dezembro 10, 2006

Eles são meninos. Meninos mesmo. Universitários recentes, alguns nem chegaram nos 20. Teve um que me abraçou e – juro!!! – senti cheirinho de creme dental, igual como sentia quando abraçava meus filhos há alguns anos.

Parênteses: acho que meus filhos ainda levam o cheiro de pasta de dente, mas a gente não se abraça e nem se vê mais com tanta freqüência. O tempo passa... Fecha parênteses.

Eles são meninos, mas são muito, muito sérios. De longe, observando as brincadeiras e os risos, parecem meninos como os outros. Fico pensando se nessas horas eles estão falando das meninas, fazendo aqueles comentários impróprios tão comuns aos meninos da idade deles. Tenho minhas dúvidas.

Eles são meninos, mas já realizam projetos, transformam idéias em realidade, falam em transformar o mundo e projetam um futuro em que “movimento estudantil” não vai corresponder a um bando de rebeldes sem causa. A primeira vez que ouvi essa frase fiquei chocada e pensei no movimento estudantil que vivi e presenciei nos longínquos anos 60. Nada a ver. A referência deles é outra – e, realmente, é a dos rebeldes sem causa. E, nos anos 60, eles não eram nem projeto dos que pregavam revolução.

Eles são competitivos, mas pensam no futuro de olho na igualdade social e no que eles podem fazer agora para ajudar os outros. Não querem dar o peixe, querem ensinar a pescar. Citam Kennedy e Roosevelt com a maior desenvoltura. Têm plena consciência do que representam e da minoria que são.

Minha filha diz que são os meus pupilos. Eles me ensinam coisas, me entusiasmam, me dão injeção de ânimo, me mostram que existe luz no fim do túnel. Se a grande maioria dos jovens, hoje, está perdida, sem trabalho e sem futuro, esses são a exceção que certamente fará a diferença.

Quem viver, verá...