setembro 06, 2006

Nascem mais ervas no chão
Do que flores no meu jardim
Regadas pela solidão
Que só tu plantaste em mim
Caem as folhas no Verão
Recobrem o teu roseiral
Não encontro explicação
para este outono anormal
Deito as sementes à terra
Espero que cresçam enfim
Como cresceu o amor
Que já tiveste por mim
Mas passam-se luas e luas
Passa a chuva o sol e o vento
E só nasce um pensamento
Sem cor, só de um tom cinzento
Pergunto-me se alguém
Sentiu tamanha tristeza
Que até baralha também
As forças da natureza

Não, não é o que eu sinto, mas acho tão bonito que quis registrar. A música é do Madredeus, do disco Faluas do Tejo. Nem sempre curto as músicas do Madredeus, acho que às vezes eles extrapolam na melancolia e acaba virando tristeza mesmo. E os portugueses podem não ser exuberantes, mas certamente não são tristes. Mas este disco está muito lindo e particularmente esta música (No Meu Jardim – Sementes à Terra) mexe comigo. Vai ver que é porque junta jardim, amor, solidão...

Nos últimos dias, por força de uma série de circunstâncias, tenho exercitado a solidão, coisa que raramente fiz na vida. Lembro de momentos em que tudo o que eu queria era ficar quieta, sozinha. Nem sempre conseguia e os poucos momentos sempre foram valorizados. Pra mim, é importante ter um momento de solidão. Não a solidão aquela triste, solitária, desesperançada. Mas a solidão de quietude, introspecção, de fazer companhia a si mesma. Não é nem pra analisar o momento, colocar tudo em ordem.

A solidão que eu experimento agora não era desejada, mas é bem-vinda. Posso até reclamar dela, mas – garanto – faz mais bem do que mal. Sei que não estou só, embora não tenha
nenhum humano comigo (os gatos, estão todos por perto).

A alegria nem sempre precisa de companhia....

1 comentário:

wicca disse...

é que os portugueses acham bonito ser triste : ) eu entendo. em madredeus é bem difícil de entender o português...