outubro 07, 2005

Beatles são Beatles. Forever. Em qualquer língua, em qualquer estilo. Quer dizer, às vezes tem um pessoal que tenta estragar – mas as músicas resistem. Agora estou ouvindo uma versão em canto gregoriano. E quero logo chegar em casa pra colocar no CD player, com efeito de acordo. Tenho certeza que vai ficar muito mais bonito do que já está.

Acabei de ouvir Michelle e voltei no tempo, dançando de rosto colado num dos tantos bailinhos que fui. Mas aquele era especial. Foi na casa de um dos meninos da turma, na Aclimação, bem atrás do parque. E eu sabia que seria a última chance de ficar com aquele garoto que estava de malas prontas pra morar em Brasília. Ia estudar cinema, dizia. Mas a família dele estava se mudando pra lá. E eu nunca mais ia saber dele.

Loirinho, alto, magro. Cara de garoto americano, nem de bom nem de mau menino. Desconfio até que se fosse algum tempo depois eu nem ia prestar atenção nele. Mas eu tinha um fraco por loirinhos. Primeiro foi o Marco Antônio – ainda no ginásio. Que nem olhava pra mim porque tinha coisas mais importantes pra fazer na vida do que prestar atenção nas meninas em geral e naquela japonezinha gordinha em particular. A, naquele momento, era o Nuno... Claro que lembro do nome deles. A gente não esquece daqueles que fazem o sangue da gente ferver, que provocam tremedeira. E, pra mim, eles continuam com a mesma carinha. Se cruzar com um deles na rua, juro que não reconheço. Lembrança serve pra isso. Na memória dos outros, a juventude sempre permanece...

Tinha acabado de passar A Hard Day’s Night no cinema e as músicas dos Beatles eram a trilha sonora de qualquer romance, grande ou pequeno, que rolasse na ocasião. O Nuno sabia diálogos inteiros do filme. Tinha visto trocentas vezes, mais ou menos, e repetia as frases direto, pra meu deleite. Hoje, sinceramente, eu ia achar muito chato...

E lá fomos para o tal baile. Eu, de mini-saia de laise, um luxo. E dá-lhe Beatles. Lá pelas tantas, toca Michelle. E o Nuno me chama pra dançar. Fui. Juntinho, coladinho. No “I need you, I need you, I need you”, ele me beijou a testa. Não nos largamos mais, até o final do baile.

Naquela noite, conheci um pedacinho do céu...

1 comentário:

Márcia disse...

Olha, mamãe, já tive um Nuno em minha vida assim... a história se repete.