julho 06, 2007


Vagão em flor

Entrei no trem e tomei um susto: o vagão estava tomado por flores de cerejeira. Quilos, centenas de flores de um tom rosa delicado ocupavam pelo menos dois assentos. Depois do deslumbramento, a decepção: eram artificiais.

Mas claro, só podiam ser artificiais. Acho que só vi galhos floridos daquele jeito em fotos de lugares no exterior. E transportadas daquele jeito, se fossem verdadeiras deixariam um rastro de flores caídas, igual os ipês roxos da cidade. A gente pode não olhar pra cima para vê-los, mas o chão fica tão forrado de flores que é impossível não procurar de onde vem tudo aquilo.

De qualquer forma, alegou meu dia. Nem olhei quem transportava, só percebi que eram duas pessoas, cada uma carregando um maço de galhos, inclusive amassando algumas flores. Ninguém sentou na frente ou ao lado – os galhos se espalhavam. Um cururu que se atreveu, saiu rapidinho, incomodado com tanto cutucão que levou.

Fiquei pensando para onde iam aquelas pessoas com todas aquelas flores. Será que eles têm idéia de quanta alegria espalharam no caminho?

Ou será que sou o único ser nesse mundo que fica contente com uma imagem florida?

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