maio 08, 2006

975A, linha Ana Rosa – Vila Brasilândia. Eu pego todos os dias o que passa na Dr. Arnaldo entre 15h20 e 15h30. O Morro Grande também serve, mas está sempre cheio. Já começo a reconhecer as pessoas dentro do ônibus, o que é divertido. E o cobrador já me conhece. Sujeito gordo, bem-humorado, sempre de óculos escuros – até hoje, com o tempo meio nublado.

Outro dia ele disse que ficava constrangido de pedir para eu deixar minha sacola com ele. “Vejo a senhora sempre carregada”, explicou. Disse pra ele que não, que a sacola é grande, mas não é tão pesada. E eu já estou acostumada. Ele sempre brinca com as pessoas, sempre está conversando com alguém. Não esquece nunca de avisar as pessoas dos pontos solicitados. “Aqui é a Cardoso de Almeida! Quem pediu pra descer no primeiro ponto?” Ou: “A senhora que vai ao Fórum Criminal, é no próximo, viu?” Ficava impressionada com o tanto de gente que entra nos ônibus desinformada de onde tem de descer. Agora, por causa desse cobrador, não me avexo em pedir ajuda aos outros cobradores. E todos, sem exceção, me avisaram onde eu tinha de descer. Teve um até que pediu que eu o lembrasse “assim que o ônibus sair da avenida Tal, que aí já vai estar perto”, porque senão ele ia esquecer, que a memória dele era ruim. Ruim é a minha. A dele é ótima.

Hoje o ônibus demorou. Passou era quase 15h40. E veio lotado. O cobrador gordinho me explicou: “Teve um Morro Grande na frente que quebrou. Subiu uma porção de gente. E um pouco antes teve um atropelamento, atrasou todos os carros”. Solícito, avisou: “olha, se a senhora quiser sentar, as duas moças que estão no banco alto lá da direita vão descer na PUC. Elas até me pediram pra avisar, mas a senhora pode ir até lá e dizer pra elas que é daqui a três pontos. Aproveita e senta lá.”

Fiquei meio constrangida, mas acabei indo até as moças. Ele não ia avisar, já tinha me pedido pra fazer isso. Quando ia chegando perto das moças – aí já tinha passado um ponto e, portanto, faltavam dois -, ouvi uma delas comentar que o cobrador devia ter esquecido delas. Fiz questão de desmentir: “Vocês que vão à PUC? O cobrador me pediu pra avisar que está perto. Não é no próximo, é no seguinte.”

Elas agradeceram levantaram e desceram no ponto certo. Da porta, tornaram a agradecer ao cobrador. E eu vim sentada, tranqüilamente. Graças ao meu amigo cobrador.

Saber que tem gente legal no mundo me restaura a fé...

1 comentário:

GOM disse...

Cobradores, normalmente, são educados. Os motoristas é que são chatos...