maio 28, 2009

Voltas da vida


Acho que já falei anteriormente do incrível número de coincidências que cercam a vida da gente. De como, de repente, uma série de fatos aparentemente descosturados apresentam alguma coisa em comum, uma coisa remetendo a outra. E, volta e meia, aparecem referências de coisas que ficaram há muito para trás. Um personagem de um livro que li há muito tempo dizia haver círculos que a vida da gente atravessava, dentro dos quais tudo estava interligado. E esses círculos, por sua vez, às vezes também se cruzavam e traziam de volta realidades passadas. A teoria é fascinante, mas nunca perdi muito tempo analisando essas coisas. Mas percebo essas coisas ao longo da vida.

Aconteceu de novo. Há muito anos, conheci uma palavra nova, que era o nome dos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos. Peabiru era a forma como os índios se referiam ao conjunto de caminhos e trilhas que compunham as vias de contato entre eles. Picadas abertas nas selvas, conhecidas e atravessadas frequentemente pelos seres humanos que habitavam essas terras. A tal palavra era a proposta para nomear uma rede de comunicações que seria (ou foi, não sei) implantada através dos avanços tecnológicos que desaguavam na tal de internet, uma coisa totalmente inovadora na época...

Nunca mais ouvi falar de Peabiru – mas, na época, o nome rendeu muitas brincadeiras e até uma série de camisetas, especialmente confeccionadas nos Estados Unidos, que tinham Peabiru escrito na frente e, atrás, a inscrição “Born to be Wild”. E agora, em outro livro que estou lendo por dever de ofício – mas, devo dizer, muito interessante – eis que me aparece de novo o tal Peabiru, descrito tal e qual a primeira vez que apareceu na minha vida e desencadeando outra série de boas lembranças...

E como uma coisa leva a outra, lembrei que a tal camiseta foi “desenhada” na sala de casa, junto com um americano que não lembro direito como foi parar em casa, mas que acabou se tornando um bom amigo. John Van Zuitten, o americano gorducho com cara de Papai Noel, foi quem se encarregou de mandar fazer as camisetas, para trazê-las quando voltasse ao Brasil – naquela época, ele vinha muito para cá. Morava em Washington e tinha um barco. Foi nosso acompanhante em Nova York, quando ficamos naquele hotel fascinante e decadente no Gramercy Park. Comigo, foi a um ensaio da Vai Vai e comemorou um aniversário meu que teve até festa surpresa na casa de amigos. Foi, também, a única pessoa com quem eu me atrevi a conversar em inglês – mesmo porque, ele não falava português...

Nossa, gente, que fim levou John?

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O mapinha da ilustração saiu de um blog, que encontrei na internet. Se não podia, peço desculpas ao autor...