maio 18, 2006

Coloquei um cartaz na minha mesa: Quero de volta a minha cidade!!!

Porque isso que estava por aí nos últimos dois dias não era a minha cidade. Era um arremedo.

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Parece que as coisas estão voltando ao normal. Na hora em que a gente vê o povo brincando, tirando sarro das coisas que aconteceram, é sinal de que a vida voltou à rotina. Hoje, no ônibus, o maior sarro era da cara do sujeito que vendeu a fita pro PCC por R$ 200,00. Era unanimidade: se é pra se sujar, que seja por, no mínimo, R$ 1 milhão...

Na feira e nas calçadas, os camelôs fazem abatimento: “Foi o Marcola que mandou”, dizem.

Que bom que a minha cidade está voltando!

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... E quando a gente só quer se lamentar, além de não ser ouvida, é interrompida e podada. Toma bronca. Como alguém se atreve a se lamentar pra mim, diante dos enormes e importantes problemas que estou enfrentando?

Parece que ultimamente os problemas dos outros são sempre menores do que os da gente.

E ‘a gente’, aqui, não sou eu, não...

Por via das dúvidas, por questão de segurança, pro público externo, não tenho problemas e nem porque lamentar as coisas que acontecem.

Xô, urubu!!!

maio 15, 2006

Aí, a cidade parou. Quer dizer, não parou – mas bem que tentaram. Um boato a cada dez segundos, cinco minutos para se espalhar e cinco horas pra ser desmentido. O povo tem reações muito doidas em situações de caos.

Toque de recolher às 20h00? Nunca ouvi falar nisso. Sempre que tem toque de recolher é a partir das 22h00. E, numa cidade como São Paulo, não dá pra se ter uma decisão dessas no meio da tarde para ser colocada em prática na mesma noite. Era só pensar com um pouco de lógica pra se saber disso. Mas a lógica fica bem longe num dia como o de hoje.

Me disseram que alguma boa autoridade ouvida ao longo do dia aconselhou as pessoas a ficarem em casa depois das 8 da noite por uma questão de prudência. E foi preciso só uma emissora de rádio entender e anunciar isso como toque de recolher. Dali cinco minutos a cidade estava em pânico. O desmentido veio depois, mas aí já era tarde.

Fica a lição: com a polícia desorganizada e o crime meio organizado, não seria melhor trocar as bolas?

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Mas ontem foi dia bom. Dia das mães. Ganhei presentes, fiquei junto com os filhos e o neto. Foi bom, foi lindo.

E antes de sair de casa pra ir à casa da filha, uma surpresa: as vizinhas vieram bater à minha porta com uma coisa fofa e branca, perguntando se era minha. Não era. Pena. Mas a bichinha ficou em casa. Meiga, carinhosa, doida por um colinho. Era só a gente sentar pra ela se aboletar. À noite, a dona apareceu e levou. Disse que a bichinha tem 4 anos e não sabe como ela escapou de um quintal todo telado. É telado em cima, também? Não, mas ela é gorda, não consegue escalar. A dona, pelo jeito, tem muito a aprender sobre gatos...

Pena. Mas, por outro lado, alívio.

Acho que é sinal do meu Chiquinho da porta que já tem gato demais em casa...

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Aliás, ganhei um Chiquinho novo. Lindo, com um gatinho do lado! E uma caneca de gatinho. E um par de pantufas forradas de pele, quentinhas, quentinhas. E uma camisolinha. E um monte de cortes de feltro.

Vou poder tomar chá quentinho, vestida de camisolinha quentinha, calçada de pantufas quentinhas, costurando coisas com feltro.

Felicidade é ter um inverno com coisas quentinhas...