julho 05, 2006

Já é julho, mês de férias. Criançada em casa, pais não têm férias.

Eu não tinha férias, mas estou descansando. No post passado, disse que era bom sair um pouco da Economia. Saí de vez. Já disse antes, e repito: cuidado com o que você deseja, você pode conseguir...

Consegui, parece. Um passaralho rápido (rápido pra mim, que já estou fora, tem gente lá sofrendo, ainda, com medo de ser apanhado) e pronto: estou fora. De vez. Out. Mais uma vez.

Junto com o reconfortante pensamento de que não preciso voltar mais, que agora o meu tempo volta a ser meu, ficou o desconforto de ser descartada por ser velha. Ultrapassada. Sem mais serventia. Eu já vinha achando que estava mesmo ultrapassada para o métier, mas não pensei que a constatação ia doer tanto... Junto com isso, vem a inevitável indagação: será que ainda sirvo pra algum lugar? Nessa parte, quem viver, verá. Quem sabe não vou ter de começar outra coisa?

Minha mãe tinha quase 50 anos quando teve de sair de casa pra batalhar a vida costurando pra fora. E depois de algum tempo, foi quem sustentou a casa. Ela costumava me dizer que nunca tinha imaginado que um dia fosse viver de costuras. E muito menos que essas costuras iriam garantir a comida na mesa. A pequena Hatsue era forte, uma gigante diante da vida. Espero que, se for preciso, eu tenha herdado um pouco da fibra dela pra começar de novo e garantir a comida na mesa.

O bom foram as manifestações de solidariedade e de amizade. Posso não ter aprendido muito nesse período, mas acho que fiz mais amigos. E isso é bom.

O bom também – mas sofrido – é que agora eu tenho de decidir o que fazer de minha vida. Ainda vai demorar uns dias, que eu me dei pra não pensar no futuro. A merda é que todo dia seguinte é futuro... Mudanças são boas, sempre. Chacoalham a gente, fazem com que a pessoa se sinta viva.

Mas já não era hora de eu assentar e me preocupar só se vou acordar amanhã?

Seja o que Deus quiser.... Ou, na melhor linha Scarlett O'Hara, amanhã eu penso nisso...