julho 10, 2009

Morte e doação


Pintou um trabalho que toca num assunto delicado: doação de órgãos. Delicado porque, para se falar nisso, tem-se necessariamente de se falar em morte – as doações de órgãos em vida são poucas e quase sempre entre familiares próximos. E se o caso é salvar alguém próximo e querido, a gente nem discute. Faz e pronto.

É estranha essa relação com a morte – melhor seria dizer não-relação – que os ocidentais têm. Se eu digo “quando eu morrer”, ninguém me deixa terminar a frase. Nunca entendi direito o porque disso. Será que as pessoas acham que se a gente falar no assunto estará chamando a morte? Mas não é ela uma etapa da vida? Não aprendemos todos na escola que qualquer ser vivo nasce, cresce, amadurece e morre?

Os orientais têm uma relação diferente. Para os japoneses, então, chega a ser meio absurda, até meio louca. A vida não tem muito valor para eles. Pensando melhor, tem valor, sim. E muito. Só não é maior do que viver de forma honrada e digna. Isso, sim, vale mais do que qualquer coisa.

Honra e dignidade são conceitos com cheiro de mofo nos dias atuais e só aparecem em histórias que se passam em tempos antigos. E, geralmente, as pessoas até acham imbecil o mocinho da história, tão cheio de honra e dignidade...

Mas não queria falar sobre as diferenças de ocidentais e orientais. Já vivi no meio dessa confusão tempo bastante pra não ter de esquentar a cabeça com isso. As coisas são como são, não tem discussão.

O que eu queria contar, mesmo, é que descobri, nesse começo de pesquisas, que não adianta deixar escrito ou ter um documento dizendo que você é doador de órgãos. Depois que você foi para o outro lado, seu corpo é propriedade das pessoas de sua família. E são elas que vão autorizar ou não a doação de seus órgãos.

O trabalho em que me meti faz parte de uma campanha justamente para esclarecer as pessoas que elas devem autorizar a doação de órgãos. E para avisar os doadores que eles têm de alertar a família sobre sua condição, deixar claro que quer que seus órgãos sejam doados.

Bom, já tem muito tempo que eu aviso meu pessoal que é pra doar tudo de meu que for aproveitável, para outro ser humano ou para estudos (neste caso, tenho certeza de que meu pulmão de fumante vai deliciar estudantes de medicina). O que sobrar, é pra queimar e depois espalhar as cinzas no jardim do crematório.

Já falo nisso faz tempo, mas não custa reforçar...

* * * * *

O
Brad Pitt está aí, ilustrando este post porque não conheço morte mais bonita. Se for como o Joe Black dele, uh-la-la!!!

julho 07, 2009

Semana gorda


Terça-feira de sol – tempo bom e firme, conforme diria meu pai – e agora, descansada e com o distanciamento devido, posso dizer que a semana passada foi pesada, mas muito boa. Começou sábado, ainda junho, com o show da Coralie Clement – francesinha miúda de voz doce, um show gostoso, deu até pra dançar. Saí do Sescão de alma leve, feliz, feliz...

Aí veio a semana, com alguma promessa de trabalho (algumas coisas estão a caminho). Saí de casa na quarta, bem cedinho e fui ficar com a filha e com o neto. Dois dias fora, voltei na sexta de manhã, depois de passar o neto para o avô. E lá fui eu rever e almoçar com amigas queridas. Acabou que recebi algumas encomendas de cachecóis e flores de lã... Já comecei a fazer.

No meio disso tudo, tinha um jantar com as velhinhas (mais amigas queridas), ao qual não fui. Não iria, mesmo que não tivesse de ficar com o neto: tinha ingresso comprado para ver o Jake Shimabukuro, o havaiano mago do ukelele. Mas não fui, não na quinta. Fui no sábado, com o filho. Adorei cada minuto. O homem é um demônio quando toca. Pequenino (ele é menor do que eu!!!), vira gigante. Você não vê a mão dele, de tão rápido que se movimenta. E o sorriso é contagiante – ele ama o que faz. Super-simpático: conversou com a gente (o Fa já tinha batido um longo papo com ele na quinta), confessou-se impressionado com o público (e nem tinha tanta gente...), prometeu que voltaria a Sampa com mais tempo. Tomara que venha mesmo!

Aqui, eu posto um vídeo dele tocando “Dragon”, talvez a minha favorita. Ele contou que compôs a música pensando em Bruce Lee. Eu acho que só uma pessoa muito doce veria tanta suavidade em Bruce Lee – e olhe que adoro filmes de artes marciais chinesas.

Mas ganhei um CD autografado do filho e muitos abraços de Jake.

Aloha!