maio 02, 2009

Bom chinês


Não é o clássico wu-xia, cheio de efeitos e lutas e artes marciais. É mais uma reflexão e, sinceramente, só consegui entender e me encontrar depois de ler uma crítica num site português: “Ashes of Time é um filme que vive da abstração, funciona sem dúvida depois de visto várias vezes por causa de sua natureza fragmentada”, diz Chen Kuang-jung, o autor da crítica.

Na verdade, saí de casa para ver Gran Torino, do Eastwood. Mas a sessão estava lotada – demorei muito tempo para ver esse filme e agora só passa uma sessão no Bourbon, às 17h30. Vou tentar num dia da semana, muito menos concorrido...

Aqui, o filme chinês virou Cinzas do Passado Redux, embora o nome em inglês seja mais fiel ao filme – não me perguntem do nome em chinês (Dung Che Sai Duk), não tenho a menor idéia da tradução. Não lembro de ter visto outro filme de Wong Kar-wai e li, em algum lugar que este foi o único wu-xia que ele fez. Pelo que li, ele faz filmes não lineares, com uma preocupação maior com o interior dos personagens – e isso, realmente, não combina com os filmes de ação.

Talvez a primeira versão, de quinze anos atrás, tivesse mais ação – parece que para este redux o diretor cortou duas seqüências, refez a trilha sonora (que está linda, com o cello de Yo Yo Ma)e reeditou tudo num ritmo mais lento, o que, para ele, tinha mais a ver com sua proposta inicial. Uma outra crítica diz que o filme é o “primo menos acessível de O Tigre e o Dragão”. Todas as críticas que li, porém, concordam num ponto: o filme é muito bom e de forma alguma pode ser classificado como um “menor” de Wong Kar-wai.

Duas frases se destacaram, para mim: As pessoas dizem que quando você não pode ter o que quer, o melhor a fazer é não esquecer. E: Quanto mais se tenta esquecer alguma coisa, mais essa coisa fica presa na memória. Uma vez alguém disse que a melhor forma de se esquecer alguma coisa é manter essa coisa na memória.

Disso tudo, só digo: eu gostei... Mas acho que Gran Torino deve ser mais fácil.

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