fevereiro 23, 2009

Lembranças


Clint Eastwood é a cara de Robert Kinkaid; Francesca Johnson é Meryl Streep. Fuçando livros comprados e não lidos, atrás de alguma coisa para encher o tempo, encontrei Os Caminhos da Lembrança, uma espécie de complemento de As Pontes de Madison – os dois de Robert James Waller. Não queria histórias de crimes e mistério, então achei que a escolha estava perfeita. Foi mais do que isso.

Li As Pontes de Madison há muito, muito tempo – acho que mais ou menos o mesmo tempo que se passa entre o final da história entre Robert e Francesca e o final do livro. Lembro que estávamos em férias em algum bom lugar com piscina – li o livro sentada à beira da piscina e fiquei pensando se alguém percebeu as lágrimas escorrendo no meu rosto enquanto lia. Chorei por Francesca, pela vida que ela escolheu e pela escolha que fez. Chorei pela rotina, que ela repetiu com Robert com um outro significado porque ela era outra mulher – aquela que viveu por apenas quatro dias, mas que era mais ela. E porque sabia que ela ia continuar presa naquela rotina, vivendo de lembranças desta outra mulher, escondendo essas lembranças, cultivando-as. Os filhos brincavam por perto, então tratei de me recompor rapidinho e deixei a leitura para depois, na segurança do quarto e na paz das crianças dormindo...

Os Caminhos da Lembrança conta o que aconteceu com Robert e com Francesca nos 16 anos em que estiveram afastados, sem ter notícias um do outro. No final de As Pontes de Madison, a gente sabe que ele morre e deixa uma caixa de lembranças para ela. E sabe que ela sempre teve importância na vida dele – o quanto, só se descobre com o segundo livro. Porque ele nunca deixou de amá-la, mesmo vivendo longe, mesmo sem saber como ela estava. E ela, da mesma forma, tirava da lembrança dos quatro dias as forças para continuar vivendo.

O segundo livro, acabei de descobrir que está esgotado, é tão doce e melancólico quanto o primeiro. Talvez até mais, porque depois do filme Robert e Francesca ganharam uma cara, transformaram-se em personagens de carne e osso depois do filme. Aposentado, cansado, Robert decide voltar à ponte Roseman, que Francesca continua visitando diariamente.

A gente sabe que eles não se reencontram – o primeiro livro já contou isso -, mas é assustador saber que alguns minutos poderiam ter mudado tudo. A gente sabe da inevitabilidade da vida – mas ela não poderia ter andado um pouco mais depressa ou ele, mais devagar?

Claro que chorei...

fevereiro 22, 2009

El Mareo


Bajofondo é o novo tango. O grupo tem o argentino Gustavo Santaolalla, aquele que ganhou dois Oscars de trilha sonora original por O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e Babel (2006), além do BAFTA por Diários de Motocicleta (2004).

O disco é lindo - Mar Dulce - e não canso de ouvir. Mas El Mareo, com a voz de Gustavo Cerati, tem tudo a ver com meu momento de agora.

Asi son las cosas / amargas borrosas / son fotos veladas / de un tiempo mejor

Música de adeus, melancólica e emocionada, mas vibrante e pra cima.

Eu ainda chego lá!


Avanzo y escribo
decido el camino
las ganas que quedan se marchan
con vos

Se apaga el deseo
ya no me entreveo
y hablar es lo
que se me da mejor

Con los ojos no te veo
se que se me viene el mareo
y es entonces
cuando quiero
salir a caminar

Con los ojos no te veo
se que se me viene el mareo
y es entonces
cuando quiero
salir a caminar

El aire me ciega
hay vidrio en la arena
ya no me da pena
dejarte un adios

Asi son las cosas
amargas borrosas
son fotos veladas
de un tiempo mejor

Con los ojos no te veo
se que se me viene el mareo
y es entonces
cuando quiero
salir a caminar

Con los ojos no te veo
se que se me viene el mareo
y es entonces
cuando quiero
salir a caminar

El aire me ciega
hay vidrio en la arena
ya no me da pena
dejarte un adios

Asi son las cosas
amargas borrosas
son fotos veladas
de un tiempo mejor

Con los ojos no te veo
se que se me viene el mareo
y es entonces
cuando quiero
salir a caminar

Con los ojos no te veo
se que se me viene el mareo
y es entonces
cuando quiero
salir a caminar