outubro 16, 2007


Novela

Vou encher lingüiça pra fazer sumir o último post. Ainda faz mal ler sobre aquilo, embora escrever tenha dado um certo alívio. Mas ler significa voltar ao momento ruim. Xô!

Agora tem a novela campineira. Seguinte: no começo do mês fui encarregada de fazer um suplemento sobre a cidade de Campinas. E a condição básica para a elaboração desse suplemento – informe publicitário – era entrevistar o prefeito. No dia em que peguei o serviço fui informada que a tal entrevista estava marcada logo para o dia seguinte. Mas era fim de tarde, eu já tinha outros compromissos para o dia seguinte e não poderia ir. Me disseram pra fazer contato com uma moça da Prefeitura, que ela seria a fonte e faria a ponte com o prefeito. Liguei – e a moça não sabia de nada. Nem de suplemento, nem de entrevista...

O tempo está passando, a entrevista já foi marcada e desmarcada (eu já estava a caminho de Campinas e tive de voltar pra trás, em plena véspera do feriadão, no meio do trânsito todo). Parece que hoje vai. Lá vou eu, com a filha (minha repórter favorita), a campinho de Campinas. Rezando pra dar tudo certo, porque o tal suplemento tem de estar nas ruas na semana que vem. E são 10 páginas pra serem preenchidas, com texto, foto e diabaquatro. Se tudo der certo, muita coisa pode vir nessa esteira. E a minha brava 2M10 pode dar uma guinada e passar a existir de forma mais ativa.

E não contei antes, mas vale o registro: o cônsul Nishibayashi fala inglês com entonação de japonês. Se a gente não prestar atenção, acha que ele está falando japonês mesmo... Mas o jantar foi muito bom: comida boa, vinho bom, papo agradável. Valeu.

E teve o finde na casa da filha, na Ilhabela. Lugar perfeito pra fugir do mundo. Os janelões se abrem para o mar e eu fiquei horas sentada na frente de um deles, o da cozinha, só olhando, enchendo os olhos daquele infinito todo. E o mar estava nublado. Quero voltar lá muitas vezes e me perder e me encher mais naquela e daquela sensação de paz. A fotinha que está aí é de lá, mas não da vista da casa. É a vista que teremos quando a filha estiver com a casa dela pronta.

Agora é hora de trampo, mas, quando passar, já tenho pra onde fugir...

outubro 15, 2007


Susto

Cinco da madrugada, o telefone toca. Ligação a cobrar. “Mãe? Mãe, me pegaram... entraram aqui e pegaram a gente... mãe, eles querem falar com você... Faz o que eles mandam...”

No primeiro mãe da voz chorosa eu sabia que não era nenhum dos filhos. Mesmo sonada, conheço a voz dos meus filhos. Ainda pensei “que saco, esses caras não tinham outra hora?” Mas deixei rolar. Calma, monossilábica, pensando o tempo inteiro como eu podia fazer para acionar a polícia pra descobrir quem eram os caras. Pediram R$ 50 mil e eu quase ri. Me segurei, disse que não tinha nem R$ 500 em casa – mentira, não chegava a R$ 50. No fim, eles disseram que iam soltar “meu filho”. E em nenhum momento deram alguma indicação de que sabiam com quem ou de quem estavam falando.

A estas alturas, já acordada, comecei a tremer. Liguei para os filhos, só pra me acalmar. Claro que não eram eles. Todo mundo dormia, plácida e sossegadamente. Eu é que demorei a pegar no sono de novo. Quando caiu a ficha, comecei a tremer, o coração ficou a mil, parecendo um tambor. Fiquei lá, deitadinha na cama, respirando fundo pra me acalmar. Dormi de novo. Mas até agora não me recuperei. Fico pensando nisso o tempo todo, não consigo parar de tremer.

A vida segue, eu sei. E tudo continua como era, não teve nenhum problema. Mas acho que o inconsciente trabalha contra a normalidade. E cria histórias, as mais loucas.

Claro que não liguei para a polícia. Dizer o que? Que me tiraram da cama por causa de um suposto seqüestro de um filho que não é meu? Que transtornaram minha vida, que estragaram meu dia? Que vou ficar um bom tempo sobressaltada, com isso na cabeça?

Bando de f.d.p!