agosto 23, 2005

Não lembro de isso já ter acontecido comigo. Mas hoje, agora, aconteceu. Escrevi um montão e, na hora de publicar, deu pau. Não foi. Acabou fondo. Pior é que nem lembro do que escrevi, o que mostra a importância da coisa...

Sumiu, foi. E se estivesse ali o texto ideal que uma editora procurasse? E se lá estivesse a garantia do meu futuro? E se alguém que descobrisse naquelas palavras a resposta para algum problema sério? Não estava, claro. Mas sumiu e eu fico muito brava quando isso acontece. Começo a achar que é alguma coisa pessoal, porque nunca ninguém me contou que teve problemas em publicar um blog e a coisa acontece comigo. Será que o blogger não gosta mais de mim?

Essa coisa de internet é mesmo muito maluca. O Flávio disse no blog dele que blog serve de terapia. É verdade. É terapia, é descoberta. Acho que é por isso que, apesar de ter um blog desde 2002, fiquei vários períodos sem escrever nada. Provavelmente - não lembro - eram períodos em que eu tinha me descoberto e não precisava procurar. Ou foi mesmo saco cheio, o que é mais provável...

Mas aquele deve estar em algum lugar no tal cyberespaço e isso me faz lembrar uma crônica do Matthew Shirts, que sumiu. Ele mandou a crônica pra cá e, quando viu, tinha sido publicada uma que já havia sido publicada um mês antes. A que ele achou que mandou, sumiu. Ele continua procurando até hoje... Diz meu chefe que na segunda vez é mais fácil - ele dizia isso quando a gente trabalhava na revista Imprensa e o sistema era louco pra dar sumiço nas coisas que a gente escrevia. Não servia muito de consolo, mas pelo menos não se perdia o bom humor. E a gente escrevia tudo de novo.

Não vou fazer isso. O que vai agora, se for, será diferente do que se perdeu. E sempre penso que as coisas acontecem por algum bom motivo. Quem sabe aquele não era pra ser publicado mesmo? Vai que, sem querer, ia pisar no calo de alguém? Acho que não, mas nunca se sabe...

Aquele já ficou velho...
Dando uma olhada nos posts anteriores, descobri (lembrei) que tenho esse blog desde 2002. Faz tempo, nossa!!! É verdade que passei algum tempo fora do ar, voltei, saí de novo... Mas tem coisas que escrevi que nem lembrava. Mas a proposta inicial era colocar alguma coisa da minha história e acrescentar alguns comentários sobre o mundo e a vida, sobre o momento, sobre tudo. Pretensão e água benta, cada um toma quanto quer - e eu achei que em algum momento haveria algum interesse de alguma pessoa sobre isso tudo. Bom, acho que meus filhos dão uma olhada nisso, de vez em quando... e eu me divirto, o que é mais importante.

Manhã de costura me fez lembrar de novo de minha mãe. Que era costureira - e das boas. Tinha uma infinidade enorme de freguesas, todas japonesas, japonesas mesmo, daquelas que não falam português. Quando ela ficou doente e parou de costurar, algumas ligavam pra ela de vez em quando pra saber como ela estava. E era um sufoco atender a esses telefonemas. Japonês nunca foi meu forte, nem meu fraco. Eu não sei mesmo...

Se bem que teve uma época na vida em que eu tinha de me virar no japonês. Era quando o meu avô era vivo - ele morreu quando eu tinha uns 12/13 anos. O velhinho - minha mãe era a cara dele - mal falava português. Então, o jeito era improvisar no japonês pra conversar com ele. Mas não falava muito, não. E ele mesmo evitava de falar muito com a gente, porque sabia que não ia rolar muita conversa. Uma pena, porque tenho certeza de que ele tinha um monte de histórias pra contar. Depois que ele morreu, só voltei a arranhar meu japonês quando estava em Paris e fui abordada por umas turistas japonesas dentro de um banco. Gelei, mas no fim deu certo. E até hoje me pergunto por que elas vieram falar comigo, se tinham outros orientais lá dentro...

Hoje em dia brinco de falar japonês com a Nair, que senta aqui do meu lado na redação. E, de vez em quando, com o Tom Morooka. Mas os dois falam muito mais do que eu e eu acabo respondendo em português mesmo. E me pego tendo uns lampejos de vontade de aprender mais. Idéia que abandono logo em seguida, porque não tenho mais paciência nem memória pra aprender mais nada. Este HD já lotou, não tem mais espaço pra colocar memória, o equipamento é um 386, já está muito antigo e não tem recuperação.

Como ainda dá pro gasto, vai ficando...

agosto 22, 2005

Semana começa com massagista logo cedo. Dolorido, mas bom. O lombo, pelo jeito, sarou. Ou quase, vamos esperar pra ver como rola a semana. Ainda tinha uns pontinhos pra mexer. Ele mexeu. Ai!!!!

Mas teve uma coisa muito boa: ganhei uma caixa de cookies sortidos da Kopenhagen. Delícia!!! Vou levar alguns pra casa - os outros, comi aqui aqui mesmo. Meu filho diz que estou ficando igual minha mãe, bem formigona. Ainda não estou igualzinha, mas, nesse ritmo, chego lá. E eu que quase não comia doces... Mas à noite, depois de comer alguma coisa em casa, bate uma necessidade de de doce. E saio eu pela casa atrás de alguma coisa com açúcar. Não precisa ser chocolate, não. Basta ser docinho. Não melado. Docinho. Hummmmm!!!

Minha mãe era assim. Chegou ao ponto de abrir lata de leite condensado porque não tinha mais nada doce na casa dela. Quando veio morar comigo, adorava ganhar docinhos. Em especial, as balas de goma da Brunela. "Pontan-amê", ela chamava. As balas são boas mesmo. Faz tempo que não como. Acho que vou atrás de uma Brunela qualquer hora pra matar saudades. Ainda existe a Brunela?

Eu tenho ciclos. Teve o período das pipoquinhas de canjica. E tinha de ser a Nhac, que a gente só encontra no Carrefour. À noite, na frente da televisão, eu dava cabo de quase um pacotão, sozinha. E os meninos tiravam altos sarros da minha cara. Mas a Nahc é mesmo irresistível. Aqui, o pessoal dá cabo de três pacotões, brincando. Mas tem muita gente comendo. "Pipoca de isopor", definem.

Outro doce que gosto é arroz doce. Dizia a vó Cecília que arroz doce é doce de homem. Que ela não conhecia nenhum homem que não gostasse. E, nesse campo, ela tinha algum conhecimento. Casou três vezes, enviuvou três vezes. E quase vai pela quarta vez. O velhinho que pediu a mão dela em casamento, lá em Jacareí, quando ela já estava com 80 e alguns, acabou morrendo dois meses depois do pedido. E ela, dando risada, comentava: "Já imaginou? Eu ia ficar viúva mais uma vez!"

Vó Cecília fazia sonhos divinos. E nunca ninguém conseguia fazer a receita dela. Mesmo porque não tinha receita. "Olha, põe o trigo, um pouco de fermento, mistura o leite e vai batendo. Põe os ovos e continua batendo. Eu ponho um pouco de erva doce pra dar um perfume..." Quantidade? Ela não tinha. Ia tudo no olho e na mão. Tentei uma vez, ficou duro. Tentei outra, a massa ficou tão mole que desmanchava na frigideira. Fiquei nos bolinhos de chuva que esses, pelo menos, davam certo...

E agora me veio à lembrança um doce que minha mãe improvisava quando eu era criança. Quando não tinha nenhum doce, ela inventava de fazer um negócio que ficava duro, com consistência daquelas bolachas italianas que quebram os dentes. Fazia com uma concha colocada direto no fogo. Se não me falha a memória, punha água, açúcar e uma pitada de bicarbonato. Aquilo endurecia rapidinho na concha e ela tirava batendo a concha na pia. Ficava redondinho, abaulado. E a gente comia. E gostava. Não consigo lembrar o gosto daquilo. Agora, na distância, não me parece que seja alguma coisa realmente gostosa...

Outra lembrança saborosa é o jatobá que, digo hoje com toda certeza, é fruta de criança. Só criança pra comer aquela coisa empoeirada e grudenta. Doce, sem dúvida. Mas disgusting... Eu lembro de ficar sentadinha num degrau que, suponho que fosse da minha casa, comendo e me lambuzando com aquilo e achando maravilhoso. Conferindo com outras pessoas, mais tarde, todos eram unânimes. Jatobá é bom. Mas só criança consegue comer.

No fumódromo, hoje, a conversa rolou em torno de doces, que a Valerinha disse ter comido de montão durante o final de semana. Acho que foi isso, mais a caixa de cookies, que despertou a larica.

Preciso fazer algum exercício pra queimar tanto açúcar...

agosto 21, 2005

Plantão de domingo costuma ser aborrecido pela absoluta falta do que fazer. Notícias de economia, num domingo à noite? Nem pensar... Amanhã, sim, é dia de um monte de coisas. Mas das 8 às 18h00. Depois disso, também é difícil. Mas amanhã é outro dia e a gente tem mais é que se preocupar com o hoje, que ainda está rolando.

No começo, foi de correria. Compromisso de fazer pães e mais almoço, porque o neto e a filha vinham almoçar. E quando a gente acorda tarde, tem de correr atrás do prejuízo. No fim deu certo. Todo mundo almoçou bem, os pães ficaram ótimos. A filha, não deu tempo. Tinha de gravar. Mas o genro fez as honras. "Vovó, mudei de idéia. Quero macarrão!" Antes, ele tinha dito que não queria. Nem tem três anos e já sabe que tem o direito de mudar de idéia... Espero que ele exerça muito esse direito ao longo da vida. Mudar de idéia é um direito muito especial, em qualquer fase da vida. Mostra que está aberto para o novo, que pode aprender mais, apreender mais. Mostra movimento - e quem fica parado é poste e carro sem gasolina...

E mudanças parecem estar vindo. Um filho começa a trabalhar num horário totalmente esdrúxulo. Para ele, será uma mudança que, espero, seja o prenúncio de outras, melhores. O outro, começa a desenvolver um projeto novo na vida que, torço, vai desaguar em alguma coisa prazeirosa. O movimento está aí. Vamos ver o que vem pela frente.

E o dia, que deveria ser de preguiça, acabou sendo de muito trabalho. Mas passou depressa. Como espero que os próximos dias passem: bem rápido, pra chegar logo o final de semana de descanso.

Na verdade, é um contra-senso: não sou eu quem reclama o tempo todo de que o tempo passa depressa demais?