agosto 04, 2005

Acordei antes da hora costumeira, mas isso já está virando rotina. O sono vai embora mais cedo e volta mais cedo também, embora esteja indo dormir no horário de sempre. Abri os olhos e lembrei: quinta-feira. Ai, meu Deus!!!

Ainda fiz uma horinha, enrolei alguns minutos, mas a cama começou a ficar muito quente, tinha muitos gatos (tinha mesmo), eu queria um golão de água, a bexiga exigiu espaço. Levantei - e o mundo, aparentemente, estava bem e igual a ontem.

Tudo certo, tudo dentro da rotina, mas, pelo sim pelo não, estou pisando em ovos. É quinta-feira, aquele dia em que as coisas nunca correm bem e que meu humor vai pelo ralo junto com o banho que tomei ontem, antes de dormir. Enfiei o nariz no livro que estou lendo, não dei bola nem ouvi o que era dito à minha volta, fiz apenas perguntas e recomendações convencionais, dei respostas de praxe. Não vou correr riscos.

São mais de 18 horas e tudo corre bem. Se o humor não está um primor, também não está um horror. Tudo normal.

Acho que, desta vez, a quinta vai passar incólume... Mas vou botar as barbas de molho, bater um papo com meus botões e só botar a cabeça pra fora do buraco depois da meia-noite. Até lá, ainda será quinta-feira...

Que meda!!!

agosto 03, 2005

Não, não posso parar. Se eu páro, eu penso. Se penso, eu choro. O mundo tem de continuar girando, a lusitana rodando e eu tocando. Não posso parar.

Mas vou. Só preciso criar coragem e cara de pau suficiente para chegar no chefe e pedir uma semana das minhas férias. A partir de segunda, pra não largar o barco no meio da semana. Pra voltar na semana seguinte. Mas não quero pensar na volta. Cansa.

Estou cansada. É uma constatação. Preciso ficar quietinha no meu canto, me lambendo, cochilando, lendo, crochetando, qualquer ando que não vai rimar com trabalhando. Quero me enroscar em casa, sem ter de me arrumar, sem ter de conversar, de responder, de pensar. Virar samambaia e ficar na frente da televisão. Eu e meus gatos. Café da manhã, almoço, janta. Levantar e dormir.

De vez em quando, me espreguiçar pra mudar de lado. E só.

Como ficou assim? Sei lá... Ficou. Os motivos não importam, o que importa é que tem de ser consertado. Acho que de vez em quando a gente cansa mesmo. E conforme o excesso de juventude vai pesando, cansa mais depressa.

Viver pesa...

agosto 02, 2005

Li, com muita tristeza, o último post do Flávio, um menino muito querido, no Crocodilo Chan que ele mantém. O título, afrancesado, é 'c'est triste'. E é mesmo, muito triste. Ele fala de uma amiga russa, menina de 21 anos, que teve de fazer um transplante de fígado e não resistiu. Ele sabia que ela tinha de fazer essa cirurgia - mesmo lá da Austrália, onde estava até o final de junho, ele mantinha contato com ela via mensagens de celular. Só não sabia que em 10 de junho a menina tinha ido.

Escreveu um monte de e-mails e só agora teve uma resposta, do pai dela. E me ocorreu, de novo, que não é justo nem certo um pai ter de comunicar ao mundo a morte de uma filha. Não é natural. A gente aprende, desde pequeno, que todo mundo nasce, cresce, amadurece, envelhece e morre. Assim, o natural é que os mais novos enterrem os mais velhos. É assim que tem de ser. Não o contrário.

E como o contrário tem acontecido! Parece que cada vez mais o mundo é dos velhos. Os jovens, que já não são muitos, são mandados para guerras, enfrentam revoltas, são vítimas de balas perdidas e até de doenças que não deveriam ter. Alguns se deixam levar sem medo por vícios que abreviam suas vidas assustadoramente. E vão diminuindo em quantidade, tornando-se mercadoria cada vez mais preciosa. Na linha mercadológica da oferta e da procura, a procura está ficando maior, o que aumenta o valor da oferta. Na linha do raciocínio de vida, o mundo está ficando povoado de velhos...

Mas o que eu sinto mais passa bem longe da faixa etária média do mundo. Tem a ver com sentimento. Com dor. Com tristeza. A frase que eu escrevi um pouco mais acima, que nenhum pai deveria enterrar o filho, foi dita pelo meu então sogro, justo no dia em que enterrava o filho mais velho. Sem lágrimas, mas com profunda tristeza, veio a constatação: não é natural.

Voltei a lembrar da frase há alguns anos, quando uma amiga querida também teve de enterrar o filho, um príncipe de 18 anos que, descuidado, despencou de uma janela. Ela estava firme e bem até onde pode ficar bem uma mãe que perdeu o único filho. Explicava que ele tinha vindo pra alegrar a vida dela por um tempo e que tinha cumprido a missão com sucesso. Ela ficava agradecida pelo quinhão que teve. Mas eu sei que isso não pode ser verdade.

Pais não deveriam enterrar filhos, não deveriam perder filhos. Não é natural e deveria ser considerado ilegal. Assim como as estações do ano se sucedem, filhos ocupam o lugar dos pais. É assim que tem de ser, é o certo, é o natural.

Pais não deveriam enterrar filhos. Pra mim, isso não existe. Eu me recuso a acreditar que existe.

agosto 01, 2005

Já ia esquecendo de contar o resto do livro da Nora Roberts: Megan, de fato, fica com o professor Max Quartermain, não sem antes ter noites incendiárias com ele. O que me leva a uma outra retificação: as moças transam, sim, antes de casar. Mas com o cara com quem elas vão ficar no final. Se são dois na mesma história, é porque o primeiro morreu e a moça ficou viúva ou porque o casal se divorciou porque não tinha nada a ver um com o outro. O homem da vida da moça é o segundo - este, sim, alguma coisa que vale a pena.

Já comecei a ler ou segundo livro, que tem Suzanna e Megan. Suzanna é a irmã que falta encontrar O homem. Vai ser meio complicado, porque ela é divorciada e tem dois filhos. E agora descobriu que o ex-marido, quando se casou com ela, tinha engravidado uma mocinha que, por acaso, é irmã do marido de Amanda. Ou seja: fica tudo em família. E é essa mocinha, que acabou de chegar no pedaço para o casamento do irmão, que será a mocinha do último episódio: Megan. Ah, sim, O homem de Suzanna já apareceu. Holt, ex-policial de Nova York, com cara de bravo e irresistivelmente macho. E é Suzanna que vai encontrar o colar de diamantes da tal bisavó (já olhei no final). Com a ajuda de Holt, claro, que vem a ser o neto do homem por quem a tal bisavó era apaixonada...

Dá pra viver sem romance? De jeito nenhum!!!
Todo dia ele faz tudo sempre igual. Chama alguém pra ir com ele ao bar tomar "uma rapidinha". Só que nunca é uma só, embora o ritmo seja mesmo rápido. Mas ele chama pra desencargo de consciência. Ninguém vai. Mas ele vai, com ou sem companhia. Diz que vai compra cigarros, mas vai mesmo entornar uma, duas, três vodcas. Tem gente que me dá a impressão de ser movida a álcool. Este é um caso.

No fundo, é um solitário. Por ser insuportável. Divertido vê-lo esbravejar de vez em quando, xingar a máquina, a vida, o mundo. Impressiona a força com que ele manda algo ou alguém pra puta que o pariu. Dá a impressão de que ele quer mesmo que o algo ou alguém vá mesmo. Há quem ria sempre das reações dele. Eu tenho vontade de lhe dar uma martelada na cabeça. Fico furiosa.

O mais engraçado é que quando a gente o encontra num boteco ou vai com ele a um restaurante, ele muda da água para o vinho. E aí fica mais forte a sensação de que ele é realmente um solitário. A pena dura até o dia seguinte, quando ele vai trabalhar. Aí, volta a ser insuportável.

Tem gente que parece ter vindo ao mundo pra incomodar os outros. Este parece ser um destes casos...

Houve tempo em que isso tudo não me impressionava e não me incomodava. Mas acho que o tempo vai acumulando essas coisas e chega uma hora em que não tem espaço pra mais na cabeça da gente. Em alguns casos, não tem espaço nem quando se é jovem. Em outros, a paciência ainda dura um bocado. Estranha essa seleção que a própria cabeça faz. Mas deve ser o sentido de auto-preservação que vai ficando mais forte à medida que os anos passam.

Pena que a gente não possa eliminar sumariamente do convívio diário essas pessoas que nos incomodam...