maio 20, 2008

Ukiyo-e e olho-de-boi


Número 23 da série de 36 vistas do Monte Fuji, ukiyo-e de Utagawa Hiroshige, gravura esculpida e pintada em madeira, em 1859. Retrata o monte visto do mar de de Satta, na Província de Suruga. Esta foi uma das gravuras que mais me impressionou hoje, na visita que fiz à Pinacoteca. Ali estão expostas as 36 vistas de Hiroshige – mas a mostra termina domingo, dia 25. Quem puder ir, vá. Aqui, só tem uma amostra.

As duas mostras relacionadas ao Japão na Pinacoteca são maravilhosas. A outra, o Florescer das Cores: a Arte do Período Edo mostra quimonos, indumentárias, armaduras de samurais, espadas, objetos em porcelana e cerâmica. Coisas incríveis – em alguns momentos fiquei literalmente de boca aberta e um pouco frustrada por estar sozinha e não poder comentar com alguém o que estava vendo e admirando.

Mas hoje acordei com disposição de bater perna. Primeiro, dei um jeito nas plantas que estavam impedindo o sol de entrar no viveiro que era da Ig e que agora é da tartaruga. A pobrinha estava cada vez mais privada do calor do sol. Estou com os dedos furados e doloridos – a ora-pro-nobis não gostou nem um pouco de ser cortada e protestou vivamente. Mas agora tem também o capuchinho e o xuxu – todos se espalhando que dá gosto... Tinha de dar um jeito naquilo...

Aí resolvi que ia ver as exposições. Na volta, uma parada na 25 de Março pra comprar umas coisinhas – dois cortes de flanela, quero ver se consigo fazer alguma coisa semelhante a um quimono (fiquei um tempão olhando como se corta). Claro que não vai ficar igual, porque, além de ser flanela, vou costurar a máquina. Mas serviu de inspiração. Comprei ainda uns cortes de algodão e uns penduricalhos...

* * * * *


Alguém já ouviu falar em olho de boi? Eu já tinha visto as sementes, mas nunca pensei que este era o nome daquilo. Minha mãe usava uma bolsinha presa por dentro da roupa, com três sementes. Alguém deu a ela dizendo que aquilo afastava os maus fluidos e dava boa sorte. Tenho guardada a bolsinha comigo. E não é que na Ilha o Caleu e o amigo dele me aparecem com um monte dessas sementes? Fiquei com uma e disse ao neto que iria tentar furar pra fazer um pingente pra ele colocar no quarto.

A danada da semente é dura e lisa. Parece madeira maciça – aliás, tem cor de madeira. Pelejei dois dias, mas consegui furar a bichinha. Tive de comprar uma furadeira pequena e brocas fininhas e abrir caminho com um prego. Mas deu certo. Agora, o neto tem de colher um monte, porque já pensei em fazer um monte de coisas com elas, pra dar de presente aos amigos.

Boa sorte, ninguém recusa...

maio 19, 2008

Intervalo


Fuga rápida para a Ilha. Está virando rotina: fim-de-semana, praia! Mas desta vez foi rápido mesmo: fomos na sexta à tarde, voltamos domingo depois do almoço. A filha e o genro tinham uma festa de aniversário pra ir no domingo à noitinha. Mas valeu. Eu estava com saudade do marzão e do Aleluia. Os dois estão bem e o Aleluia já está até ensaiando uns passeios pela casa, mesmo perto da Leona. E o marzão – é só olhar a foto: lindo!

Agora vou deixar tudo preparado pra fugir de novo no feriadão, mas corro o risco de não ir. Pode ser que pinte trabalho e, se tiver mesmo, vou ter de trabalhar. Nessas horas fico dividida: quero ir, mas preciso trabalhar. E nesse raio de ofício em que me meti, o trabalho aparece sem hora marcada. Não dá pra contar com ele, tem de pegar quando aparece. Azar o meu, mas tem suas compensações...

Tem uns períodos de nada a fazer onde faço um monte de coisas em casa. Tem períodos de ansiedade, esperando a coisa pintar. Às vezes é logo, às vezes demora. Aí a coisa pega, mas uma hora acaba saindo. Então tem de aproveitar as horas vagas para o lazer.

Mas se às vezes bate saudades do tempo em que eu tinha horário fixo todos os dias para trabalhar, isso não quer dizer que era melhor. Geralmente isso acontece naqueles momentos de espera, quando a coisa está para sair mas não desencanta. É verdade que naquele tempo de trabalho fixo, o salário também vinha direitinho no final do mês. Agora, não. Vem em pedaços, aos poucos, pingando. E o que entra agora não vai, necessariamente, entrar no mês que vem. Tem de se organizar...

E um dia eu aprendo a ser organizada...