abril 10, 2006

Encontro de segunda das comadres no fumódromo. E então, como foi seu fim de semana? Antes que os relatórios começassem, surge o maluco que interrompe qualquer conversa, conta um caso e vai embora. Todos já estão acostumados com ele e todos dão muita risada com as histórias que ele conta. Mas a de hoje foi hilária.

“Nem conto como foi o meu fim de semana. Teve até polícia com camburão na porta de casa”. Ele vira as costas, a gente pensa que vai embora. Mas ele volta. “Só porque eu toquei minha irmã de casa, às 4 da manhã. Joguei a TV de 29 polegadas dela pela janela e quebrei as coisas dela que estavam em casa. Aí os vizinhos chamaram a polícia porque acharam que tinha um ladrão que estava me torturando. Ficou assim: quatro carros de polícia na porta da minha casa e minha irmã olhando tudo da janela da casa da minha mãe, que mora lá pertinho...”

Mas você estava fazendo um barulho infernal, não estava?

“Não, nada sério... Até a TV, quando explodiu no chão, foi uma coisa rápida, décimos de segundo... Mas derrubei todos os argumentos da polícia. Lei do Silêncio, só se o barulho for contínuo e só teve a explosão da TV. As coisas que eu estava quebrando eram minhas, portanto eu podia fazer o que quisesse com elas. Não podia atingir ninguém com a TV, porque naquela hora não passa ninguém pela rua e, como eu tive de fazer uma força danada pra apoiar a TV na janela, teria visto se alguém estivesse passando. Eles até deram risada e até me ajudaram a desencalacrar um pufe gigantesco da minha irmã, que eu não consegui fazer passar do quarto para a sala. Eu ia jogar na rua, mas um deles, o soldado Nascimento, perguntou se podia levar o pufe pra ele. Mas o pufe não cabia no carro e ele pediu pra deixar na garagem. Ficou lá. Hoje ele ligou, perguntando se podia passar lá à noite pra pegar o pufe, mas eu disse que trabalhava à noite. Disse que, se ele quisesse pegar o pufe, pra ligar pra mim depois que a gente combinava. E ele até perguntou porque eu tinha jogado a televisão – podia ter dado pra ele...”

Depois disso, ninguém mais contou como foi o fim de semana. Ninguém ia conseguir contar história melhor.

Acho que ele é maluco mesmo. E a irmã é mais maluca ainda, porque sempre volta pra casa dele. Pra lavar a roupa dele, fazer comida pra ele, limpar a casa...

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