dezembro 08, 2005

Leonado Da Vinci que me perdoe. Ele disse que “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”. Medo e arrependimento, não tenho. Mas eu cansei. Não dá pra ter sempre as mesmas velhas e conhecidas coisas, sem novidades? No news are good news. É isso aí.

Mas a cabeça da gente funciona sempre a mil. E começa a se perder em coisas muito loucas. No metrô, outro dia, comecei a prestar atenção em alguns nichos que existem ao longo dos túneis. E imediatamente lembrei daqueles filmes que se passam nos metrôs americanos, onde sempre tem uns cururus que comem, dormem e vivem em nichos semelhantes. E conhecem todos os atalhos, todos os caminhos, para todos os lugares, em todos os túneis. E, claro, sempre ajudam o herói a se safar de alguma confusão. Se bem que, sem confusão, não tem herói...

Juro que cheguei até a ver alguns nichos iluminados com mesa e bancos de madeira. Não vi, mas imaginei um grupo de pessoas almoçando ali, batendo um papo animado enquanto as composições passam, vão e vêm... Em outros, abertos, obviamente para garantir a circulação de ar nos túneis, imaginei um velhinho cuidando de vasos plantados com ervas aromáticas e de temperos. Mas desconfio que a incidência de sol, ali, é muito pouca pra isso. Mas na imaginação, pode.

Ao longo dos túneis sempre tem um corredor estreito, como se fosse uma calçada estreita, com corrimão. Lembro que na inauguração do metrô – juro que estava lá, nos idos de 1972 – o pessoal da Cia. do Metropolitano explicou que aquele corredor serviria em caso de necessidade de as pessoas abandonarem as composições. Através daquele corredor, todo mundo chegaria às estações, sem problemas nem atropelos. Nunca soube que tivessem sido usados – acho que foram, mas não fiquei sabendo. A cidade tem inúmeras histórias de falta de luz e composições que falham, então os corredores devem ter servido... E certamente as composições não foram abandonadas sem atropelos...

Mas em 1972, quando foi realizada a viagem inaugural do metrô, tudo era novidade. O ano foi do Sesquicentenário da Independência – justo quando trouxeram de volta ao Brasil os despojos de D. Pedro I, que agora repousa no mausoléu do Ipiranga. A matéria que escrevi da primeira viagem do metrô, na época, foi apenas mais uma das tantas publicadas em todos os jornais da cidade.

Dizia-se, naquela época, que o metrô estaria devidamente incorporado à cidade quando passasse a ser ponto de encontro de casais de namorados ou de reunião de amigos. Quando virasse palco de brigas. Quando tivesse um filme rodado dentro dele. Ou, ainda, de referência para explicar os caminhos para se chegar em algum lugar.

O metrô ainda está em construção e tudo isso já aconteceu. Decididamente, o metrô já está incorporado à cidade...