agosto 22, 2006

Acho que o cara que disse que dinheiro não traz felicidade na verdade estava querendo dizer que dinheiro e felicidade não andam juntos necessariamente. O que se faz para ganhar dinheiro não garante felicidade. A felicidade vem de outras formas – e raramente enche os bolsos ou engorda a conta no banco.

Fiquei pensando nisso no ônibus, depois que alguém me perguntou, em casa, se eu gostava do que estava fazendo. Nem pensei. Respondi não no ato. Não gosto, mesmo. Ainda mais porque me dá a sensação de estar num lugar só para compor quadros. Não há trabalho pra duas pessoas aqui – e este trabalho envolve três pessoas. Bom, se eles querem pagar, alguém tem de receber. No caso, sou eu. Mas que dá a sensação de estar lesando o contribuinte, isso dá. Culpa da maldita consciência profissional, aquela que sempre cobra e em cuja fila acho que entrei duas vezes – porque sei que tem gente que passou direto...

Felicidade, pra mim, tem relação direta com paz, tranqüilidade, sossego. Com poder fazer coisas bonitas, ver ou ler bobagens. Com ver flores desabrochando no meu jardim e acompanhar o desenvolvimento desta ou daquela plantinha.

A Penélope de Os Catadores de Conchas é o meu ideal de felicidade. Como ela, tento bravamente viver minha vida e deixar meus filhos viverem as deles. Nem sempre consigo, quase sempre acabo enfiando a colher torta, mas – juro! – eu tento. Como ela, quero poder se bastar, adorar a própria companhia e, de vez em quando, usufruir de uma conversa jogada fora com alguma pessoa legal. Um boteco, um cineminha... Se der, um teatro, um show, um jantar num restaurante. Penélope não tinha gatos, mas acho que é porque Rosamunde Pilcher, a autora do livro, também não é muito chegada a animais - nunca apareceu um nos livros que li dela.

Na verdade, a minha felicidade depende de patrocínio...

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