março 30, 2006

Chego em casa, tranqüila, desavisada. Nesses momentos, sempre acho uma pena não saber assoviar, porque aí seria mesmo perfeito. Chegar em casa sempre é bom. Hoje não foi.

Susto, sobressalto, a senhora tem de ligar pro seu coisa e pra fulaninha, porque eles estão preocupados, tá todo mundo nervoso, achando que a senhora foi seqüestrada. Eu?!?! Mas eu estava logo ali... Bom, mas isso ninguém sabe porque o coisa e a fulaninha estavam bem longe e nem sabiam o que eu estava fazendo...

Resumo da ópera: o coisa, ex-marido, recebeu uma ligação de um cara dizendo que estava com a mulher dele e que a senhora em questão estava muito nervosa. Não sei se pediram resgate, dinheiro, ajuda, ou sei lá mais o que. Mas o coisa ligou pra casa, ligou para a atual senhora coisa, cuja estava tranqüila e sossegada cuidando da vida dela. Bom, se não é ela, é a anterior... Aí ligou pra cá e a minha boa Adelina disse que eu tinha ido fazer uma entrevista e que ainda não tinha chegado. Se eu não estava em casa, então, a coisa podia ser comigo. Ligou pra fulaninha, a filha, que pra entrar em pânico não precisa muito. Ela sabia onde eu estava, ligou pra empresa e a secretária do cururu entrevistado disse que eu tinha saído de lá há uma meia hora. Trinta minutos não é tempo pra eu chegar em casa, vindo de ônibus, mas fulaninha é estressada e liga aqui pra casa e aproveita pra deixar Adelina apavorada. Seqüestraram dona Lê!!! Pânico geral por uns 10 minutos. Aí eu chego. Era pra ser uma chegada quase perfeita...

Todo mundo sossegado, ligações calmantes realizadas, conversas tranqüilizantes conversadas, fiquei pensando que de fato tem gente que se aproveita do pânico no mundo pra faturar algum. Acho que já comentei aqui mesmo que a grande doença do século é o medo. E parece que não chega a gente viver com medo, tem de aturar esse tipo de coisa, de criaturas sem escrúpulos.

Claro que demos muita risada porque a coisa deu em nada, estava tudo bem. Mas imagino como seria se eu resolvesse me demorar um pouco mais na rua. Bom, não ia mudar muito, porque tenho o hábito de avisar se resolvo desviar do roteiro original. Ou se me atraso, por algum motivo. Pra isso serve o celular que carrego zelosamente – desligado, é verdade, mas carrego – na bolsa. Se não costumasse avisar, o que muita gente faz, aí, sim, a coisa ia ser feia...

Repetindo um monte de gente, em que mundo estamos...

março 29, 2006

Me conta um colega do JT, altamente entendido em flores e plantas, que as flores brancas são as que geralmente desabrocham à noite e têm perfume. Porque são polinizadas por insetos, que são ativos à noite, têm vista ruim e olfato bom. Isso a propósito da minha maravilhosa dama da noite que, ele me contou, é também conhecida por flor de baile, porque dura exatamente o tempo de um baile (dos tempos antigos, claro, que começavam às 22 e iam até as 4 da manhã), e por causa da delicadeza e requinte do seu formato (claro que isso se refere a um tempo em baile era uma coisa requintada e que as moças eram consideradas delicadas). Não é chiquíssimo?

Contou-me, ainda, que Darwin, sem conhecer o bicho, predisse que havia um inseto de tromba muito comprida, porque só assim seria possível polinizar uma orquídea de esporos muito longos. Algum tempo depois, um botânico descobriu uma borboleta que, de fato, tinha uma tromba muito longa e era responsável pela polinização da tal orquídea. A bichinha ganhou aquele nome científico chique, que não lembro mais qual é, mas tem nele o termo ‘predicta’, por causa de Darwin.

Outra coisa que fiquei sabendo é que a ora-pro-nobis que vive ameaçando tirar o sol da Ig, de tanto que cresce, dá flor. Muito bonita, por sinal, mas não conheço flor feia. Nunca vi a tal flor do ora-pro-nobis – e desconfio que as podas constantes não deixam tempo para a planta florescer. Segundo o cururu entendido em flores e plantas, também é uma flor que dura pouco. Agora fiquei curiosa. Vou podar a trepadeira, mas vou deixar uns galhos compridões só pra ver se ele floresce. Problema é que essas folhas, refogadas, ficam uma delícia!!!

Esse colega ficou de me dar mudas de um cacto que também dá flores brancas noturnas e efêmeras. E de um outro cacto, cujas flores aparecem em zigue-zague.

A natureza cuida dos seus seres. Ainda bem que tem alguém que cuida...

*_*

E não tem nada a ver com flores, plantas e natureza, mas esqueci de contar outro avanço tecnológico que me deixou boquiaberta. Me senti assim no meio de um desses seriados que a gente cansa de ver nas Warner e Sony da vida. "Oi, estou aqui no escritório e você está no viva-voz. Minha sócia está aqui do lado, pra participar da entrevista, ok?" - isso foi o primeiro episódio. No segundo, o cururu saca o celular, liga pra uma pessoa pra confirmar uma informação e deixa o aparelho ligado sobre a mesa, com a pessoa falando do lado de lá e conversando com a gente do lado de cá.

Sempre achei meio complicado fazer entrevista por telefone. Gosto de olhar para a cara da pessoa com quem estou conversando, sacar alguma reação, algum movimento, observar os tiques nervosos que o entrevistado nem percebe que tem. Agora, com esse negócio de botar um monte de gente conversando com você ao mesmo tempo, parece que meu gosto se tornou antiquado demais.

Acho que eu estou antiquada...

março 28, 2006

A secretária, poderosa, recomendou: ele está com a agenda apertada, então você tem de chegar pontualmente às 10. Até antes, se possível. A gente não discute com secretária mandona - a gente obedece.

Era do outro lado da cidade, metrô e ônibus dava quase duas horas. Mas acordei de madrugada e cheguei antes das 10, às 9h45. E, claro, o cururu chefe da secretária mandona não tinha chegado ainda. Ligou, disse que estava preso no trânsito. Chegou por volta de 10h30, pediu desculpas - pelo menos é educado...

Executivos, bah!!!

Sentadinha na recepção para um chá de cadeira de 45 minutos - e o prédio era non smoking, existe isso no Brasil, o mundo está perdido!!! - tinha um monte de neguinho entrando. Saindo também, mas era mais entrando. A esmagadora maioria de mochila nas costas e cara de nerd. 60% orientais. Toda a força ao yellow power! Lembrei da mochila que o filho carrega pro trabalho todos os dias, com o lanche, porque não tem nenhum lugar pra se comer durante a madrugada lá, onde ele trabalha.

Pensei que os meninos da empresa eram previdentes. Ali, do outro lado da cidade, também não tem muito lugar pra se comer. Ingenuidade minha. Depois me contaram que os funcionários todos carregam os respectivos laptops de casa para o trabalho e vice-versa. Quer dizer, não era lanche coisa nenhuma. Era trabalho mesmo.

Outra coisa curiosa é a tecnologia dos crachás. Todos têm o seu - e está certo. Mas um carrega num fio pendurado no pescoço e se curva pra passar o cartão na catraca da entrada (eletrônica, claro!). Outro traz pendurado no cós da calça e tira para entrar. E tem aqueles que usam uma espécie de molinete, com o cartão preso na ponta da linha, que se solta e volta a se enrolar conforme é puxado. Fiquei deslumbrada. É a tecnologia de ponta chegando aos crachás. Agora também quero um desses...

E como faço pra ir embora?