecis. No começo, achei divertida a idéia de alguém escrevendo em inglês que leu meu blog e achou ótimo. Duvido que, se leu, tenha entendido alguma coisa.

Mas agora está enchendo o saco. Vem de pote. Se são os mesmos ou diferentes, pouco importa. Enche o saco igual.

O mundo não poderia acabar só pra esses pentelhos?
Fim do mundo parece coisa de ficção científica. A gente lê, se informa, fica sabendo de um monte de coisas, mas se recusa a acreditar que um belo dia tudo vá se acabar. Outro dia vi O Exterminador do Futuro 3, quando as máquinas dominam o mundo e perseguem os humanos. O mundo acaba ali, pelo menos o mundo que a gente conhece. E tem O Dia depois de Amanhã, quando um desastre ecológico arrasa com todo Hemisfério Norte e as grandes potências têm de se mudar para o chamado Terceiro Mundo – a idéia é divertida; o desastre, não.

Nos dois filmes, o mundo não acaba de verdade. A velha Terra continua firme, rodando em torno do Sol. Só muda a situação de toda a humanidade. Será isso o fim do mundo? Quer dizer, o fim do mundo é, na verdade, o fim daquilo que a gente conhece e vive? É o início de uma nova forma de vida, o aprendizado de um jeito novo de encarar as coisas?

A gente olha em volta e vê um monte de coisas desmoronando, se desfazendo, mudando. O clima pirou em várias partes do mundo. Furacão, tufão, tsunami, terremoto. Calor inclemente, chuvas torrenciais, frio congelante. Rios que nunca inundaram sobem agora com fúria assustadora; rios que sempre trouxeram crescimento com as cheias se recusam a sair de um leito que fica cada dia mais estreito. Ainda não aconteceu, mas não vou me assustar se alguém disser que regiões desérticas estão enfrentando chuvas monumentais... O contrário já tem alguns registros inquietantes, de locais úmidos virando verdadeiros desertos – melhor por as barbas de molho.

E não é só no macro (adoro esse termo do economês!) que a gente registra isso tudo. Na minha vida, pelo menos, alguma coisa não anda encaixando. Nada diretamente comigo – graças a Deus, se bem que fico imaginando que, se fosse comigo, não me causaria tanta preocupação. Mas coisinhas vão acontecendo em volta, com gente amiga, conhecida, parente. Nada que atinja diretamente, mas chega uma hora em que dá vontade de pedir pro mundo parar um pouco pra gente dar uma descansadinha. Acho que já disse antes que viver cansa.

Dá pra tomar uma Bohemia antes?

outubro 12, 2005

Foi tão boa a festa, pá/Fiquei contente... Fiquei mesmo e agradeço ao Chico pela frase pronta.

Mas a festa foi boa só pra mim e para a meia dúzia de gatos pingados que lá estavam. No fim, o prejuízo deve ter sido grande e vai bater direto no bolso do filho. Por esse lado, foi triste. E vai nos deixar ainda mais tristes quando as contas baterem na porta – o que, por sinal, acontece todos os dias.

Boa música, duas bandas bem legais. Bebida rolando solta – open bar é uma beleza! O pilequinho foi leve, mas a falta de prática pesou. Foi-se o tempo de profissionalismo etílico. Agora sou amadora, abaixo de iniciante. No terceiro copo de cerveja, já estou alegrinha. Já fui bem mais resistente. Mas a vida tem bem mais coisas pra se aproveitar. Ainda.

Dancei um pouco, papeei muito. A molecada é muito simpática e sempre tem muito pra dizer pra gente. Enfim, botei o pé numa realidade da qual andava um pouco afastada. A dos jovens. Que são lindos e loucos como têm de ser os jovens. Cheio de planos e idéias. Cheios de vida.

Quem não foi, perdeu. E, se preferiu ir pra outro lugar, garanto que não se divertiu tanto quanto poderia. Claro que haverá outras. Pode demorar um pouco – sempre demora um pouco pra gente se levantar de um tombo –, mas vai ter outras, sim. Quem viver, verá. E vai aproveitar também.

Mas fico aqui pensando com os meus botões que, se estivesse cheio, provavelmente não seria tão divertido...

outubro 07, 2005

Beatles são Beatles. Forever. Em qualquer língua, em qualquer estilo. Quer dizer, às vezes tem um pessoal que tenta estragar – mas as músicas resistem. Agora estou ouvindo uma versão em canto gregoriano. E quero logo chegar em casa pra colocar no CD player, com efeito de acordo. Tenho certeza que vai ficar muito mais bonito do que já está.

Acabei de ouvir Michelle e voltei no tempo, dançando de rosto colado num dos tantos bailinhos que fui. Mas aquele era especial. Foi na casa de um dos meninos da turma, na Aclimação, bem atrás do parque. E eu sabia que seria a última chance de ficar com aquele garoto que estava de malas prontas pra morar em Brasília. Ia estudar cinema, dizia. Mas a família dele estava se mudando pra lá. E eu nunca mais ia saber dele.

Loirinho, alto, magro. Cara de garoto americano, nem de bom nem de mau menino. Desconfio até que se fosse algum tempo depois eu nem ia prestar atenção nele. Mas eu tinha um fraco por loirinhos. Primeiro foi o Marco Antônio – ainda no ginásio. Que nem olhava pra mim porque tinha coisas mais importantes pra fazer na vida do que prestar atenção nas meninas em geral e naquela japonezinha gordinha em particular. A, naquele momento, era o Nuno... Claro que lembro do nome deles. A gente não esquece daqueles que fazem o sangue da gente ferver, que provocam tremedeira. E, pra mim, eles continuam com a mesma carinha. Se cruzar com um deles na rua, juro que não reconheço. Lembrança serve pra isso. Na memória dos outros, a juventude sempre permanece...

Tinha acabado de passar A Hard Day’s Night no cinema e as músicas dos Beatles eram a trilha sonora de qualquer romance, grande ou pequeno, que rolasse na ocasião. O Nuno sabia diálogos inteiros do filme. Tinha visto trocentas vezes, mais ou menos, e repetia as frases direto, pra meu deleite. Hoje, sinceramente, eu ia achar muito chato...

E lá fomos para o tal baile. Eu, de mini-saia de laise, um luxo. E dá-lhe Beatles. Lá pelas tantas, toca Michelle. E o Nuno me chama pra dançar. Fui. Juntinho, coladinho. No “I need you, I need you, I need you”, ele me beijou a testa. Não nos largamos mais, até o final do baile.

Naquela noite, conheci um pedacinho do céu...

outubro 03, 2005

E cá estou, 5.5 no ponto. Fora do tal inferno astral, mas ainda pensando no que a vida me reserva. Menos zangada comigo mesma, mas ainda insatisfeita. Se esse estado de ânimo continuar, acho que até consigo fazer as pazes daqui a algum tempo. E tem de continuar, pra eu chegar à almejada paz de espírito. Bom, de qualquer forma, por uma contingência física, não posso ficar brigada comigo muito tempo. É muito chato.

E cá estou, com duas gatas a menos. Fran sumiu na calada da noite. Torço e rezo pro meu Chiquinho – São Francisco de Assis, para quem não conhece – cuidar para que ela esteja nos braços de alguém muito carinhoso, que a encha de dengos e mimos, mais do que ela tinha em casa, onde precisava dividir atenções com outros 14. Torço por isso, pra não ter de analisar outras alternativas bem menos agradáveis e bem mais possíveis. E Nininha foi embora de vez. Estava na hora e o Chiquinho certamente quis que ela fosse alegrá-lo um pouco. Meiga, doce, companheira. Acho até que o Chiquinho foi legal de deixá-la tanto tempo com a gente... Mas sei que fará falta, como nos fez e faz falta a Pique.

Agora são 13 no total, se contarmos o Grizzy, aquele sujeito mal-encarado e mal-humorado que se transformou numa criatura doce que adora dormir aninhado no colo da gente. Ele deixou bem claro que não somos nós que o temos. Ele é quem tem a nós. Ele escolheu ficar lá em casa do mesmo jeito que escolhe o colo onde quer dormir. É muito fofo, meu Grizzy, o último a se juntar à tropa felina. É o último, não o mais novo.

Meu filho estava fazendo o inventário felino da casa no blog dele. Agora, não sei bem como vai ficar. Ainda faltavam três bichinhos, mas a conta foi meio que pro espaço, com essas duas ausências. Falar nelas ainda deve doer. Pelo menos ainda me machuca. Mas é preciso falar, porque assim a tristeza vai embora junto com as palavras. Chorar, já choramos. Se bem que ainda fica um nó na garganta.

Um dia, não sei quando, vou tentar escrever a história de todos os gatos que tive. Não será tarefa fácil, com certeza. Foram muitos. Tenho dúvidas até de que consiga lembrar de todos. Mas vou tentar. Só preciso criar coragem – e reativar a memória.

Que anda curta, curta...

setembro 29, 2005

Ano novo, vida nova.

Tô louca, não. É que hoje é o penúltimo dia do meu inferno astral. E como já são quase 10 da noite, isso quer dizer que o último dia está bem próximo. E o final vem logo em seguida. Essa é a parte boa.

Inferno astral não é uma sucessão de coisas ruins acontecendo na vida da gente. Na verdade, funciona como a passagem de ano, com a diferença de que o revéillon é o dia do aniversário da gente. Nos dias anteriores a ele, as pessoas fazem uma espécie de balanço do que fez no ano que passou e planos para o ano que vai nascer. Ou seja: é momento de recolhimento, de auto-análise e de decisões. No meu caso, de se xingar um bocado e ficar de mal consigo mesma por não ter feito uma monte de coisas que deveria ter feito. E se xingar mais ainda porque sabe que vai continuar não fazendo. É o tal do círculo vicioso.

Na minha adolescência, chamávamos esses períodos de fossa. E sempre dávamos muita risada porque tinha sempre alguém que sabia que estava enfiando o pé na lama e continuava dando risada. Já então entendíamos que o ser humano tem coisas que não se explica, aceita-se. Ou não. Mas não adianta brigar. Ninguém muda na essência. No máximo, cria um verniz.

Não lembro de ter passado um tempo tão reflexivo antes. Deve ser coisa da idade. Mais velhinha, mais filosófica. Sempre desconfiei que filosofia era uma matéria dedicada aos velhos. Jovem não tem tempo pra isso. Observa, registra e segue em frente. E Caetano dizia que filosofia tem de ser em alemão. Como não sou alemã e não sei falar alemão, então filosofar se torna muito mais complicado.

Melhor deixar quieto....

setembro 27, 2005

Não sei se devo me considerar maluca ou se todo mundo é assim. Como nunca perguntei a ninguém, não sei. E não sei se quero saber...

Existe uma realidade alternativa, para onde vou freqüentemente. Não é um lugar com anjos, fadas e duendes - se bem que um elfo com a cara do Orlando Bloom não seria nada mau -, mas é um lugar particular, meu, onde as coisas dão certo, a conta não fica no vermelho (acho que nem tem conta) e eu posso imaginar o que quiser, posso dar as respostas que quiser e as pessoas vão reagir conforme o meu gosto e a minha vontade.

Quando as coisas não vão bem, as preocupações aumentam, a vida fica difícil, vou pra lá na primeira oportunidade. É mais ou menos como a penseira do Dumbledore, só que eu não tiro pensamentos pra deixar a cabeça mais leve. A realidade real continua lá, me esperando, me preocupando, me angustiando. Mas eu sempre dou um jeito de fugir pra outro canto, busco aquela gavetinha do arquivo onde tudo dá certo e é bonito. E lá tudo fica bem.

Claro que sei que o conteúdo da gavetinha não é real. Mas ela está lá e me recebe sempre de braços abertos. Lá não tem canseira, a viagem de ônibus fica divertida – na verdade, costuma ser divertida mesmo sem realidade alternativa -, os problemas são todos solucionados. Viajo grandão mesmo. Já fiquei brava comigo mesma por não encarar os problemas de frente, por não sair à luta. Mas não adianta: quando vejo, estou com os pés no chão e a cabeça longe, longe.

Ultimamente ando me refugiando com freqüência por lá. E ultimamente não quer dizer os últimos dias ou as últimas semanas. Já faz tempo que ando procurando o pedaço do faz-de-conta.

É o meu mundo ideal e porque é ideal, não existe. Algumas coisas podem até se realizar, mas eu tenho sérias dúvidas. Porque, se se realizarem, não serão como no mundo ideal. Certamente serão boas, como é bom quando os sonhos se realizam.

Mas aí deixarão de ser do meu mundo ideal...

setembro 26, 2005

“Não gosto da criação que dão para os filhos hoje em dia. E aqui em São Paulo é pior. Mãe faz tudo o que o filho manda. Não ta certo. Tem menino com 3 anos que não obedece a mãe. Outro dia, no ônibus, tinha um que chorava, resmungava e ciscava o tempo todo. E a mãe só dizia ‘calma’. Fosse meu, nem abria a boca. Se com 3 anos já faz assim, com 10 vai mandar a mãe embora de casa. Não gosto dessas coisas, me deixa nervosa. Fico com vontade de encher o moleque de bolacha. Esse, do ônibus, fiquei com vontade de ir lá e dar um jeito. Era eu que ia agüentar uma dessas! Não agüento mesmo, já vou logo dando safanão. Minha filha tem 16 e só tomou uma tapona na vida. Mas foi uma só, que ela foi parar longe. Pergunta se ela não me obedece... Homem é a mesma coisa. Só apronta uma vez. O lá de casa arrumou uma biscata por aí e eu logo percebi. Botei o feijão cozido na panela de pressão e deixei fechado por uns três dias. Na hora que ele se aprontou pra sair, todo bonito e perfumado – dizia que ia trabalhar, vê se pode!!! -, joguei o feijão nele. E quando ele veio pra cima de mim com a mão levantada, tomou a panela de pressão na cabeça. Foram cinco pontos na testa. E nunca mais ele aprontou. Tá lá em casa, quietinho. Sai pra trabalhar e volta, direitinho. Mas feijão tem sempre, ele sabe. Imagina a sujeira que foi, ele todo embonecado, fedendo a feijão estragado, com feijão no corpo inteiro. Falei pra ele que se tivesse uma próxima, não ia ter cinco pontos na testa. Ia ficar sem... Você sabe. É pra ele ver o que acontece quando mexe com uma paraibana!”

O discurso, com alguma variação e termos muito mais ricos que não consegui reproduzir, foi ouvido hoje no ônibus, linha Ana Rosa-Vila Brasilândia. A senhora contava isso tudo pra duas amigas, que estavam sentadas do outro lado do corredor. As três rachavam o bico com a história. Então, eu e o ônibus inteiro acompanhamos as aventuras. Mas chegou meu ponto e eu tive de descer. Quase que continuo, só pra saber mais histórias e pra saber se o cavalheiro que tomou banho de feijão estragado tinha aprontado mais alguma.

Mas eu é que não ia mexer com a paraibana arretada...

setembro 22, 2005

Fiquei tão brava com as injustiças que ando vendo, que acabei esquecendo de uma coisa linda que aconteceu na minha vida, exatos 30 anos atrás: hoje é aniversário do meu filho.

Nenhum sonho meu de juventude previa uma convivência tão boa como a que tenho com meus filhos. Correndo o risco de repetir todas as mães do mundo, eles são meu maior orgulho, a melhor coisa que fiz na vida. São meus companheiros de luta e minha fonte de alegrias. Torço muito pra que sejam felizes e que tenham tanta sorte quanto eu em relação aos filhos deles.

Parabens, meu filho. Tudo de bom e mais uns pedaços de amor e felicidade para você na sua vida!!!
A revolta dos dinossauros

Não costumo escrever texto com título. Mas este merece. Porque os dinossauros estão mesmo revoltados. Pelo menos os daqui. Com razão, eu diria – mas eu faço parte da categoria dinossauro jornalístico, então não sei se minha opinião vale muito.

Disse, no post anterior, que é hora de dar lugar aos jovens. Reconheço que eles merecem. Sangue novo, idéias novas, abordagens inusitadas – tudo isso vale. Mas eu gostaria muito que os mais novos ouvissem um pouco os dinossauros. E os respeitassem.

O que ando vendo – não sentindo, porque não ofereço a cara pra tomar tapa e não pretendo ter mais motivos na vida pra me sentir rejeitada – é que os mais antigos não estão sendo levados em conta. Por que estão desgastados? Não diria isso. Por que estão ultrapassados? Também não diria isso. Por que não fazem parte da turma jovem que vem ocupando os cargos de poder? Pode ser.

Pior que não ser respeitado e ouvido é saber que se foi ouvido, sim, mas para beneficiar outra pessoa. A sua idéia não é mais sua, mas a de quem a apresentou – por coincidência, a mesma pessoa para quem você expôs sua idéia. Não é enlouquecer? Além do desrespeito, estão achando que a gente é tão velho que não lembra mais do que falou...

É verdade que a memória não é mais a mesma, que o organismo precisa de uns aditivos pra funcionar normalmente, que a visão ultrapassa o tamanho do braço. Mas a cabeça de todos continua bem – e produzindo.

Acho que vou lançar a idéia de juntar os dinossauros pra montar uma publicação. E será via Internet, que é pra dar um tapa com luvas de pelica nesse povo jovem que acha que domina as mídias modernas. Um site de informação e opinião, sobre tudo o que acontece no mundo. Com opinião de gente respeitada – concordemos ou não com os pontos de vista dessas pessoas, eles sempre merecem ser ouvidos ou lidos. Nem que seja pra saber o que o inimigo está pensando.

Poder jovem?! Bah!!!!

setembro 20, 2005

De repente, eu estava andando pelo corredor e quase fui atropelada por um rapazinho. Foca, pensei. Foquinha mesmo. Temos agora, todos os anos, uma batelada deles, por causa do curso de jornalismo que o jornal dá a um grupo cuidadosamente selecionado. Então, a gente tropeça neles o tempo todo, por um bom tempo. E parecem cada vez mais novos.

São sérios, compenetrados. Deve pesar na cabeça deles o fato de estarem num veículo de circulação nacional, com o peso de mais de cem anos de existência. Tradição ainda fala alto pra essa molecada. Daqui a alguns anos, tudo isso terá passado. Mas, até lá, o respeito impera. Alguns ensaiam tímidos sorrisos pra gente, os veteranos.

Eu sempre sorrio pra eles. E, se vierem conversar, dois dedos de prosa não fazem mal a ninguém. Mas raramente eles conversam com a gente. Conversa mole, só entre eles.

Fico lembrando de quando comecei, também. Não sei se era tão séria e compenetrada como eles. Deveria ser. Todos focas são, porque eu seria diferente? Tinha a vantagem de ser novinha, mais ou menos bonita. Os veteranos não negavam dicas, toques, conselhos. Carne nova no pedaço sempre encontra assistência...

Mas tive uma crise séria, logo no começo. Achei que não tinha nascido pra isso, que devia mudar de rumo, procurar outra coisa pra fazer. Tudo porque um ex-namorado, que já trabalhava na área, disse que eu não servia pra coisa. Que me faltava a fibra, a insistência, o interesse. Jornalismo não é pra você, ele disse. Você faria melhor se fizesse outra coisa.

No começo, doeu. E veio a crise. Falei com meu chefe - naquela época estava na extinta Última Hora -, expliquei o que estava acontecendo. Sábio, ele me aconselhou a ficar afastada uns dias, uma semana. Depois, se quisesse voltar, meu lugar estaria ali. Não que fosse prejudicar alguém. Trabalhava de graça, à guisa de estágio. Meu chefe não poderia exigir nada, já que eu não recebia...

A semana de prazo passou e, com ela, minhas dúvidas. Mas agora já era outra coisa, era a vontade de mostrar para aquele cara que ele não tinha razão. Com que autoridade ele dizia que eu não seria para a profissão? Quem era ele? Quem ele pensava que era? Ia mostrar que era competente, sim, e muito! Voltei com força total e nunca mais entrei em crise.

Passei um bom tempo na vida agradecendo ao desaforo lançado por esse namorado. Não fosse isso, talvez não tivesse me esforçado tanto. Hoje, já não tenho tanta certeza de que foi uma boa, mas continuo firme no ofício - mas, agora, tudo o que quero é pendurar as chuteiras. Não dá mais para aposentar a Olivetti, que já foi demitida pelo computador. Na verdade, acho que já me esforcei tanto que cansei. É hora de colocar sangue novo no pedaço.

Por isso, sempre sorrio para os focas. Sei que eles terão de enfrentar muita coisa ruim e chata e não precisam de gente olhando feio. Alguns aparentam uma segurança irritante - em poucos casos, não é aparência, mas a vida se encarrega de por um prefixo 'in' naquela segurança toda. Olho pra eles e fico imaginando quem vai se sobressair, quem vai virar um nome no jornalismo. A maioria nem fica e tem de conviver com a sensação de ter fracassado num jornal grande - que bobagem! Outros embarcam em aventuras mais ao gosto de cada um, em publicações específicas, quase anônimas para o grande público. E nem se incomodam. E tem os que simplesmente caem no esquecimento...

É um desafio para eles. Para os veteranos, é sangue novo para lubrificar engrenagens antigas. Para mim, são sonhos que chegam, necessários para alimentar o desgaste da rotina. Sonhos novos, idéias novas.

Pena que acabem logo...

setembro 15, 2005

Pacarai. Vi a palavra hoje num blog e achei bem bonitinho. E me lembrei, no ato, de outra, que aparecia nos muros do Roosevelt nos idos e dourados anos 60: taqueospa. Lembro que ficamos meses tentando decifrar o que queria dizer aquilo. Até que uma garota da turma, uma das mais espertas por sinal, matou a charada: era só colocar uma sílada antes e outra depois...

Daí, como livre pensar é só pensar e também porque broto também tem saudades, lembrei das aventuras daquela época. No final dos anos 60, todos tínhamos muita energia e nenhum dinheiro. Eu escamoteava dinheiro do lanche e trocava passes - ia a pé para a escola - pra ter algum guardadinho, para os cigarros ou alguma bobagem que não custasse muito caro. Todo mundo fazia isso, mas tinha - sempre tem - aqueles com mais dinheiro. E, graças a eles e aos trocados que cada um conseguia salvar, todo mundo ia para a farra.

Nada grandioso, só umas fugidas de quando em vez para alguma lanchonete, onde todo mundo dividia alguns hambúrgueres e uma (uma só, mesmo!) porção de fritas. E todo sábado tinha baile em algum lugar. Pra minha sorte, minha mãe costurava. E toda semana eu tinha alguma peça nova pra estrear no baile - fosse ele qual fosse e onde fosse. Íamos em turma, voltávamos em turma. Alguns poucos eram namorados, todos eram muito amigos. E tinha os bailes do ITA, uma aventura que durava um fim de semana inteiro, porque íamos de ônibus para São José dos Campos, dormíamos nos dormitórios dos estudantes (meninas de um lado, garotos de outro). O baile era na noite de sábado; a volta, no final da tarde de domingo. Dava até pra curtir a piscina do campus, com direito à paquera dos guapos futuros engenheiros que estavam por lá. Nunca me interessei por nenhum...

Quando os que tinham dinheiro chegaram aos 18 anos, a turma ganhou rodas. E aí o programa era ir para Santos, tomar um chope. Um só, porque o dinheiro não dava pra mais. E ainda tinha a gasolina, que na época não era tão cara, mas tinha de ser paga. E os tanques tinham de ser cheios. Tomar um chope, dar uma volta na areia, molhar os pés no mar. E voltar pra casa, contente e feliz...

A felicidade estava mais ao alcance da gente. Mas, aos 18 anos, a gente merece ter toda a felicidade do mundo...

setembro 12, 2005

Não tenho um tio Quinto na minha vida. Pena. Explico: tio Quinto foi o velhinho que morreu e deixou uma quinta na Umbria para a sobrinha Anna, uma viúva, com três filhos adultos e uma neta, todos personagens de A Casa de Anna, minissérie em quatro capítulos que assisti ontem. A história é bonitinha, com a vantagem - pelo menos pra mim - de ser falada em italiano, língua que gosto muito. Serviu para praticar um pouco o ouvido. E pra passar o dia de domingo. Não vi tudo, não: tinha Federer e Agassi decidindo o US Open, então fiquei zapeando de um canal para outro, até o jogo acabar. Mas me deu vontade de ter um zio Quinto.

No começo da história, pensei em Casa Rossa, de Francesca Marciano, romance que li há alguns meses, também ambientado na Itália e que tinha, como personagem central, a casa de campo pintada de vermelho. Nada disso. A Casa de Anna é bem menos ambicioso, uma historinha tipo Rosamunde Pilcher, muito mais de autodescoberta e afirmação dos personagens. Das personagens, aliás: mulheres bonitas e fortes, mas inseguras e medrosas. Contraditórias? Sem dúvida. Mas as mulheres são assim mesmo.

Zio Quinto, que nem aparece na história, deixa a casa para Anna. O filho, Marco, quer vender a propriedade logo. Corretor da bolsa, perdeu dinheiro alheio e precisa devolver rapidinho. Além disso, a mulher está esperando o primeiro filho. A venda da quinta seria a solução. Como único filho homem, é sempre consultado nas decisões. Mas nem sempre é ouvido - e isso fica claro ao longo da história. Ninguém sabe dos problemas financeiros dele, que vai se enroscando num monte de problemas. A filha mais velha, Giulia, é casada, tem uma filha e um marido que a trai com a secretária. Ela lhe dá um bom chute no traseiro mas, ao longo da história, descobre que ainda o ama e se torna amante dele. Bem divertida essa situação, sem dúvida. E cômoda. Livia, a mais nova, é uma mulher linda, mas totalmente insegura. Encontra um homem maravilhoso, mas tem medo de se envolver. Claro que se envolve. Ela pode ser insegura, mas não é burra.

Anna domina todos. À guisa de preocupação e cuidado, acaba conseguindo que todos façam e ajam de acordo com o que ela quer. Não faz de propósito - ela é assim mesmo. E só percebe quando reencontra Guido, na quinta do Zio Quinto, o homem por quem foi apaixonada na juventude. Seu primeiro namorado, aquele que lhe deu o primeiro beijo. E - acreditem - o velhinho é um prato cheio e pode entrar na minha lista de velhinhos que eu gostaria de encontrar. Pois ele lhe diz com todas as letras como ela é. E, claro, ela toma um susto. Mas muda.

Mas a quinta... Fica na Itália. Quem me conhece sabe que é um dos meus grandes objetos de desejo. É uma casa de campo confortável, com uma cozinha de sonho, quartos grandes e um vasto jardim. Guido tem um viveiro de plantas. "Você me parece um vaso de manjericão", diz ele. "É daquelas plantas que têm muita energia e transmitem isso. Quando tenho uma planta que está fraca, coloco um vaso de manjericão ao lado, pra dar energia a aquela que está fraquinha. Você é assim." Dá pra resistir? Claro que Anna não resiste. Nenhuma mulher resistiria...

Engraçado é que falam tanto da Itália machista, mas a história é totalmente dominada pelas mulheres. São elas que decidem, são elas que comandam. Até a menina Alessia, do alto dos seus 13 anos, acaba com o namoradinho que queria desde o começo da história. Os homens são, com exceção de Guido, uns bananas, que entram para atrapalhar a vida de todas.

No fim da história, tudo acaba bem. Anna vende o apartamento onde mora em Roma e se muda para a quinta, para ficar perto de Guido e dos sonhos de juventude. Deixa os filhos seguirem seus destinos, deixa que eles tomem as próprias decisões. E tutto va bene, troppo bene.

Ah, como eu queria ter um zio Quinto...

E, sim, antes que me esqueça: Federer ganhou. Agassi jogou muito - ele mesmo reconheceu que nunca jogou tão bem como nesta final -, mas não deu...

setembro 06, 2005

Declaro, a quem possa interessar, que trabalho num jornal mentiroso, numa editoria que enche as pessoas de mentiras. Sou, portanto, mentirosa. Se é por força das circunstâncias, ou não, não vem ao caso. É o mesmo caso do soldado nazista que matou um monte de gente porque seguia ordens. Ele não é inocente. Nem eu.

Trabalhar em Economia nunca foi minha maior ambição. Pelo contrário. Nunca entendi o que as pessoas na área queriam dizer, aliás nunca me interessei pelas coisas que eles diziam porque, de alguma forma, eu sentia que aquilo não me dizia respeito. Agora tenho certeza: não diz mesmo. O mundo onde vivem os economistas e os jornalistas que cobrem essa área é outro. Um outro planeta, com outros valores. Cheios de índices e porcentuais.

Estão tentando me convencer de que estamos vivendo um período de deflação. O supermercado que fiz hoje desmente isso. Meu cartão de crédito é a maior prova disso. Comprei menos do que no mês passado e gastei a mesma coisa. Mas, me dizem, isso é média. Certamente você está comprando coisas que estão subindo... A deflação, continuam, é maior para a população mais pobre. Mentira, mentira, mentira. A Adelina reclama da mesma coisa do que eu. E a gente fica indignada junta.

Fazem vários meses que faço títulos e leio matérias nesta editoria dizendo que os preços estão baixando. A queda do IPC-alguma coisa foi provocada principalmente pelos menores preços no setor de vestuário e alimentos. As roupas baixaram de preço? Onde? Em que loja? Em que país? E os alimentos?

Olhe, sou obrigada a concordar. Jornalista é mentiroso. Principalmente os de Economia. Porque é mesmo ou porque mandaram, tanto faz.

Quero trabalhar no Esporte. Não dá pra mentir que o jogador fez e aconteceu, se todo mundo viu na televisão. Não dá pra dizer que um time perdeu o jogo, se ganhou. Futebol é futebol, basquete é basquete, tênis é tênis. Não dá pra dizer outra coisa.

Quero me aposentar e nunca mais ler esse monte de bobagens que compõem o Caderno de Economia. E ainda dizem que é a editoria mais importante do jornal... Só rindo... Aliás, se eu parar, juro que vou passar um bom tempo sem ler jornal.

setembro 05, 2005

Confesso que esse US Open está me irritando um pouco, pela quantidade de americanos que vão passando de fase. Mas hoje, olhando melhor as chaves, percebi que na chave de cima não ficou nenhum. Na chave de baixo, sim. Tem Agassi, Blake e, dependendo do que o Gasquet fizer ou não fizer, Ginepri. Meu favorito entre eles é o Agassi, mas depois de saber da história do Blake, fiquei balançada. James Blake é crioulo - e isso, quem me conhece, sabe que conta pontos. É simpático, tem cara de ser boa gente. Diferente de um outro cujo nunca tinha ouvido falar, um tal Scoville Jenkins, um entojo. Nadal passou pelo antipático, mas não conseguiu bater o simpático. Pena é que Blake e Agassi se enfrentam na próxima fase. Pelo jeito que a coisa vai, a final será entre Agassi e Federer.

Mas eu falei da história do Blake e acho que ela merece ser contada. Tem todos aqueles ingredientes que qualquer torcedor adora: o cara fraturou umas vértebras num tombo, durante um treino, em maio do ano passado. Ficou fora do circuito por um tempo e, quando estava sarando, pegou zoster, uma variação mais brava de herpes, que deixou o cara com um lado do rosto paralisado. Não bastasse isso tudo, o pai morreu. Voltou a jogar só este ano, precisou de convite pra entrar no US Open. E está ganhando. Não sei se passa pelo Agassi, mas este ano o velhinho vai me perdoar se eu o abandonar um pouco. Se um americano tem de chegar à final, que seja um crioulo. Só falta eu pagar pela língua e ser o Ginepri o finalista...

Uma amiga reclamou que não tenho escrito no blog. De fato, meu último post foi no dia 1.º, justo quando anunciei o início do inferno astral. Nessas circunstâncias, melhor botar as barbas de molho. Prudência, água benta e vacina Sabin nunca são demais, já dizia o pediatra dos meus filhos, bons anos atrás... E, devo reconhecer, a maré ruim também começou.

A culpa é da Fran, da Alba e da Maria. Três gatinhas lindas. Fran e Maria são irmãs, de mãe e de farra. Alba é farrista solitária. Mas elas, de alguma forma, conseguiram chegar no quintal do vizinho - o que cria pássaros silvestres. Claro que o vizinho reclamou. Reclamou é pouco: ameaçou mesmo. Não diretamente, mas deu a entender que ele é um cara legal, porque poderia espalhar veneno pra elas comerem. Que é compreensivo, porque já foi a um advogado e sabe que poderia mover uma ação contra mim, mas não vai. Pelo menos por enquanto. Que eu tome então as providências necessárias pra prender minhas gatas em casa. Deu vontade de matar o cara? Pois...

Assim, vou empacotar minha casa. Cercar de tela todo e qualquer espaço por onde os gatos possam passar. Eu é que não me arrisco de soltar meus bichinhos para a sanha assassina desse aprisionador de pássaros que deveriam estar livres na natureza. E não me venham com discursos de que esses animais, se fossem livres, correriam risco de extinção. Maldade é prender um pássado preto só porque o canto dele é lindo. O cara falou que até pensou em se mudar. Tomara que ele faça isso. Se bem que, até lá, meus bichinhos estarão bem isolados dentro de casa. Mas seria uma bênção saber que não terei mais ao lado da minha casa uma família de chatos de carteirinha.

Fora isso, a vida segue. Mas continuo mantendo as barbas de molho.

Como já dizia o pediatra dos meus filhos...

setembro 01, 2005

A quinta começou na quarta à noite e, junto, teve início meu inferno astral. É mole ou quer mais? Ou, como diz uma amiga minha, dá pra tomar uma Kaiser antes? Não gosto de Kaiser, mas a idéia é essa.

E como quinta começou na quarta, não preguei o olho por boa parte da noite. Quando consegui dormir, quase dia, enterrei o plano de fazer supermercado. Não dá pra puxar dois carrinhos com as compras do mês morrendo de sono. Nesses casos, melhor mesmo é suspender tudo e chamar uma porção de fritas. Bom disso tudo é que hoje vou dormir que nem criancinha, pesada e tranqüilamente. Só não vou virar na cama como Caleu, porque costumo dormir quietinha - 'Parece morta!', reclama minha filha.

Sempre achei que essa coisa de inferno astral não é pra se levar a sério. É uma excelente desculpa para um monte de coisas, sem dúvida. Mas trinta dias seguidos sob o risco de acontecerem coisas ruins é um pouco demais. Ninguém pode ser tão azarado assim. Ninguém é tão azarado assim.

Mas como não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, o final do inferno astral é o aniversário da gente. Festa, doces, presentes, carinhos, tudo de bom. Então, não fica tão ruim encarar um período adverso. É verdade que se fica um ano mais velha mas, a estas alturas do campeonato, um ano a mais é uma vitória e um marco. E é bom aproveitar, porque nunca se sabe do dia de amanhã, muito menos do ano que vem.

Junto com a quinta e o inferno astral, entrou setembro, o mês que considero mais bonito. Junto com as promessas de calor, geralmente mais bem cumpridas do que se tem necessidade, chegam as flores. E a vida fica linda, colorida, alegre.

Dá até pra acreditar que a felicidade existe - e eu tenho certeza de que ela existe.

agosto 29, 2005

Anos atrás (muitos) entrevistei o Pedro Bial, que tinha acabado de lançar um livro. Minha pauta era um perfil sobre aquele que, naquele momento, era um dos homens mais cobiçados do País. Sinceramente? Bonito ele é. Mas é chato. Ou se faz de, o que dá na mesmo. Mas uma coisa que ele me disse ficou grudado na minha cabeça. Falávamos sobre esportes e ele disse que em época de Olimpíada ele queria se transformar numa samambaia, daquelas que a gente pendura na sala, em frente à televisão. Pra só ficar vendo Olimpíada. Achei a comparação ótima e passei a usá-la.


Pois, nestas duas semanas eu queria virar samambaia e ficar pendurada na frente da televisão. Porque é período de US Open. Agora, por exemplo, joga um ninguém (o romeno Razvan Sabau) contra o Agassi. E eu só posso dar uma filadinha na TV de vez em quando, vendo os resultados pelo scoreboard do site oficial do torneio. Ainda bem que a transmissão começa ao meio-dia, todos os dias. Então, alguma coisa dá pra acompanhar de casa. Já printei a tabela do masculino, que é o que me interessa. E vamos anotando os resultados.

Mudando de assunto de pato a a elefante (a mudança é bem mais radical do que de pato a ganso) tem umas coisas muito estranhas minhocando na minha cabeça ultimamente. Não é um único pensamento, são várias coisas que vão se cruzando, igual aquelas conversas em que uma coisa puxa outra, que puxa outra, que vai pra outra. E a gente não conclui nenhuma delas.

A grande vantagem das cabeças viajantes é que elas pulam de Barcelona pra Nova York, de São Francisco para Recife num segundo. A desvantagem é que é mais fácil viajar por terras já conhecidas. Então, a variação não é tão grande como a gente gostaria. Bom, é verdade que nunca fui para a Grécia, mas freqüentemente que pego tomando um copinho de ouzo naquela praia onde Shirley Valentine, a do cinema, foi parar. Ali ela pede que uma mesa seja colocada de frente para o mar e fica olhando, fruindo o momento. E se sentindo livre. Não deve ser difícil se sentir livre num lugar como aquele... Aliás, o mar da Grécia já apareceu em trocentos filmes. Mas, pra mim, ele fica muito, muito especial em Shirley Valentine.

Mas as viagens que minha cabeça anda fazendo não tem nada a ver com lugares. Tem a ver com planos, projetos, presente, futuro. Nada tem a ver com a realidade. Mas ainda não me atrevo a chamar isso tudo de sonhos.

Por enquanto, são só vontades.

E não é que me vi de novo em Cadaqués?

agosto 23, 2005

Não lembro de isso já ter acontecido comigo. Mas hoje, agora, aconteceu. Escrevi um montão e, na hora de publicar, deu pau. Não foi. Acabou fondo. Pior é que nem lembro do que escrevi, o que mostra a importância da coisa...

Sumiu, foi. E se estivesse ali o texto ideal que uma editora procurasse? E se lá estivesse a garantia do meu futuro? E se alguém que descobrisse naquelas palavras a resposta para algum problema sério? Não estava, claro. Mas sumiu e eu fico muito brava quando isso acontece. Começo a achar que é alguma coisa pessoal, porque nunca ninguém me contou que teve problemas em publicar um blog e a coisa acontece comigo. Será que o blogger não gosta mais de mim?

Essa coisa de internet é mesmo muito maluca. O Flávio disse no blog dele que blog serve de terapia. É verdade. É terapia, é descoberta. Acho que é por isso que, apesar de ter um blog desde 2002, fiquei vários períodos sem escrever nada. Provavelmente - não lembro - eram períodos em que eu tinha me descoberto e não precisava procurar. Ou foi mesmo saco cheio, o que é mais provável...

Mas aquele deve estar em algum lugar no tal cyberespaço e isso me faz lembrar uma crônica do Matthew Shirts, que sumiu. Ele mandou a crônica pra cá e, quando viu, tinha sido publicada uma que já havia sido publicada um mês antes. A que ele achou que mandou, sumiu. Ele continua procurando até hoje... Diz meu chefe que na segunda vez é mais fácil - ele dizia isso quando a gente trabalhava na revista Imprensa e o sistema era louco pra dar sumiço nas coisas que a gente escrevia. Não servia muito de consolo, mas pelo menos não se perdia o bom humor. E a gente escrevia tudo de novo.

Não vou fazer isso. O que vai agora, se for, será diferente do que se perdeu. E sempre penso que as coisas acontecem por algum bom motivo. Quem sabe aquele não era pra ser publicado mesmo? Vai que, sem querer, ia pisar no calo de alguém? Acho que não, mas nunca se sabe...

Aquele já ficou velho...
Dando uma olhada nos posts anteriores, descobri (lembrei) que tenho esse blog desde 2002. Faz tempo, nossa!!! É verdade que passei algum tempo fora do ar, voltei, saí de novo... Mas tem coisas que escrevi que nem lembrava. Mas a proposta inicial era colocar alguma coisa da minha história e acrescentar alguns comentários sobre o mundo e a vida, sobre o momento, sobre tudo. Pretensão e água benta, cada um toma quanto quer - e eu achei que em algum momento haveria algum interesse de alguma pessoa sobre isso tudo. Bom, acho que meus filhos dão uma olhada nisso, de vez em quando... e eu me divirto, o que é mais importante.

Manhã de costura me fez lembrar de novo de minha mãe. Que era costureira - e das boas. Tinha uma infinidade enorme de freguesas, todas japonesas, japonesas mesmo, daquelas que não falam português. Quando ela ficou doente e parou de costurar, algumas ligavam pra ela de vez em quando pra saber como ela estava. E era um sufoco atender a esses telefonemas. Japonês nunca foi meu forte, nem meu fraco. Eu não sei mesmo...

Se bem que teve uma época na vida em que eu tinha de me virar no japonês. Era quando o meu avô era vivo - ele morreu quando eu tinha uns 12/13 anos. O velhinho - minha mãe era a cara dele - mal falava português. Então, o jeito era improvisar no japonês pra conversar com ele. Mas não falava muito, não. E ele mesmo evitava de falar muito com a gente, porque sabia que não ia rolar muita conversa. Uma pena, porque tenho certeza de que ele tinha um monte de histórias pra contar. Depois que ele morreu, só voltei a arranhar meu japonês quando estava em Paris e fui abordada por umas turistas japonesas dentro de um banco. Gelei, mas no fim deu certo. E até hoje me pergunto por que elas vieram falar comigo, se tinham outros orientais lá dentro...

Hoje em dia brinco de falar japonês com a Nair, que senta aqui do meu lado na redação. E, de vez em quando, com o Tom Morooka. Mas os dois falam muito mais do que eu e eu acabo respondendo em português mesmo. E me pego tendo uns lampejos de vontade de aprender mais. Idéia que abandono logo em seguida, porque não tenho mais paciência nem memória pra aprender mais nada. Este HD já lotou, não tem mais espaço pra colocar memória, o equipamento é um 386, já está muito antigo e não tem recuperação.

Como ainda dá pro gasto, vai ficando...

agosto 22, 2005

Semana começa com massagista logo cedo. Dolorido, mas bom. O lombo, pelo jeito, sarou. Ou quase, vamos esperar pra ver como rola a semana. Ainda tinha uns pontinhos pra mexer. Ele mexeu. Ai!!!!

Mas teve uma coisa muito boa: ganhei uma caixa de cookies sortidos da Kopenhagen. Delícia!!! Vou levar alguns pra casa - os outros, comi aqui aqui mesmo. Meu filho diz que estou ficando igual minha mãe, bem formigona. Ainda não estou igualzinha, mas, nesse ritmo, chego lá. E eu que quase não comia doces... Mas à noite, depois de comer alguma coisa em casa, bate uma necessidade de de doce. E saio eu pela casa atrás de alguma coisa com açúcar. Não precisa ser chocolate, não. Basta ser docinho. Não melado. Docinho. Hummmmm!!!

Minha mãe era assim. Chegou ao ponto de abrir lata de leite condensado porque não tinha mais nada doce na casa dela. Quando veio morar comigo, adorava ganhar docinhos. Em especial, as balas de goma da Brunela. "Pontan-amê", ela chamava. As balas são boas mesmo. Faz tempo que não como. Acho que vou atrás de uma Brunela qualquer hora pra matar saudades. Ainda existe a Brunela?

Eu tenho ciclos. Teve o período das pipoquinhas de canjica. E tinha de ser a Nhac, que a gente só encontra no Carrefour. À noite, na frente da televisão, eu dava cabo de quase um pacotão, sozinha. E os meninos tiravam altos sarros da minha cara. Mas a Nahc é mesmo irresistível. Aqui, o pessoal dá cabo de três pacotões, brincando. Mas tem muita gente comendo. "Pipoca de isopor", definem.

Outro doce que gosto é arroz doce. Dizia a vó Cecília que arroz doce é doce de homem. Que ela não conhecia nenhum homem que não gostasse. E, nesse campo, ela tinha algum conhecimento. Casou três vezes, enviuvou três vezes. E quase vai pela quarta vez. O velhinho que pediu a mão dela em casamento, lá em Jacareí, quando ela já estava com 80 e alguns, acabou morrendo dois meses depois do pedido. E ela, dando risada, comentava: "Já imaginou? Eu ia ficar viúva mais uma vez!"

Vó Cecília fazia sonhos divinos. E nunca ninguém conseguia fazer a receita dela. Mesmo porque não tinha receita. "Olha, põe o trigo, um pouco de fermento, mistura o leite e vai batendo. Põe os ovos e continua batendo. Eu ponho um pouco de erva doce pra dar um perfume..." Quantidade? Ela não tinha. Ia tudo no olho e na mão. Tentei uma vez, ficou duro. Tentei outra, a massa ficou tão mole que desmanchava na frigideira. Fiquei nos bolinhos de chuva que esses, pelo menos, davam certo...

E agora me veio à lembrança um doce que minha mãe improvisava quando eu era criança. Quando não tinha nenhum doce, ela inventava de fazer um negócio que ficava duro, com consistência daquelas bolachas italianas que quebram os dentes. Fazia com uma concha colocada direto no fogo. Se não me falha a memória, punha água, açúcar e uma pitada de bicarbonato. Aquilo endurecia rapidinho na concha e ela tirava batendo a concha na pia. Ficava redondinho, abaulado. E a gente comia. E gostava. Não consigo lembrar o gosto daquilo. Agora, na distância, não me parece que seja alguma coisa realmente gostosa...

Outra lembrança saborosa é o jatobá que, digo hoje com toda certeza, é fruta de criança. Só criança pra comer aquela coisa empoeirada e grudenta. Doce, sem dúvida. Mas disgusting... Eu lembro de ficar sentadinha num degrau que, suponho que fosse da minha casa, comendo e me lambuzando com aquilo e achando maravilhoso. Conferindo com outras pessoas, mais tarde, todos eram unânimes. Jatobá é bom. Mas só criança consegue comer.

No fumódromo, hoje, a conversa rolou em torno de doces, que a Valerinha disse ter comido de montão durante o final de semana. Acho que foi isso, mais a caixa de cookies, que despertou a larica.

Preciso fazer algum exercício pra queimar tanto açúcar...

agosto 21, 2005

Plantão de domingo costuma ser aborrecido pela absoluta falta do que fazer. Notícias de economia, num domingo à noite? Nem pensar... Amanhã, sim, é dia de um monte de coisas. Mas das 8 às 18h00. Depois disso, também é difícil. Mas amanhã é outro dia e a gente tem mais é que se preocupar com o hoje, que ainda está rolando.

No começo, foi de correria. Compromisso de fazer pães e mais almoço, porque o neto e a filha vinham almoçar. E quando a gente acorda tarde, tem de correr atrás do prejuízo. No fim deu certo. Todo mundo almoçou bem, os pães ficaram ótimos. A filha, não deu tempo. Tinha de gravar. Mas o genro fez as honras. "Vovó, mudei de idéia. Quero macarrão!" Antes, ele tinha dito que não queria. Nem tem três anos e já sabe que tem o direito de mudar de idéia... Espero que ele exerça muito esse direito ao longo da vida. Mudar de idéia é um direito muito especial, em qualquer fase da vida. Mostra que está aberto para o novo, que pode aprender mais, apreender mais. Mostra movimento - e quem fica parado é poste e carro sem gasolina...

E mudanças parecem estar vindo. Um filho começa a trabalhar num horário totalmente esdrúxulo. Para ele, será uma mudança que, espero, seja o prenúncio de outras, melhores. O outro, começa a desenvolver um projeto novo na vida que, torço, vai desaguar em alguma coisa prazeirosa. O movimento está aí. Vamos ver o que vem pela frente.

E o dia, que deveria ser de preguiça, acabou sendo de muito trabalho. Mas passou depressa. Como espero que os próximos dias passem: bem rápido, pra chegar logo o final de semana de descanso.

Na verdade, é um contra-senso: não sou eu quem reclama o tempo todo de que o tempo passa depressa demais?

agosto 18, 2005

Quinta-feira e tudo foi bem. Será que era só cisma minha?

Provavelmente era. Mas continuo mantendo as barbas de molho...

E já que abri um novo post, acrescento mais um na lista que estará nas minhas orações: Antonio Fagundes. Que também mostra predileção por moças mais novas, mas não custa tentar, né?
No livro que estou lendo agora - o segundo da trilogia In the Garden, da Nora Roberts - o foco está sobre Rosalind Harper, a proprietária de Harper's House e do In the Garden, loja de plantas e flores. Diferentemente das outras personagens de Nora Roberts, esta tem 47 anos, três filhos adultos e dois casamentos no currículo. Mas - claro - trata-se de uma mulher forte e bonita. E, claro, está prestes a encontrar o homem que vai acompanhá-la na velhice. Na verdade, já encontrou: é um pesquisador com pouco mais de 50, que, pela descrição, está bem próximo do Sean Connery. Por que não aparece um desses pra mim?

Mas Rosalind - 'call me Roz' - está num momento de bem com a vida. Os filhos criados, um deles morando bem perto dela, a casa com crianças, oa negócios indo bem. E ela se pega pensando na aparência dela, fazendo uma auto-análise na frente do espelho. E conclui: aquela moça que aparece nas fotografias não é ela. É verdade, ela constata, que daquela moça para esta mulher passaram-se 30 anos...

É verdade. Daquela moça cuja foto está na minha carteira de trabalho (a primeira, claro!) para esta mulher que aqui escreve, são quase 40 anos. E, devo reconhecer, não são a mesma pessoa. Aquela tinha sonhos, vaidades, certezas, desejos. Esta também, mas outros. Alguns sonhos daquela viraram realidade para esta; outros ficaram pelo caminho porque perderam importânica e significado; outros, foram esmagados por circunstâncias. Mas esta ainda sonha, sonhos que em algum momento podem perder importância e significado, podem ser esmagados e podem até virar realidade. Tomara!!!

Roz tem 3 filhos, todos homens. Eu também, mas levo vantagem: tenho minha filha. E embora eu não goste de me comparar com personagem de livro - não dá pra comparar a vida da gente com a vida dos livros! - também me peguei pensando em como estou agora e em como seria bom ter alguém com quem compartilhar a velhice.

Um dos sonhos esmagados no caminho foi o de ter um companheiro de velhice, aquele para quem bastava trocar um olhar pra saber o que o outro estava pensando, para saber que não estava sozinha. Alguém para dividir o dia-a-dia, se indignar, rir, chorar, ficar feliz junto. No meu cenário, tudo se encaminhava para isso. Mas era o meu cenário e, pelo jeito, só meu mesmo.

Depois de cinco anos sem pensar no assunto e nem considerar a possibilidade, agora acho que, se aparecesse alguém, não ia ser ruim. Ainda não está no ponto de sair correndo atrás - nem há alguém pra se correr atrás.

Minha dúvida é se isso ainda é possível. E como gato escaldado tem medo de água fria (aliás, nem precisa ser escaldado, gato tem medo de água e pronto), acho que vou deixar tudo como está e entregar o futuro pra Deus. Mas não vai custar nada acrescentar nas minhas orações um pedido especial por uma versão do Sean Connery, só pra mim. Pode ser do Harrison Ford, mas este já mostrou que gosta mesmo das meninas mais novas. Ou, na linha contrária, um Gianechini também não cairia mal, mas acho que não tenho vocação pra comedora de criancinhas...

Bom, quem viver, verá...

agosto 16, 2005

Intervalo de edições - fechamos a Brasil, estamos com a SP engatilhada - é hora de escrever. Quer dizer, nem sempre. Às vezes, escrevo depois de fechadas as duas edições. Às vezes não escrevo. E hoje era um bom dia pra não escrever nada. Não tem assunto. Nada me inspirou.

E agora avisam que, como não muda nada pra SP, vamos ajudar a Política. Não gosto de política. E neste momento, então, quero mais é fugir dela. E, se a gente tivesse gente decente no poder, a política nem seria notícia. O que seria o correto. Mas quem mandou votar errado?

Na verdade, nem sei se foi errado mesmo. Não votei no senhor que está no poder, não votei no partido que se autointitulava bastião da moral e da ética e que agora está dando com os burros, os costados e se afogando em águas fedorentas. Mas fico pensando nas pessoas que votaram e que acreditavam que estavam escolhendo o caminho da moralização. O que será que se passa na cabeça delas?

Uma amiga petista disse que está cansada de ler "essas coisas que andam publicando". Exaltada, disse que "até parece que isso nunca aconteceu no país". Concordo. Tudo isso é mais velho do que a república e devia rolar até mesmo no tempo do império. Mas ninguém, em nenhum momento até agora, se declarou a pessoa que iria moralizar o governo. Estes foram os primeiros. E deu no que deu. Então, essa amiga petista está, na verdade, na fase da negação. Daqui a pouco ela vai descobrir que toda a campanha que ela fez era por uma coisa que não existia.

Qualquer cristão que lida com gente sabe que quanto mais pessoas você reúne, menos controle você tem sobre elas. Por isso, nenhum partido pode por a mão no fogo por ninguém que pertença aos seus quadros. Por isso, tolinhos e ingênuos os que acreditavam que só honestos estavam no PT... Ingênua e tolinha é minha amiga, que sabe-se lá até quando vai negar que o buraco era bem mais em baixo. Se a conheço, vai morrer fazendo questão de ignorar a sujeira sob o tapete.

E, ao que tudo indica, é lá mesmo que a sujeira vai ficar: sob o tapete. Não acredito em devassa, em processos e investigações a fundo. Todo mundo está envolvido, uns mais, outros menos, mas todos estão. Não vai sobrar nada pra contar a história e isso não pode acontecer em nenhum governo. Melhor, mais sábio, é deixar como está.

O povo pode espernear quanto quiser, desconfiar de quem for. Fica tudo como está, garanto. Mesmo que sejam trocados os nomes de todos os políticos eleitos daqui pra frente. Renovação geral pode ser uma solução, só acho que não há nomes suficientes para todos os cargos. Nomes íntegros, confiáveis. Quem é íntegro, confiável, não se mete numa enrascada dessas. E, se por acaso entra na enrascada, sai rapidinho porque não tem estômago pra segurar tanta sujeira.

Conheço um que fez isso. Mas não vai denunciar nada. Não adianta e ainda vai ser taxado de mentiroso. Se bobear, vão dizer que está contando isso tudo porque não lhe ofereceram o que esperava. Poucos o levariam a sério.

Diante disso, se fosse outro partido, ninguém daria muita bola. Mas... quem mandou posar de bonzinho?

agosto 15, 2005

Pois é, voltei. Um dia, a folga acaba. E é assim mesmo, a gente tem de voltar. Chato, mas normal.

Não doeu, pelo menos não muito. Dor física foi maior no massagista. A dor da volta não dói no físico, dói na alma. Pelo menos pra quem, como eu, não tem muito mais a dar por aqui. Mas, em compensação, ninguém pede mais do que já é dado. É justo.

Pelo menos a cabeça está em paz. E isso é muito. E está de bom tamanho.

Por outro lado, foi legal. Rever as pessoas, ter notícias dos outros, saber o que está se passando por aí. Não vai demorar muito pra rotina se instalar. Amanhã, com certeza.

É bom saber que as pessoas sentiram falta, guardaram coisas para minha volta. É bom saber que vieram perguntar, saber detalhes. O que ninguém sabe, acho, é que o saco estava estourando e que era preciso um break pra recompor as energias, que estavam todas tortas, fora de lugar.

Voltei ao compasso de espera, medido por períodos que vão da tarde para a noite, todos os dias, com folgas aos sábados e domingos. E, às vezes, com sábados e domingos. Mas isso faz parte do jogo. Que temos de continuar jogando.

Notícia triste pra mim é a saída de um amigo. Pra ele, não. Com certeza foi melhor sair. Pra ele, a vida ainda tem muita coisa reservada e ficar aqui seria fugir dessas coisas todas. Pra mim, que fico, vai ser uma ausência. E, tenho certeza, outros vão atrás. Outra regra da vida: a renovação acontece, com a gente e apesar da gente.

agosto 12, 2005

Sexta-feira veio, passou e já está indo embora. E minha maravilhosa semana de folga também. Agora, só tem mais o fim de semana e acabou. Que pena...

Mas hoje passei o dia com o neto, uma figurinha linda e macia. E com a filha, uma mulher bonita e forte e, ao mesmo tempo, tão frágil e delicada. E foi bom, muito bom. A vida deveria ter mais desses momentos alegres e tranqüilos.

Mas não posso reclamar de falta de momentos bons, alegres e tranqüilos. Foram muitos, felizmente. E sei que outros haverão, tão gratificantes quanto os de hoje. Felizmente.

No fundo, é tudo uma questão de se curtir o momento, de aproveitar o que está acontecendo, sem se preocupar com o que vem depois ou o que rolou antes. E, pelo que ando notando, cada vez menos gente se liga no momento, sempre de olho no que foi ou no que será. Ou pensando em coisas ruins que podem acontecer - isso é pior do que qualquer coisa.

Otimismo demais não funciona, mas pessimismo é pior. Minha filha escreveu no blog dela alguma coisa mais ou menos assim: 'quando a lagarta pensou que tudo tinha acabado, viu que tinha virado borboleta'. É isso, não se acaba, só muda. Por isso tem de ser aproveitado e curtido.

Mas frase boa mesmo pesquei no blog do meu filho: 'odeio quando você vai, mas adoro ver você indo'. Retirada diretamente da fala de um personagem de filme. Cafajeste? Talvez. Mas muito bem sacada!

Minhas visitas aos blogs estão rendendo excelentes coisas!

agosto 11, 2005

Quinta-feira, mesmo de folga, é bom colocar as barbas de molho junto com o lombo. Aliás, ele vai cada vez melhor. Passei boa parte do dia costurando. Melhor assim.

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Tenho três filhos. Amo todos eles - mas eu sou a mãe, está no meu papel fazer isso. Tem dia que gostaria de não ter nenhum, assim como tem dia em que gostaria de estar sozinha no mundo. Como já dizia alguém que trabalhou no jornal há algum tempo, tem dia que de noite é foda...
São três, cada um é um muito particular. Talvez a única coisa que tenham em comum sejam os pais. E o Corinthians, claro. Não gostaria que eles fossem iguais. Seria muito chato. Seria? Não sei. Não consigo pensar em duas pessoas iguais... Mas acho bom que eles sejam diferentes. Só gostaria que eles lembrassem que são diferentes e, por isso, têm pensamentos e pontos de vista diferentes. Sentem diferente, mostram esses sentimentos de forma diferente.
Assim é a humanidade, não é mesmo? Cada é um é um e, embora existam pontos em comum, a essência é outra. Eu posso aceitar que o outro goste de verde, mesmo que eu goste só de azul. Assim é com todo mundo, acho. E posso tentar entender o que o outro vê de tão especial no verde e não ache o azul tão maravilhoso quanto eu. Assim como posso explicar porque azul é o máximo e verde, nem tanto. E, se a gente pensar bem, um é resultado do outro e ambos são descendentes do branco, que não tem nada a ver com o peixe e nem foi discutido.
Ou seja, tudo é uma questão de conversar, de querer conversar e entender. De guardar as pedras no bolso, de abrir o punho fechado, de um fechar a boca e outro abrir os ouvidos e vice-versa.
Claro que nem sempre é possível. Nem sempre todos têm disposição. Mas...
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Tem um cururu americano na cidade, pra fazer palestra sobre liderança. O cara, cujo nome não lembro, entrou em crise profissional, familiar, pessoal. E foi se enfiar num mosteiro tibetano onde descobriu que o verdadeiro líder não comanda, mas serve os comandados. E agora sai pelo mundo apregoando a descoberta e reconhece que, embora o livro que escreveu esteja no topo da lista dos mais vendidos, muito pouca gente coloca em prática o que ele aconselha. Porque dá trabalho. Porque implica mudar a si mesmo - e aí entra o bom e velho 'eu sou assim, o que posso fazer?'.
Acho que vou procurar um mosteiro tibetano também...
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E como fazem as mães com cinco, seis filhos?

agosto 10, 2005

Não esqueci de colocar antes, não, é que não tinha nada a ver com o peixe. Mas a novidade é que cortei o cabelo. Cortei, não: tosei. Ficou repicadinho, arrepiadinho, uma graça. Adorei. Estava com vontade de fazer isso faz tempo. Hoje eu fiz.

Vai ter um monte de gente me dando bronca. Mas pouca gente sabe o tanto que eu detesto ficar me preocupando com cabelo. Taí, nascemos com ele, conservamos limpinho. Mas não precisa ser grande, nem ocupar horas do dia cuidando dele. Cabelo, pra mim, tem de ser lavado. E só.

De mais a mais, me deu vontade de mostrar a cara. Em todos os sentidos. Um pouco de rebeldia não faz mal a ninguém, em nenhum momento da vida, certo?

Mas não sei se vou conseguir ir mais longe do que o corte de cabelo...
Tem gente que acha que eu sou maluca, mas adoro tênis. O esporte, não o calçado. E, sempre que tenho chance, estou vendo algum jogo na televisão. Daí me acharem maluca. Parece que pouca gente curte ver tênis pela TV. Mas, pra ver as feras, tem de ser pela TV mesmo. Não tem outro jeito.

Hoje vi o velhinho Agassi batendo o Bjorkman, no Mastes Series do Canadá. O velhinho tem, acho, 35 anos. O Bjorkan tem 33. Jogaram muito. O Agassi ganhou. E não foi, em nenhum momento, um jogo de velhinhos. Tirando o velhinho japonês que vez 100 metros em 22 segundos, queria ver um velhinho de verdade aguentando o bombardeio e a correria que foi aquele jogo.

Aí, fiquei pensando como um cara pouco mais velho que meus filhos pode ser considerado velhinho. Bom, esporte parece ter dessas coisas. Qualquer cara com mais de 30 já é considerado 'passado'. E se a gente pensar que o primeiro do ranking acaba de completar 24 anos, dá pra entender porque 35 é muito. Se bem que, pelo andar da carruagem, acho que o Federer ainda vai me dar muito prazer. O cara joga muito - e com uma elegância e uma classe que raramente se vê nas quadras. E, de quebra, dizem que é um dos jogadores mais simpáticos do circuito. Além de ser uma festa para os olhos femininos...

Bom, então dá pra se concluir que velhice é uma questão de ponto de vista. Por isso é que eu digo que não existe velhice. Existe juventude acumulada. E, dependendo de como foi essa juventude, ela pesa pra caramba.

Então, tá explicado o cansaço que venho sentindo...

agosto 08, 2005

Postar de casa é novidade, pelo menos nos últimos tempos. É mais fácil eu escrever e fazer alguma coisa no computador do jornal. Matar o tempo que o Mesquita me paga. Uma coisa assim meio como gazetear aula...

Mas consegui a semaninha desejada. Tenho certeza quase absoluta que não vou voltar 100%, mas om certreza estarei melhor. Saco cheio a gente cura com afastamento. E isso eu estou tendo, na medida do possível...

Hoje fiz um monte de nada. Fui ao massagista - hoje eram os ombros e o pescoço que estavam prejudicados - e como doeu!!! O lombo vai se recuperando devagar. Esse trabalho de funilaria de fato tem de lento e gradual. Bom, tem algum tempo de estrago pra ser recuperado, não vai ser em meia dúzia de sessões que vou conseguir. Mas espero, sonho com a hora em que vou me movimentar sem sentir nada. Será que chego lá? Tomara!

Acertei três números da Megasena. Três não dá nada, só raiva. Mas não fiquei com raiva, não. Fiquei contente, esperançosa. Quem sabe não está perto o momento de ganhar alguma coisa? Tá bom, deixa eu sonhar em paz... Mas pelo menos eu sonho.

Já tenho tudo esquematizadinho na cabeça. Metade fica pra mim, a outra metade será dividida entre filhos, ex-maridos e irmãs. A prioridade para os meus gastos são minhas dívidas e minha casa (que não é uma dívida, é um pesadelo), nessa ordem. Se der, uma aplicação que me desobrigue do trabalhar, sem abrir mão dos meus pequenos luxos. Se sobrar, talvez uma casinha no litoral. Paraty ou Ilhabela, ainda vou resolver.

Não faço questão de que seja muita grana, embora, pra sonhar, é bom sonhar grandão. E sonhar economizando não é sonhar, é continuar com os pés no chão, o que é ridículo quando se sonha. E se saiu um prêmio de R$ 51 milhões pra um cururu só, porque não pode sair um de R$ 4 ou R$ 5 milhões só pra mim?

E como todo mundo vai estar mais ou menos garantido, vou pro mundo. Ver coisas que sempre tive vontade de ver, mas nunca tive como. Ou tive e deixei passar, sabe-se lá. Mas, desta vez, não escapa.

Enquanto isso, vou curtindo a semaninha com um monte de nada a fazer. Um hora eu consigo ter o resto da vida sem nada a fazer.

agosto 04, 2005

Acordei antes da hora costumeira, mas isso já está virando rotina. O sono vai embora mais cedo e volta mais cedo também, embora esteja indo dormir no horário de sempre. Abri os olhos e lembrei: quinta-feira. Ai, meu Deus!!!

Ainda fiz uma horinha, enrolei alguns minutos, mas a cama começou a ficar muito quente, tinha muitos gatos (tinha mesmo), eu queria um golão de água, a bexiga exigiu espaço. Levantei - e o mundo, aparentemente, estava bem e igual a ontem.

Tudo certo, tudo dentro da rotina, mas, pelo sim pelo não, estou pisando em ovos. É quinta-feira, aquele dia em que as coisas nunca correm bem e que meu humor vai pelo ralo junto com o banho que tomei ontem, antes de dormir. Enfiei o nariz no livro que estou lendo, não dei bola nem ouvi o que era dito à minha volta, fiz apenas perguntas e recomendações convencionais, dei respostas de praxe. Não vou correr riscos.

São mais de 18 horas e tudo corre bem. Se o humor não está um primor, também não está um horror. Tudo normal.

Acho que, desta vez, a quinta vai passar incólume... Mas vou botar as barbas de molho, bater um papo com meus botões e só botar a cabeça pra fora do buraco depois da meia-noite. Até lá, ainda será quinta-feira...

Que meda!!!

agosto 03, 2005

Não, não posso parar. Se eu páro, eu penso. Se penso, eu choro. O mundo tem de continuar girando, a lusitana rodando e eu tocando. Não posso parar.

Mas vou. Só preciso criar coragem e cara de pau suficiente para chegar no chefe e pedir uma semana das minhas férias. A partir de segunda, pra não largar o barco no meio da semana. Pra voltar na semana seguinte. Mas não quero pensar na volta. Cansa.

Estou cansada. É uma constatação. Preciso ficar quietinha no meu canto, me lambendo, cochilando, lendo, crochetando, qualquer ando que não vai rimar com trabalhando. Quero me enroscar em casa, sem ter de me arrumar, sem ter de conversar, de responder, de pensar. Virar samambaia e ficar na frente da televisão. Eu e meus gatos. Café da manhã, almoço, janta. Levantar e dormir.

De vez em quando, me espreguiçar pra mudar de lado. E só.

Como ficou assim? Sei lá... Ficou. Os motivos não importam, o que importa é que tem de ser consertado. Acho que de vez em quando a gente cansa mesmo. E conforme o excesso de juventude vai pesando, cansa mais depressa.

Viver pesa...

agosto 02, 2005

Li, com muita tristeza, o último post do Flávio, um menino muito querido, no Crocodilo Chan que ele mantém. O título, afrancesado, é 'c'est triste'. E é mesmo, muito triste. Ele fala de uma amiga russa, menina de 21 anos, que teve de fazer um transplante de fígado e não resistiu. Ele sabia que ela tinha de fazer essa cirurgia - mesmo lá da Austrália, onde estava até o final de junho, ele mantinha contato com ela via mensagens de celular. Só não sabia que em 10 de junho a menina tinha ido.

Escreveu um monte de e-mails e só agora teve uma resposta, do pai dela. E me ocorreu, de novo, que não é justo nem certo um pai ter de comunicar ao mundo a morte de uma filha. Não é natural. A gente aprende, desde pequeno, que todo mundo nasce, cresce, amadurece, envelhece e morre. Assim, o natural é que os mais novos enterrem os mais velhos. É assim que tem de ser. Não o contrário.

E como o contrário tem acontecido! Parece que cada vez mais o mundo é dos velhos. Os jovens, que já não são muitos, são mandados para guerras, enfrentam revoltas, são vítimas de balas perdidas e até de doenças que não deveriam ter. Alguns se deixam levar sem medo por vícios que abreviam suas vidas assustadoramente. E vão diminuindo em quantidade, tornando-se mercadoria cada vez mais preciosa. Na linha mercadológica da oferta e da procura, a procura está ficando maior, o que aumenta o valor da oferta. Na linha do raciocínio de vida, o mundo está ficando povoado de velhos...

Mas o que eu sinto mais passa bem longe da faixa etária média do mundo. Tem a ver com sentimento. Com dor. Com tristeza. A frase que eu escrevi um pouco mais acima, que nenhum pai deveria enterrar o filho, foi dita pelo meu então sogro, justo no dia em que enterrava o filho mais velho. Sem lágrimas, mas com profunda tristeza, veio a constatação: não é natural.

Voltei a lembrar da frase há alguns anos, quando uma amiga querida também teve de enterrar o filho, um príncipe de 18 anos que, descuidado, despencou de uma janela. Ela estava firme e bem até onde pode ficar bem uma mãe que perdeu o único filho. Explicava que ele tinha vindo pra alegrar a vida dela por um tempo e que tinha cumprido a missão com sucesso. Ela ficava agradecida pelo quinhão que teve. Mas eu sei que isso não pode ser verdade.

Pais não deveriam enterrar filhos, não deveriam perder filhos. Não é natural e deveria ser considerado ilegal. Assim como as estações do ano se sucedem, filhos ocupam o lugar dos pais. É assim que tem de ser, é o certo, é o natural.

Pais não deveriam enterrar filhos. Pra mim, isso não existe. Eu me recuso a acreditar que existe.

agosto 01, 2005

Já ia esquecendo de contar o resto do livro da Nora Roberts: Megan, de fato, fica com o professor Max Quartermain, não sem antes ter noites incendiárias com ele. O que me leva a uma outra retificação: as moças transam, sim, antes de casar. Mas com o cara com quem elas vão ficar no final. Se são dois na mesma história, é porque o primeiro morreu e a moça ficou viúva ou porque o casal se divorciou porque não tinha nada a ver um com o outro. O homem da vida da moça é o segundo - este, sim, alguma coisa que vale a pena.

Já comecei a ler ou segundo livro, que tem Suzanna e Megan. Suzanna é a irmã que falta encontrar O homem. Vai ser meio complicado, porque ela é divorciada e tem dois filhos. E agora descobriu que o ex-marido, quando se casou com ela, tinha engravidado uma mocinha que, por acaso, é irmã do marido de Amanda. Ou seja: fica tudo em família. E é essa mocinha, que acabou de chegar no pedaço para o casamento do irmão, que será a mocinha do último episódio: Megan. Ah, sim, O homem de Suzanna já apareceu. Holt, ex-policial de Nova York, com cara de bravo e irresistivelmente macho. E é Suzanna que vai encontrar o colar de diamantes da tal bisavó (já olhei no final). Com a ajuda de Holt, claro, que vem a ser o neto do homem por quem a tal bisavó era apaixonada...

Dá pra viver sem romance? De jeito nenhum!!!
Todo dia ele faz tudo sempre igual. Chama alguém pra ir com ele ao bar tomar "uma rapidinha". Só que nunca é uma só, embora o ritmo seja mesmo rápido. Mas ele chama pra desencargo de consciência. Ninguém vai. Mas ele vai, com ou sem companhia. Diz que vai compra cigarros, mas vai mesmo entornar uma, duas, três vodcas. Tem gente que me dá a impressão de ser movida a álcool. Este é um caso.

No fundo, é um solitário. Por ser insuportável. Divertido vê-lo esbravejar de vez em quando, xingar a máquina, a vida, o mundo. Impressiona a força com que ele manda algo ou alguém pra puta que o pariu. Dá a impressão de que ele quer mesmo que o algo ou alguém vá mesmo. Há quem ria sempre das reações dele. Eu tenho vontade de lhe dar uma martelada na cabeça. Fico furiosa.

O mais engraçado é que quando a gente o encontra num boteco ou vai com ele a um restaurante, ele muda da água para o vinho. E aí fica mais forte a sensação de que ele é realmente um solitário. A pena dura até o dia seguinte, quando ele vai trabalhar. Aí, volta a ser insuportável.

Tem gente que parece ter vindo ao mundo pra incomodar os outros. Este parece ser um destes casos...

Houve tempo em que isso tudo não me impressionava e não me incomodava. Mas acho que o tempo vai acumulando essas coisas e chega uma hora em que não tem espaço pra mais na cabeça da gente. Em alguns casos, não tem espaço nem quando se é jovem. Em outros, a paciência ainda dura um bocado. Estranha essa seleção que a própria cabeça faz. Mas deve ser o sentido de auto-preservação que vai ficando mais forte à medida que os anos passam.

Pena que a gente não possa eliminar sumariamente do convívio diário essas pessoas que nos incomodam...

julho 29, 2005

Só pra retificar: já li a trilogia do sonho, sim. Mas faz um tempão e nem lembrava dela... Ou será que é tudo tão igual que a gente acaba confundindo uma coisa com a outra?

Hi, hi, hi, hi... ;-))))
A quinta passou, mas o mau humor ficou. E eu não vou ficar procurando desculpas pra ele. Tá aí, pronto. Azar de quem passar por perto e olhar torto.

Pra refrescar um pouco, aliviar outro tanto, pratico a leitura em inglês com uma senhora que escreve muito. Não em qualidade, em quantidade. É aquela leitura que enche os olhos e esvazia a cabeça, coisa de Julias e Sabrinas - quem conhece, sabe do que estou falando. A autora em questão é Norah Roberts, segundo a contracapa do livro, campeã de vendas segundo a lista do New York Times. De fato, pelo que eu soube dela, vende quem nem água - o site da Cultura diz que são mais de 127 milhões de cópias, entre os vários títulos. E, entre os leitores dela, me incluo. E agora, em inglês.

Na verdade, não é tão ruim. Os livros são bem traduzidos, as histórias são mais ou menos as mesmas do tipo moça conhece moço, brigam um monte, se desentendem, se beijam, não transam (às vezes, transam, sim) e, no fim, descobrem que estão perdidamente apaixonados e que um não consegue viver sem o outro e se casam. The end. O que vale, o que muda são os cenários.

Tudo isso, no fundo, é desculpa pra justificar porque gosto de ler essa senhora. A principal, já disse: enche os olhos, esvazia a cabeça. Mas me peguei pensando como ela faz para ter essa produção imensa. Embora não seja necessária muita imaginação pra criar aquele esquema de história, há que se criar situações diferentes, locais diferentes, profissões diferentes.

Software que desenvolve histórias a partir de personagens dado pelo autor? Pensei nisso. O mais louco é que ela cria trilogias, quadrilogias, pentalogias. A que estou lendo agora, por exemplo, é a história de cinco mulheres. Três num livro, duas em outro. Pra cada uma, uma história diferente (?). Li a trilogia do coração (Coração do Mar, Lágrimas da Lua e Diamantes do Sol) e fiquei fascinada com o cenário mágico da Irlanda, com a história construída a partir de uma lenda de uma região que nem sei se existe. Na trilogia da magia (Entre o Céu e a Terra, Dançando no Ar e Enfrentando o Fogo), ela vai para o litoral da Nova Inglaterra, região que sempre me fascinou por causa das descrições que já li. E as mulheres são bruxas! Não li ainda a trilogia do sonho (Um Sonho de Amor, Um Sonho de Vida e Um Sonho de Esperança) , mas pode apostar que logo, logo, esses vão para minha cabeceira.

Agora, é a família Calhoun que me distrai. Catherine, Amanda e Lilah no primeiro; Suzanne e Megan no segundo. Catherine, Amanda, Lilah e Suzanne são irmãs. Megan, só vou descobrir quando chegar no segundo livro. Ainda estou no primeiro, começando a ler a história de Amanda. Mas já sei que tudo vai girar em torno de uma residência construída por um antepassado das irmãs em algum lugar a beira-mar perto de Boston, onde deve estar escondido um preciosíssimo colar de diamantes que pertenceu à bisavó delas, que se suicidou. Catherine já fisgou um marido magnífico, Amanda acaba de conhecer o pretendente dela. Pelo resumo da contracapa, Lilah será conquistada por um professor de sobrenome.... Quartermain! Sugestivo, né? Pois...

Dei muita risada numa pesquisa que fiz sobre Norah Roberts na internet, que classifica os livros dela de bull shit. Acho que pra muita gente, é isso mesmo. E, pelo tanto que vende, desconfio que o bull shit cai no gosto popular, lá e cá.