novembro 29, 2007

Frustração e costuras



Uma das coisas mais chatas que pode acontecer comigo é cancelarem um trabalho que, na minha cabeça, estava pronto. Foi o que aconteceu com meu suplemento da imigração: dançou. E estava prontinho, com tudo engatilhado, páginas definidas, reportagens prontas – até sobrando. Mas o comercial não se mexeu como deveria e o suplemento foi adiado. Sine die – “talvez na semana que vem”, disseram. Não tem outro jeito: vamos esperar.

E já que fiquei sem nada pra fazer no começo da semana, desandei a costurar. Terça, fui às compras na 25 de Março, um ato de bravura nesta época natalina. A filha foi junto, comprar coisinhas pra festa de 5 anos do neto (nossa, já 5 anos!!!). Fiz companhia a ela, ajudei em algumas coisinhas, coloquei ela num táxi e fui fazer minhas coisinhas. Toda vez que vou à 25 compro coisas demais e quando volto descubro que esqueci o que realmente precisava... Esse lugar vicia.

Fiz 10 sacolinhas de supermercado, cada uma em um tecido diferente. Gosto de todas. E mais dois modelinhos diferentes e um terceiro, repetindo um modelo que já tinha feito e que gosto muito. Fico pensando se alguém vai querer comprar, se realmente eu botar pra vender. Mas se eu não puser pra vender, nunca vou ficar sabendo...

Toda vez que me ponho a pensar nessas possíveis vendas de sacolas/bolsas, lembro de minha mãe me contando que nunca imaginara, na vida, que ia viver de costuras. Ela era excelente costureira, fazia coisas lindas, de forma rápida e eficiente. Até um determinado período, só para a gente: blusas, vestidos, saias para as filhas e para ela; calças, camisas, cuecas para meu pai. Quando o velho se acidentou e teve de parar de trabalhar, alguém tinha de por dinheiro em casa. E lá foi ela, oferecer as costuras para algumas senhoras japonesas que eram freguesas do meu pai.

Foi um sucesso: tinha encomenda até não poder mais. Passava o dia na máquina de costura. E, de vez em quando, ainda sobrava tempo para fazer sacolinhas e bolsinhas e coisinhas para as filhas e para os netos – quantas vezes ela não correu para costurar um shortinho porque o neto, que estava deixando as fraldas, tinha feito xixi e não tinha roupinha de reserva? Claro que sempre saía alguma coisa de retalhos que sobravam das roupas das freguesas. E como as freguesas sempre mandavam peças de seda, vira e mexe eu ganhava uma blusinha de seda...

Pois, eu também não consigo me imaginar ganhando a vida costurando bolsas e sacolas. Mas, quem sabe, não sai algum samba disso tudo?

Não custa tentar...

P.S.: Nenhuma das bolsas do desenho é minha. Mas tem umas bem parecidas...

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