outubro 09, 2002

Mais um tempão sem colocar nada no ar. Mas aí foi mesmo cansaço. Naquela história de que o trabalho enobrece o homem, deviam ter deixado as mulheres de fora. A tese de uma amiga minha de que o trabalho feminino é invenção de um cara que estava procurando mão de obra barata e competente deve estar certa. O pior é a gente é tão burra que caiu nessa conversa de igualdade. Ou seja: espertas, pero no mucho, verdad? E ainda quer contar vantagem...

Foi uma semana bem punk, com o raio das eleições. Com muito desgaste, muita encheção de saco, muita discussão, muito calo pisado, muito sapo engolido. É sempre assim quando tem um evento que envolve gente de várias correntes de pensamento. O exercício da democracia cansa. O pior é que cada um faz a defesa do seu candidato em verdadeiros comícios privados e fica bravo se o outro não concorda. Que é do respeito ao pensamento alheio? Na verdade, acho que todo mundo pensa que o outro não pensa...

Mais grave, porém, é que daqui algum tempo, quando alguém já estiver eleito, todo mundo vai xingá-lo por algum bom motivo. Porque é impossível contentar gregos e troianos num país que tem ainda atenienses, tebanos, sírios, judeus, brancos, pretos, vermelhos, amarelos e outros menos votados. Quem tem dois dedos de inteligência sabe que vai sobrar pra boa e velha classe mérdia – nós. E aí, vai reclamar pra quem?

Agora a gente deve ter duas semanas de refresco. Aí começa tudo de novo, mas acaba em seguida. Graças a Deus. A estas alturas do campeonato, quero que tudo acabe em pizza porque não aguento mais. Dá pra pedir uma kaiser antes? De qualquer forma, já estamos no talo, uns mais, outros menos, mas todos em torno de.

E aí é que a coisa começa a ficar perigosa porque o cansaço não deixa o bom senso entrar em ação com a presteza de costume. A cabeça pára, mas a língua continua – e sai de baixo! É tempo de os ouvidos virarem penico, literalmente, porque a quantidade de merda que nos é imposta obriga todos a ter um esquema de descarga rápida e eficiente, sob pena de entupir e se afogar na bosta. Com o perdão das más palavras, a escatologia às vezes é a melhor forma de descrever alguma coisa...

Melhor coisa é se aliviar jogando Tetris, vendo as séries na TV e lendo coisas que enchem os olhos e esvaziam a cabeça. Já liquidei com o segundo Artemis Fowl (incrível como esse menino faz força pra ser ruim!) e com a Identidade Bourne (estou pronta pra criticar o filme, quando chegar por aqui). Agora estou atacando os irmãos Baudelaire, a série dos irmãos mais infelizes do mundo. Afinal, preciso de insumos pra quando Caleu chegar. Não pretendo contar só a história da Branca de Neve pra ele, não. Tem de ter muito mais...

Coitado do moleque, nem nasceu e já está condenado a ser intelectual. Só falta ser chato...