setembro 01, 2005

A quinta começou na quarta à noite e, junto, teve início meu inferno astral. É mole ou quer mais? Ou, como diz uma amiga minha, dá pra tomar uma Kaiser antes? Não gosto de Kaiser, mas a idéia é essa.

E como quinta começou na quarta, não preguei o olho por boa parte da noite. Quando consegui dormir, quase dia, enterrei o plano de fazer supermercado. Não dá pra puxar dois carrinhos com as compras do mês morrendo de sono. Nesses casos, melhor mesmo é suspender tudo e chamar uma porção de fritas. Bom disso tudo é que hoje vou dormir que nem criancinha, pesada e tranqüilamente. Só não vou virar na cama como Caleu, porque costumo dormir quietinha - 'Parece morta!', reclama minha filha.

Sempre achei que essa coisa de inferno astral não é pra se levar a sério. É uma excelente desculpa para um monte de coisas, sem dúvida. Mas trinta dias seguidos sob o risco de acontecerem coisas ruins é um pouco demais. Ninguém pode ser tão azarado assim. Ninguém é tão azarado assim.

Mas como não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, o final do inferno astral é o aniversário da gente. Festa, doces, presentes, carinhos, tudo de bom. Então, não fica tão ruim encarar um período adverso. É verdade que se fica um ano mais velha mas, a estas alturas do campeonato, um ano a mais é uma vitória e um marco. E é bom aproveitar, porque nunca se sabe do dia de amanhã, muito menos do ano que vem.

Junto com a quinta e o inferno astral, entrou setembro, o mês que considero mais bonito. Junto com as promessas de calor, geralmente mais bem cumpridas do que se tem necessidade, chegam as flores. E a vida fica linda, colorida, alegre.

Dá até pra acreditar que a felicidade existe - e eu tenho certeza de que ela existe.

agosto 29, 2005

Anos atrás (muitos) entrevistei o Pedro Bial, que tinha acabado de lançar um livro. Minha pauta era um perfil sobre aquele que, naquele momento, era um dos homens mais cobiçados do País. Sinceramente? Bonito ele é. Mas é chato. Ou se faz de, o que dá na mesmo. Mas uma coisa que ele me disse ficou grudado na minha cabeça. Falávamos sobre esportes e ele disse que em época de Olimpíada ele queria se transformar numa samambaia, daquelas que a gente pendura na sala, em frente à televisão. Pra só ficar vendo Olimpíada. Achei a comparação ótima e passei a usá-la.


Pois, nestas duas semanas eu queria virar samambaia e ficar pendurada na frente da televisão. Porque é período de US Open. Agora, por exemplo, joga um ninguém (o romeno Razvan Sabau) contra o Agassi. E eu só posso dar uma filadinha na TV de vez em quando, vendo os resultados pelo scoreboard do site oficial do torneio. Ainda bem que a transmissão começa ao meio-dia, todos os dias. Então, alguma coisa dá pra acompanhar de casa. Já printei a tabela do masculino, que é o que me interessa. E vamos anotando os resultados.

Mudando de assunto de pato a a elefante (a mudança é bem mais radical do que de pato a ganso) tem umas coisas muito estranhas minhocando na minha cabeça ultimamente. Não é um único pensamento, são várias coisas que vão se cruzando, igual aquelas conversas em que uma coisa puxa outra, que puxa outra, que vai pra outra. E a gente não conclui nenhuma delas.

A grande vantagem das cabeças viajantes é que elas pulam de Barcelona pra Nova York, de São Francisco para Recife num segundo. A desvantagem é que é mais fácil viajar por terras já conhecidas. Então, a variação não é tão grande como a gente gostaria. Bom, é verdade que nunca fui para a Grécia, mas freqüentemente que pego tomando um copinho de ouzo naquela praia onde Shirley Valentine, a do cinema, foi parar. Ali ela pede que uma mesa seja colocada de frente para o mar e fica olhando, fruindo o momento. E se sentindo livre. Não deve ser difícil se sentir livre num lugar como aquele... Aliás, o mar da Grécia já apareceu em trocentos filmes. Mas, pra mim, ele fica muito, muito especial em Shirley Valentine.

Mas as viagens que minha cabeça anda fazendo não tem nada a ver com lugares. Tem a ver com planos, projetos, presente, futuro. Nada tem a ver com a realidade. Mas ainda não me atrevo a chamar isso tudo de sonhos.

Por enquanto, são só vontades.

E não é que me vi de novo em Cadaqués?