outubro 15, 2007


Susto

Cinco da madrugada, o telefone toca. Ligação a cobrar. “Mãe? Mãe, me pegaram... entraram aqui e pegaram a gente... mãe, eles querem falar com você... Faz o que eles mandam...”

No primeiro mãe da voz chorosa eu sabia que não era nenhum dos filhos. Mesmo sonada, conheço a voz dos meus filhos. Ainda pensei “que saco, esses caras não tinham outra hora?” Mas deixei rolar. Calma, monossilábica, pensando o tempo inteiro como eu podia fazer para acionar a polícia pra descobrir quem eram os caras. Pediram R$ 50 mil e eu quase ri. Me segurei, disse que não tinha nem R$ 500 em casa – mentira, não chegava a R$ 50. No fim, eles disseram que iam soltar “meu filho”. E em nenhum momento deram alguma indicação de que sabiam com quem ou de quem estavam falando.

A estas alturas, já acordada, comecei a tremer. Liguei para os filhos, só pra me acalmar. Claro que não eram eles. Todo mundo dormia, plácida e sossegadamente. Eu é que demorei a pegar no sono de novo. Quando caiu a ficha, comecei a tremer, o coração ficou a mil, parecendo um tambor. Fiquei lá, deitadinha na cama, respirando fundo pra me acalmar. Dormi de novo. Mas até agora não me recuperei. Fico pensando nisso o tempo todo, não consigo parar de tremer.

A vida segue, eu sei. E tudo continua como era, não teve nenhum problema. Mas acho que o inconsciente trabalha contra a normalidade. E cria histórias, as mais loucas.

Claro que não liguei para a polícia. Dizer o que? Que me tiraram da cama por causa de um suposto seqüestro de um filho que não é meu? Que transtornaram minha vida, que estragaram meu dia? Que vou ficar um bom tempo sobressaltada, com isso na cabeça?

Bando de f.d.p!

1 comentário:

Cláudia Barral disse...

Oi.

Aconteceu a mesma coisa comigo. E eu acabei de escrever um poeminha sobre telefones. Dá uma passada lá no site e dá uma olhada :)
Cheguei até aqui pesquisando gatos e telefones.

www.claudiabarral.com