maio 09, 2007


De vaidade e frio


“Mas você usa todos os dias?”

A pergunta da filha, referindo-se ao gel de banho que pedi para o dia das mães, me remeteu à minha mãe. Todas as noites ela aplicava um creme no rosto – Madame Juju, lembro até hoje, embora não saiba se é assim mesmo que se escreve. Era um creme japonês, que custava caríssimo. Tradicionalmente, fazíamos uma vaquinha e meu pai ia comprar o tal creme na Liberdade. Suspeito que ele completava o valor total do potinho que – acreditem! – durava até maio do ano seguinte. Também, ela usava uma porção mínima, diria microscópica. Mas toda noite ela usava.

Minha mãe conseguia lembrar, todas as noites, de usar o creme. E punha batom todos os dias. Eu não consigo. O máximo de vaidade que consigo exercer é usar xampus e sabonetes especiais (como o tal gel) – banho é coisa que a gente toma todos os dias, não é verdade? Faço unha uma vez por semana, mas raramente uso esmalte (demora a secar e acabo borrando logo na saída do salão) e corto os cabelos pelo menos a cada dois meses, justamente para não ter trabalho com eles. E posso até pensar em fazer mais, mas não consigo.

Acho bonito quem se cuida, se arruma, se põe bonita. Vaidade, dizem, é componente da mulher. Mas, como em tudo na natureza, alguns tem mais e outros tem menos...

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Ele chegou!!! O frio esperado, aguardado ansiosamente, finalmente está aí. Sei que muita gente vai fazer cara feia, mas eu adoro. Caminhando na Marginal, com o vento frio e forte no rosto, me senti superbem. Viva. O frio faz bem ao espírito. O corpo agradece.

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A alma também agradece e fica emocionada pela manhã: a filha manda, nesta semana, um cartão virtual todos os dias pelo dia das mães.

Isso aquece o coração e anima a gente a enfrentar dias chatos...