setembro 06, 2006

Nascem mais ervas no chão
Do que flores no meu jardim
Regadas pela solidão
Que só tu plantaste em mim
Caem as folhas no Verão
Recobrem o teu roseiral
Não encontro explicação
para este outono anormal
Deito as sementes à terra
Espero que cresçam enfim
Como cresceu o amor
Que já tiveste por mim
Mas passam-se luas e luas
Passa a chuva o sol e o vento
E só nasce um pensamento
Sem cor, só de um tom cinzento
Pergunto-me se alguém
Sentiu tamanha tristeza
Que até baralha também
As forças da natureza

Não, não é o que eu sinto, mas acho tão bonito que quis registrar. A música é do Madredeus, do disco Faluas do Tejo. Nem sempre curto as músicas do Madredeus, acho que às vezes eles extrapolam na melancolia e acaba virando tristeza mesmo. E os portugueses podem não ser exuberantes, mas certamente não são tristes. Mas este disco está muito lindo e particularmente esta música (No Meu Jardim – Sementes à Terra) mexe comigo. Vai ver que é porque junta jardim, amor, solidão...

Nos últimos dias, por força de uma série de circunstâncias, tenho exercitado a solidão, coisa que raramente fiz na vida. Lembro de momentos em que tudo o que eu queria era ficar quieta, sozinha. Nem sempre conseguia e os poucos momentos sempre foram valorizados. Pra mim, é importante ter um momento de solidão. Não a solidão aquela triste, solitária, desesperançada. Mas a solidão de quietude, introspecção, de fazer companhia a si mesma. Não é nem pra analisar o momento, colocar tudo em ordem.

A solidão que eu experimento agora não era desejada, mas é bem-vinda. Posso até reclamar dela, mas – garanto – faz mais bem do que mal. Sei que não estou só, embora não tenha
nenhum humano comigo (os gatos, estão todos por perto).

A alegria nem sempre precisa de companhia....

setembro 03, 2006

Então, é assim: dia de sol fraquinho, mas claro. Dizem que vem por aí uma massa de ar polar que vai baixar as temperaturas – mas claro que isso será no final da tarde, quando eu estiver saindo do meu “castigo”. Trabalhar no final de semana, ninguém merece. Mas eu acho que joguei pedra na cruz e bati na mãe em encarnações passadas. Não consigo me livrar disso.

Tá, aqui é mais espaçado, é um a cada sete – o próximo já está marcado, será em 21 e 22 de outubro. Será que ainda estarei por aqui? Sei não. Meu contrato é temporário, até acabarem as eleições. E como o cara que estou substituindo foi dar assessoria pro Alckmin, desconfio que meu emprego acaba na primeira semana de outubro. Claro que torço pra que não, não pelo emprego, mas pelo Alckmin. Vamos esperar pra ver, de qualquer forma. Pode ser até que surja alguma coisa que me tire daqui antes mesmo das eleições (toc, toc, toc, pé de pato mangalô três vezes!)...

Aí é assim: a gente chega às 10h00 e vai embora às 18h00. E fica sozinho praticamente o dia inteiro, atendendo um ou outro telefonema de algum repórter que acha que tem notícia no final de semana. Sábado ainda dá pra sair, almoçar em algum lugar. Domingo, sem chance. Restaurante no Centro não abre aos domingos. Ninguém vem ao Centro comer no domingo. Ninguém faz compras no Centro aos domingos: o Shopping Light nem abre, assim como as lojas da 25 de Março. O Centro só funciona de segunda a sexta. No mais, está morto.

Meu treino de solidão está cada vez mais intenso...