janeiro 24, 2006

Aleluia, viva, viva!!! A temperatura caiu um pouco e já é possível até articular alguma coisa com algum sentido.

O primeiro botão da dama da noite abriu esta noite – ainda faltam dois (eram três, mas um caiu com o temporal de sexta-feira) que, pelo jeito, vão abrir juntos. Os botões da catléia também abriram, revelando uma magnífica orquídea branca de miolo esverdeado, um primor de delicadeza. Vou sair daqui a pouco pra comprar filme pra máquina, não quero perder esses instantes. Sei lá quando essa orquídea vai florir de novo...

O livro novo já está quase no final. É O Condenado, de Bernard Cornwell, um cara que fez vasta pesquisa sobre a lenda do rei Arthur – escreveu duas trilogias sobre o tema. Daí que fiz confusão e disse que o livro que estava lendo era sobre esse período. Não é. É ambientado no início do século XIX, quando a Inglaterra acabava de sair da guerra contra a França (aquela interminável). Gostoso de ler e mostra uma realidade completamente diferente da nossa. Uma viagem diferente, que leva a gente para um mundo totalmente desconhecido, com muitas viagens a cavalo, poucos banhos e nenhuma higiene...

Isso me remete a um artigo publicado recentemente no Estadão, o do biólogo Fernando Reinach, falando sobre como a evolução da medicina mudou o conceito humano de dor física. Ele conclui que o homem, hoje, não sabe o que é dor. E, baseada no exemplo que ele dá, acho que concordo. E não vejo nenhum motivo que me incentive a descobrir o que é dor de verdade.

Reinach descreve a descoberta de uma múmia que teve um dente de metal implantado na arcada. Dito assim, hoje, parece ser tranqüilo (embora, pra mim, nada que se refira a dentes e dentistas seja tranqüilo). Mas ele lembra que, na época em que viveu a tal múmia, não havia anestesia para extrações nem próteses dentárias. Assim, o tal implante teve de ser colocado em seguida à extração do dente e martelado no osso para se fixar. Me arrepio de pavor só de pensar em como isso foi feito, mas deve ter dado certo, porque o dente estava lá na múmia até os dias de hoje.

A coluna do Reinach (publicada todas as quartas) sempre tem algum dado interessante que leva a gente a pensar. Cada uma tem um tema e o autor coloca, no final, indicação de livros e/ou textos que aprofundam o assunto para quem tiver interesse.

E viva a lidocaína!!!

1 comentário:

wicca disse...

me lembrei daquele poema do paulo leminski, tão bem musicado pelo itamar assumpção: "um homem com uma dor/ é muito mais elegante/ caminha assim de lado/ como se chegando atrasado/ andasse mais adiante (...) ópios édens analgésicos/ não me toquem nessa dor/ ela é tudo que me sobra/ sofrer, vai ser minha última obra"
mas hoje eu fui ao dentista. e só de ouvir aquele barulhinho, começo logo a desacreditar dos poetas.