maio 14, 2007


Sapatos, pra que?

Sapatos foram criados pelo homem no Paleolítico para proteger os pés. Pudera, com o frio que devia fazer naquela época (não, eu não lembro disso, viu?), mais as coisas que saíam por aí se arrastando, eles eram bem necessários mesmo. Até aí, eu entendo. Com o tempo, conta a história, para alguns povos, eles foram perdendo a serventia. Conta-se que os egípcios carregavam as sandálias para só usá-las em caso de necessidade. Que delícia devia ser ter os pés livres e soltos! E como deviam ficar felizes as pedicures!

O relato da história do sapato continua: foi um rei inglês quem padronizou as medidas, por volta do século XIII. Já deve ter virado pó, então não adianta querer matá-lo. E os avanços da indústria da moda transformaram essas coisas em aprisionamento de pés. Daí vieram os calos, as unhas encravadas, as insuportáveis bolhas nos pés (que até renderam música do João Bosco e propaganda do band-aid). Hoje, eu acrescento: os escorregões.

Estou com a musculatura da perna dolorida e uma mancha roxa no joelho. Culpa do sapato, que provocou, contando por baixo (quando se fala em sapato, não pode ser por alto), uns seis escorregões ao longo do dia. O primeiro deles em plena travessia da Heitor Penteado. Nada trágico: não vinha nenhum carro. Mas escorreguei e caí sobre o joelho direito. Que está com uma mancha roxinha. E – juro – minha primeira preocupação foi ver se a meia estava inteira. Estava. O único furo estava no orgulho e no amor próprio.

OK, fui teimosa. Pensei que não poderia ser vencida por um sapato. Ele ou eu, pensei, logo depois do segundo escorregão, quando analisei seriamente a possibilidade de voltar para casa e trocar de sapatos. Mas estava atrasada. E achava um desaforo um sapato que já tem três anos guardado (juro, só tinha usado uma única vez e não lembrava porque tinha parado de usar. Agora sei) provocar tanto estrago.

Passei o dia forçando os pés a pisar de forma a evitar os escorregões. Claro que teve momentos de descuidos – daí a conta, por baixo. Agora estou com dor na batata das duas pernas. Mais um joelho roxo. E uma profunda sensação de cansaço.

Meus pés, minhas pernas, meu corpo. Tudo dói. O sapato venceu por 10 a 0...

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Para minha mais profunda alegria, ganhei quase tudo que pedi para o Dia das Mães. Por mais irônico que seja, não ganhei as sapatilhas...

Mas agora, mais do que nunca, vou atrás delas.
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Quando era menina, adorava andar descalça. Não tem uma única foto em que eu apareça com os pés calçados. Quando estava de sapato, estava sempre com o pé meio pra fora. Levei centenas de broncas de minha mãe por causa dessa mania de pés descalços. Meus filhos aprenderam a andar com os pés descalços e, embora um deles insista em dormir de meias (argh!), continuam gostando de ter os pés livres.

Hoje sou fã assumida e de carteirinha das Havaianas. E dos sapatinhos de tecido. Nos dois casos, a impressão é de se estar descalça.

Alguém quer um par de sapatos bonitos, de camurça, que derrubam a gente em pleno asfalto?

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