março 31, 2008

Dia de concurso


Tinha um ror de gente. Falavam em cinco mil inscritos, todos lá, fazendo prova. Bom, para o cargo que eu tentava – Editor III - tinham 760 pessoas. Todas atrás de duas vagas, com salário de R$ 9 mil. É mole? Todo mundo quer um salário bom, fixo e seguro, no governo. E daí que é pela CLT? É aposentadoria pelo teto, na certa...

Me senti de volta aos vestibulares. E não gostei. Não gostei na época certa, imagine agora! Provinha chata, 60 questões, dizia a capa do caderno de questões. Claro que teve uma cururua que foi fuçar no fim da apostila. E viu que só haviam 53 questões – cadê o resto? Descobrimos que todo mundo estava com o caderno incompleto, não apenas na sala onde eu estava, mas em todas as classes. Veio uma moça simpática, avisou que a folha faltante já estava vindo e que era para a gente ir resolvendo o resto.

Foi o que fiz. No segundo texto, eu já bocejava. Se esse é o tipo de texto que eles entregam para a gente editar, não sei se terei saco pra isso, não (mas primeiro tem de passar, né, companheira?). Eu não interpreto textos, eu leio, apreendo o conteúdo e trabalho com isso. No meio, questões gramaticais. Comecei a rir logo na primeira. E dei muita risada, por todo o tempo. Tem aquelas piadas particulares, que a gente lembra nas horas mais impróprias. E tem a piada que a gente mesmo é... A cereja do bolo foi um cálculo para quantidade de papel necessária para se imprimir uma revista com páginas de tamanho x. Tenho certeza de que essa eu errei. E o povo, na saída, ainda discutia o cálculo!!! Lá pelas tantas, saí para fumar um cigarro - e mais uma vez a sensação de colegial: só podia no banheiro!

Mas encontrei um monte de gente conhecida, gente que gostava antes e que gostei de encontrar agora. Tinha gente que não gostava antes e que não gostei de encontrar agora, mas isso passa. Só na classe onde estava, tinha quatro conhecidos - a quinta pessoa que eu sabia que ia, não foi. Terminei a prova em menos de duas horas. Fiz questão de fazer hora na saída, esperando as outras pessoas pra jogar conversa fora, ter notícias, saber o que andam fazendo. Foi gostoso.

No fim, devo confessar, me diverti. Não com a prova, mas com as pessoas. E com o programa – de índio, tá bom... – diferente. Fiquei pensando em como está a vida hoje, para um monte de gente se abalar num domingo à tarde pra fazer uma prova três horas e meia de duração. E, se boa parte dos que estavam lá só buscavam a segurança de um salário garantido, alguns foram porque se encontram absolutamente sem saída. Para esses vai a minha torcida. Bem ou mal, tem caído alguma chuva na minha horta.

Tem horta que não vê água faz tempo....

Sem comentários: