dezembro 27, 2005

A gente comemora tempo de separação? Acho que não é de bom tom, nem deve fazer muito bem à saúde mental. Mas hoje, dia 27 de dezembro, fariam 32 anos que estaria casada, se casada continuasse. E amanhã, dia 28 de dezembro, completarei 5 anos de separada...

Tempo suficiente pra se fazer um balanço e ver como ficou. Distante o suficiente para uma análise menos apaixonada, mais fria. E, só de querer analisar, já mostra que ainda tem importância. Se não tivesse, nem lembraria... Mas é meio automático, já que as duas aconteceram muito próximas em dia e mês. Ano, não. Entre um e outro, são 27 anos e muita água passada por baixo da ponte.

O mais engraçado é que as coisas continuaram a mudar ao longo desses cinco anos. A grande mudança desencadeou uma série de outras que, acredito, ainda estão rolando. Outras coisas aconteceram independentemente da grande mudança, mas acentuaram a importância dela.

A vida é outra. A realidade é outra. Eu sou outra. Acho que continuo bobinha em algumas coisas. Aí é inevitável, tem coisa que não tem conserto. Em outras, fiquei desconfiada – perdi a confiança em várias pessoas e não consegui ainda confiar em outras. Minha vida passou a ser cada vez mais minha e só minha. Não se meta onde não foi chamado. E, se eu pedir socorro, pode ter certeza de que é porque é absolutamente necessário e imprescindível. E quero ajuda sem sermão nem explicação.

Aprender a viver só é uma arte. Aprender a ser só é ainda mais difícil. Estou no caminho, acho. Aos cinco anos, meus filhos já comiam e se vestiam sozinhos, já argumentavam comigo, até já liam e escreviam alguma coisa. Eu, cinco anos depois, ainda não estou firme nas pernas, ainda tomo tombos, caio de bunda ou de joelhos, me esfolo um tanto. Nada que polvidine e band-aid não possam consertar.

Eu aprendo. Sempre aprendi.

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