agosto 22, 2008

Comentários olímpicos


Mais um pouco e eu emplacava um mês inteiro sem escrever. Mas acho que não fez falta, no fim das contas. Primeiro era muito trabalho, depois muita preguiça, depois... Olimpíada. Já falei isso neste blog há algum tempo, mas sempre repito: o Pedro Bial me disse, numa entrevista, que em época de Olimpíada ele vira samambaia pendurada na frente da televisão. Eu também – quando dá.

Essa edição pequinesa é dura. Os horários são terríveis para nós, brasileiros. Com isso foram várias noites indo dormir de madrugada, só pelo prazer de ver recordes caindo, esportes quase desconhecidos que quase não são mostrados pelas TVs. E acordando o mais cedo possível, pra não perder muita coisa.

Futebol? Esquece... Eu tinha certeza de que a turma do Dunga não traria o ouro. Torcia pelas meninas – e olhe que não gosto de futebol feminino. Outra certeza que eu tinha é que o Diego Hipólito iria falhar. Tem uns caras que a gente olha, observa, admira, mas sabe que não vai chegar. Não me pergunte porque, tenho essa impressão desde quando ele começou a aparecer. E não sei não, mas acho que o vôlei masculino vai é voltar com a prata – tomara que eu esteja errada, os meninos são muito bons. Idem para o feminino – e elas, até agora, não perderam um único set. Botei a maior fé na Jade, mas ela tremeu. Responsabilidade é um peso que pouca gente consegue levar na boa. Ela não conseguiu, o que é uma pena.

A primeira semana valeu pelo Cielo. Menino de ouro – e é, mesmo que não trouxesse a medalha. Foi lá, se apresentou, disse e mostrou porque foi. Torci desesperadamente, gritei, pulei – sozinha, porque até os gatos saíram correndo de perto, assustados. Chorei com ele, no pódio.

Na natação, como todo mundo, eu queria ver o Phelps. Acabei encantada com Kosuke Kitajima, o japonês dos 100 e 200 metros do nado de peito. Ele é o peixe, não o Phelps. O carinha é incrível: pequeno (tá, é mais alto do que eu, mas isso não é vantagem), se desloca dentro da água com uma elegância e uma técnica que faz a gente morrer de inveja. Quando eu estava aprendendo a nadar (lá se vão uns vinte anos...), não conseguia sair do lugar quando comecei a aprender o nado de peito. É muita coisa pra gente mexer ao mesmo tempo e em sincronia. E o segredo, me dizia o instrutor, é a pernada, que tem de ser forte para a gente se deslocar e conseguir empurrar a cabeça pra fora. E enquanto a cabeça de todos os outros nadadores aparecia o tempo todo fora dágua, num ritmo alucinante, a cabecinha do Kitajima vinha em longas pausas. É aí que ele ganha. E é por isso que eu coloco a foto dele.

Hoje voltei a chorar, com a Maurren. A força mental dessa mulher é impressionante. Virei fã dela. E o atletismo me deu bons momentos nesta segunda semana, com o Usain Bolt dançando, fazendo folia e arrasando os tempos dos adversários.

Agora falta pouco, só mais dois dias. Meu tempo de samambaia está no fim...

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