maio 03, 2009

Michelle


Noite de sábado normal, sem filhos e a casa todinha só pra mim. Lembrei que fazia tempo que não ouvia Beatles e achei que seria o BGzinho ideal para a bobagem da vez, o primeiro dos livros que o filho trouxe dos Estados Unidos – isso merece um post só pra eles, já que estou me apaixonando (de novo) por um personagem de ficção (e bota ficção nisso!!!!).

Acabei apanhada na rede de lembranças.

Num outro sábado, muito, muito distante, Michele rolando no toca-discos (era o tempo do Picape e seus Negrinhos) e um garoto louro e magro beijando minha testa bem na hora em que Paul McCartney canta “I need you, I need you, I need you”... O ano? 1967, acho. O bailinho rolava no quintal da casa de um dos colegas de escola. Na Aclimação, perto do parque – e numa daquelas coincidências incríveis, eis que abro o jornal hoje pela manhã e leio o nome do dono da casa, hoje artista plástico, numa matéria sobre restaurantes-confrarias...

Mas o louro alto e magro, naquela época, era meu objeto de adoração. Sempre tive fixação por louros e o mais engraçado é que nunca namorei um. Não lembro direito da cara dele, só que era muito magro, alto e louro. Estava um ano na minha frente e saiu da escola no ano seguinte para estudar, acho que em Brasília. A família dele se mudou para lá e, salvo engano, ele foi fazer o curso de cinema.

Na esteira das recordações, lembrei que houveram outros objetos de desejo, antes e depois do louro alto e magro. Mas a lembrança dele é uma das mais fortes da minha juventude. Não lembro se cheguei a ter uma conversa de verdade com o rapaz. Sei que não éramos amigos, as turmas eram diferentes e, por algum motivo misterioso e inexplicável, me fixei nele. E minha grande vitória aconteceu mesmo naquele baile. O antes e o depois não têm o menor registro.

Em tempos de internet, é impossível não se deixar levar pela curiosidade. Mas a realidade é impiedosa, melhor ficar com as lembranças, que podem ficar um pouco fora de foco mas continuam sempre bonitas. O Google me revela que o ex-garoto louro e magro engordou e envelheceu. Perdeu o charme, se é que teve algum em algum momento para outra pessoa que não eu. Claro que também por isso não conto o nome do cururu...

Mas agora aprendi: em caso de lembrança, não consulto mais o Google...

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