março 04, 2008

Gatos e filhos


“Primeiro tem de passar a raiva”, disse um filho, quando comentávamos da possibilidade da ex do outro filho visitar a gente – não a gente, os gatos que ela tinha junto com o filho e que vieram direto pra cá – já contei que agora são 19 e o porquê, né? Sei que ela adora esses bichanos e tem muita saudade. Quem teve gatos sabe como é isso – aliás, as fotos são de dois dos bichinhos novos. Mas me surpreendeu a frase e o significado dela.

Concordei, na hora. Depois fiquei pensando. Como ele sabe disso? Terá passado momentos assim, de raiva, por causa de alguma sirigaita? Claro, porque só pode ser sirigaita a sujeita que faz um filho meu sofrer... Tá bom, é verdade que o filho é que pode ter aprontado alguma... Mas isso não importa. O que importou, no momento, foi a constatação de uma coisa que eu nem imaginava que meu filho soubesse e que implica em ter vivido um sofrimento, em algum momento.

É verdade, tem de passar a raiva. E eu sei que ela passa, em algum momento, não conheço o mecanismo exato, mas sei que funciona. Tempo. A vida. A tal da roda viva que carrega a saudade pra lá. Se o Chico cantou isso lá nos idos anos 60, como é que eu achei que meu filho não sabia disso?

Tem mãe que é burrinha, mesmo... Dizem que mãe sempre acha que os filhos não sabem nada, não conhecem nada e que ela existe só para protegê-los das maldades do mundo. Sou obrigada a concordar. Vira e mexe me pego pensando no que um dos pobrezinhos vai fazer, como vai se virar em alguma situação assim ou assado.

A gente sempre se esquece que os sujeitos são indivíduos, com idéias e personalidades próprias, que fazem deles seres únicos. Cada um é cada um, não é assim? Bom, partindo desse princípio, acho que está errado quem diz que mãe é tudo igual, só muda de endereço. Mães também são indivíduos com idéias e personalidades próprias, seres únicos.

Mas, bem no fundo, acho que a maternidade meio que padroniza as mulheres...

* * * * *

Para quem acompanha minhas aventuras crochetais, comunico que iniciei a manta da filha, em tons de rosa e roxo, conforme ela queria. Assim que estiver pronta, fotografo e mostro.

2 comentários:

Márcia disse...

ai se ansiedade matasse... :-)

wicca disse...

na minha modesta opinião (de quem não é mãe) tem um quesito no qual a maternidade padroniza, sim: as mães normalmente defendem os filhos, incondicionalmente... independente deles terem ou não razão.