agosto 01, 2005

Todo dia ele faz tudo sempre igual. Chama alguém pra ir com ele ao bar tomar "uma rapidinha". Só que nunca é uma só, embora o ritmo seja mesmo rápido. Mas ele chama pra desencargo de consciência. Ninguém vai. Mas ele vai, com ou sem companhia. Diz que vai compra cigarros, mas vai mesmo entornar uma, duas, três vodcas. Tem gente que me dá a impressão de ser movida a álcool. Este é um caso.

No fundo, é um solitário. Por ser insuportável. Divertido vê-lo esbravejar de vez em quando, xingar a máquina, a vida, o mundo. Impressiona a força com que ele manda algo ou alguém pra puta que o pariu. Dá a impressão de que ele quer mesmo que o algo ou alguém vá mesmo. Há quem ria sempre das reações dele. Eu tenho vontade de lhe dar uma martelada na cabeça. Fico furiosa.

O mais engraçado é que quando a gente o encontra num boteco ou vai com ele a um restaurante, ele muda da água para o vinho. E aí fica mais forte a sensação de que ele é realmente um solitário. A pena dura até o dia seguinte, quando ele vai trabalhar. Aí, volta a ser insuportável.

Tem gente que parece ter vindo ao mundo pra incomodar os outros. Este parece ser um destes casos...

Houve tempo em que isso tudo não me impressionava e não me incomodava. Mas acho que o tempo vai acumulando essas coisas e chega uma hora em que não tem espaço pra mais na cabeça da gente. Em alguns casos, não tem espaço nem quando se é jovem. Em outros, a paciência ainda dura um bocado. Estranha essa seleção que a própria cabeça faz. Mas deve ser o sentido de auto-preservação que vai ficando mais forte à medida que os anos passam.

Pena que a gente não possa eliminar sumariamente do convívio diário essas pessoas que nos incomodam...

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