dezembro 27, 2009

Feliz Ano Novo!


Domingão pós-Natal deveria ser cheio de preguiça e nada a fazer. Preguiça, tem. Mas hoje é dia de trampo. Frila é isso: pega o trabalho quando e como vem. Sem reclamar, porque só Deus sabe quando virá outro. E vamo que vamo, na expectativa de uns dias de descanso na praia. Mas só a partir do dia 30. Antes, tem montões de coisa a fazer.

E tudo o que eu queria fazer nesses dias era ficar à-toa, lendo as bobagens que baixei ou que ganhei de presente. Jogando Wii – ganhei a guitarra e agora dá pra brincar de George Harrison no Rock Band dos Beatles. Devo confessar que sou uma completa monga, mas me divirto. Ganhei coisas lindas – muitas eu tinha pedido mas não esperava ganhar; outras foram surpresas gostosas. Como a Acqua di Erba da Officina Profumo Farmacêutica di Santa Maria Novella. Ou a caneca de chá com coador e tampa, do tipo daquelas que eu costumo namorar nas vitrines das lojas de chá. E, claro, a guitarra...

Aproveito o momento sossegado, com o Bublé sussurando no alto-falante, para me despedir deste 2009 que começou em baixa total e termina forte. Não foi um bom ano – sofri o diabo com a falta de trabalho e a conseqüente falta de dinheiro. Mas deu pra tocar e me mostrou que posso contar com meu povo sempre. É bom se sentir querida, amada, cuidada – e é assim, com eles.

Acho que neste ano não volto mais. Mas prometo bater ponto no ano que vem. Que, se Deus quiser e ajudar, será muito, muito bom. Será o ano do Tigre, o meu ano, ano de mudanças radicais, segundo o horóscopo oriental.

Será? Então, que venham as mudanças!

dezembro 16, 2009

Trabalho e lazer

OK, o último post foi triste mesmo. Peço desculpas se deixei alguém preocupado. Não era minha intenção, só queria por um pouco dessa tristeza toda pra fora. Ajudou, sem dúvida.


Depois, amarrei dias de trabalho bravo, um suplemento que saiu hoje (já é madrugada do dia 16. Foi ontem). E devo dizer que gostei muito da capa que escolhi. A amostra taí do lado. Melhor que isso: o cliente adorou. E assim ficamos todos satisfeitos – só a parte da grana é que pega, porque só vai sair no ano que vem. Tá bom, no mês que vem. Que já é ano que vem. Bom, mas deu trabalho. Como eu disse pra filha, que escreveu algumas matérias, fazia tempo que eu não usava a foice com tanta vontade. Explico: pedi aos repórteres que escrevessem um tanto pra encher uma página. Só que o espaço não foi tudo isso. Então, vamos cortar matéria – ou usar a foice. Desde quando comecei a fazer o trabalho de copy desk tenho pena de cortar matéria. Mas aprendi que não tem jeito: jornal não estica, o espaço é limitado. Então, continuo com pena – mas corto. Com cuidado, pra não truncar idéias, não alterar pensamento, não mudar conteúdo. E corto. A gente aprende também que dá pra dar o recado usando muito menos palavras...


A propósito de final de ano, coloco aqui também o cartão que montei para os amigos. Enviei para alguns, mas coloco aqui porque também achei que ficou bonito. Fiz outro, comercial, mais formal. Bem coisa de empresa. Isso é outra coisa que gosto de fazer: brincar no Photoshop. De vez em quando dá certo e sai coisa que presta...

Agora vai começar a correria de Natal. Que, pra mim, nem é correria. Uns poucos presentes que faltam; a ceia, que será frugal e bem petit comité. Trabalho, de novo, acho que só no ano que vem. Que será no mês que vem.

Tomara que venha mesmo!

dezembro 04, 2009

Tristeza profunda

Não são comuns esses momentos. Mas existem. E o melhor a fazer é aceitar, se recolher com eles e esperar que se retirem. Geralmente não demora muito, às vezes eles ficam quietinhos dentro da gente, sem aparecer. Mas a gente sabe que eles estão lá.

Tristeza, melancolia. É disso que estou falando. Acho que estou com isso há algum tempo, mas faço de conta que não – uma hora, passa. Ou vem tudo pra fora, numa avalanche dolorida, mas que alivia. Hoje não é um bom dia pra botar tudo pra fora. Talvez à noite, talvez amanhã. Agora, não. Mas não sei se vou conseguir segurar.

Abri o jornal de manhã e tomei um susto. Um amigo morreu. Fazia tempo que não o via, acho até que nem estava doente. Pelo menos ninguém havia comentado sobre isso. Porque tem aquelas pessoas que a gente espera saber que se foi, às vezes até torce pra isso. Esse, não. E foi um choque.

Aí aquele aperto no peito que estava quietinho veio com tudo. Porque, mesmo sem encontrar aquele amigo, eu sabia que o mundo continuava contando com a alegria de viver dele. Agora, não mais.

O mundo ficou mais triste. Eu estou triste.

*** *** *** *** ***

Botelho, a gente se encontra em algum momento do lado de lá. Manda lembranças pro Chico Watson e pro Dudu. Não bebam todas, guardem um pouco pra mim. Beijo grande!!!

dezembro 02, 2009

Violinista pé no chão


Essa loirinha maluca que toca violino, dança, pula, sorri e se diverte, tudo ao mesmo tempo é Máiréad Nesbitt (não me pergunte como se pronuncia o nome dela – conseguir ler já é o suficiente). Gosto de música irlandesa e, fuçando, descobri uma coisa que muita gente já deve conhecer: Celtic Woman, um espetáculo que reúne quatro/cinco sopranos com as vozes mais angelicais que um ouvido pode ter ouvido e essa violinista. Os vídeos que vi no YouTube mostram trechos de três espetáculos, cada um feito num castelo diferente. Esse, que estou postando, foi no Slane Castle, na Irlanda, em 2006. O nome da música é Granuaile’s. Baixei alguma coisa pelo Torrent – e é de arrepiar.

O Riverdance sempre me fascinou, mas confesso que sempre fiquei encafifada com essa coisa de não mexer os braços, só as pernas. Parece que essa moça Mairead arrumou uma solução pra isso.

Ela, a gente tem de ver. E curtir junto.

dezembro 01, 2009

Hora do intervalo


Pra quem só sai de casa de vez em quando – não é reclamação, não, é constatação e gosto -, a grande diversão é a TV. Já disse e repito: sou maníaca por séries, se bem que ultimamente as reprises me deixam entediada. Novidade, mesmo, são as propagandas.

Vira e mexe eu cito alguma por aqui. Ultimamente dou risada sempre que vejo as morsas. “Você ficou maluco? Morsa não dirige”, diz uma. “Nem fala”, completa a outra. Sei que a propaganda é de um carro, não sei a marca. Aliás, carro é uma coisa que raramente me chama a atenção, a não ser que esteja atrás de um taxi pra ir a algum lugar... Mas as morsas são ótimas – não achei imagem delas, então vai de parentes delas. E nem vou me surpreender se nos próximos dias aparecerem morsas bonecos pra vender nos cruzamentos da cidade.

O casamento grego no qual o rapaz sai quebrando tudo pela casa já ultrapassou a barreira da paciência. É hora de o anunciante arrumar outro filme, porque esse já deu o que tinha que dar, se é que deu alguma coisa além da inveja do bolso do sujeito, que compra tudo o que quebrou sem pestanejar e ainda sorri, constrangido. E o sujeito que vai de loja em loja perguntando preços e sai rebolando para, no final, fazer a mesma coisa na frente de uma tela de computador? Ridículo. Até agora não entendi o que ele fala ou porque faz tudo aquilo...

Graças a Deus parece que deram um tempo à invasão de banheiros que me deixava agoniada. Ou será que eu é que parei de prestar atenção? Bom, pelo menos parei de me sentir invadida, o que já é uma boa coisa.

Já deu pra notar que eu vejo as propagandas, mas não sei quem anuncia. Desconfio que não é essa a intenção dos publicitários e anunciantes, que querem ver fixadas suas marcas. Comigo, porém, é assim que funciona. Mas como sempre digo ao povo que lida com comunicação, não adianta a gente se basear nos iguais: quem lida com comunicação sempre tem uma visão diferente do povo popular, como definia o Ruffato, nos bons tempos do JT.

E assim o tempo passa e a gente se diverte...

novembro 27, 2009

Gritos e Lua Nova


Tive um momento dejà vu na tarde de hoje. Não foi a situação, foi a sensação. De repente, me vi de volta num show do extinto RPM, no auge do sucesso dos ombros do Paulo Ricardo, no meio de um monte de adolescentes absolutamente histéricas gritando loucamente no meu ouvido. Claro que não foi assim exatamente porque eu estava no cinema, numa sala com capacidade para menos de 200 pessoas. E tinha alguns lugares vazios. E algumas pessoas – eu, por exemplo – não eram adolescentes. Mas os gritos, o frisson, a eletricidade – tudo igual.

Fui ver Lua Nova. Sessão das 16h30, sexta-feira. Vai estar tranqüilo, certo? Errado. Por sorte, anos de treino de concentração no meio do barulho das Olivetti numa redação em pleno fechamento facilitaram minha vida. Assisti ao filme sem grandes sobressaltos e até dei risada da reação da molecada. Tinha visto um vídeo no YouTube da cena em que Jacob tira a camiseta para limpar um ferimento na cabeça de Bella e achei o cúmulo os urros que se ouvem na gravação. Pois no cinema acontece a mesma coisa. Tá certo, o menino está realmente com um corpo monumental – mas precisa tanto? E é no cinema, o sujeito nem está ali no vivo e na cor... Mas dá pra entender porque essa disputa agora sobre quem é o mais gostoso, se Jacob ou Edward.

Ninguém pediu minha opinião, mas eu sou Edward e sua alma romântica, totalmente fora de moda... Sabe o Live with Chivalry, da propaganda do Chivas? Odeio uísque, mas é por aí... Jacob é bonzinho, um cara legal, o ombro amigo. E é só...

Bom, tirando essa parte barulhenta - que agora é até engraçada, este filme dá de 10 a zero em Crepúsculo. Mais bem feito, mais bem acabado. Talvez por causa do novo diretor? Sei lá... O roteiro deixou de lado algumas coisas do livro, ficou no básico. E senti falta de algumas coisas que podem atrapalhar o entendimento pra quem não leu o livro – e outra coisa que percebi é que boa parte do povo que estava lá não tinha lido o livro. Their loss, my gain.

Mas vi a cena que queria tanto ver, o reencontro dos dois em Volterra – e acho que quero ver de novo. “I could never let go of you. I just couldn't live in a world where you didn't exist” – ele não diz isso no livro, não nesse momento. Mas encaixou direitinho. E, mais uma vez, fiquei achando Bella uma pateta de carteirinha. Porque quem ouviu “Bella, you give me everything by just breathing” com a expressão que Pattinson bota na cara de Edward nesse momento, não pode acreditar que o amor dele simplesmente deixou de existir. A foto, aliás, é dessa sequência.

Mas se Bella fosse esperta, não haveria história, certo?

novembro 23, 2009

Meus vampiros favoritos


No post anterior, esqueci de dizer que Edward (Robert Pattinson) nem é meu vampiro favorito. Na frente dele tem o bad vamp Eric (Alexander Skarsgard/foto) e o gostosíssimo Bill (Stephen Moyer), ambos de True Blood. Mas o melhor de todos, pra mim, não tem cara de ator nenhum porque a história não virou filme: é Cian MacCionaoith, Lord of Oiche (noite), um irlandês moreno com os olhos mais azuis que se possa imaginar e que nasceu há mais de mil anos.

Cian é forte, fascinante, sensual. E é um dos personagens do The Circle Trilogy, de Nora Roberts. Já falei algumas vezes que os romances de Nora Roberts são maravilhosos porque enchem os olhos e esvaziam a cabeça. Menti: a cabeça fica cheia de bobagens, sonhos, imagens. Cian tem um irmão gêmeo, Hoyt, um feiticeiro que atravessa os tempos e vem parar no mundo atual. Mas Hoyt não provoca o mesmo efeito, não chega nem perto...

Claro que já dei uma cara para Cian, mas não conto quem escolhi.

A foto de Alexander Skarsgard/Eric, peguei de um blog chamado Taunt, no qual a autora declara em letras maiúsculas: ERIC IS MINE!

Tudo bem, pode levar... Eu fico com Alexander mesmo...

novembro 20, 2009

Lua Nova / New Moon


Estreou Lua Nova. E claro que vi o trailer no You Tube bem antes e hoje amanheci lendo as críticas. O Merten continua sendo um cara de bom senso: falar deste filme do ponto de vista de técnica, de roteiro e outros quetais não adianta. Tem de reconhecer: o filme já era blockbuster antes mesmo de começar a ser filmado, vai atrair milhares de pessoas às salas de cinema, do mesmo jeito que a série em livro vende feito água no deserto. Os fãs do livro não estão interessados em se o roteiro é bom, se foi bem filmado, se os efeitos especiais funcionam. Eles querem ver Edward e Bella, que ganharam corpo e cara a partir de Crepúsculo. E, agora, quem ganha corpo (uau!!!) e cara de verdade é Jacob.

Quando os livros de Harry Potter começaram a vender loucamente, os críticos também desceram o cacete. E só uns dois festejaram o fato de que, bem ou mal escrito, o livro fazia com que os jovens lessem – coisa difícil nesses tempos de informação imediata e internética. Sei que críticos têm de criticar. Mas se a gente esbarra num fenômeno assim tem de pensar um pouco mais fundo, ir além daquilo que está escrito, se perguntar porque cargas d’água a coisa atrai tanto tanta gente. Neste caso específico de público, então, temos mais é que comemorar. Se um décimo dessa legião de leitores se tornar realmente leitor, a literatura é quem sairá ganhando.

Não vou discutir o fenômeno Harry Potter, muito menos Crepúsculo. Além de ser suspeita - sou fã confessa das duas séries -, deixo esse tipo de análise para gente com mais competência e conhecimento, embora duvide que exista alguém que consiga fazer uma análise completa do ser humano. E isso fica pior quando falamos de adolescentes, esses seres maravilhosos e quase míticos que não sabem o que fazer com todas as escolhas que têm pela frente.

Li todos os livros, tanto de Harry Potter como de Crepúsculo. Conheço toda a história do vampiro Edward e da humana Bella, talvez até um pouco mais porque baixei e li o romance inacabado de Stephenie Meyer, Midnight Sun, que conta a história do ponto de vista de Edward.

Agora, minha cabeça adolescente não vê a hora de ir ao cinema para ver a cena em que Bella reencontra Edward em Volterra – o You Tube mostrou umas fotos e, sinceramente, superou minhas expectativas. De qualquer forma, vou esperar um pouco a poeira assentar e reservar uma tarde no meio da semana pra isso.

A cabeça adolescente é impaciente, mas o corpo velhinho não quer saber de filas. E, enquanto isso, curto fotos do Pattinson - ser bonito assim chega a ser desaforo!!!

novembro 17, 2009

Caio Fernando e CDs

Vi no mural do Facebook de uma amiga, extraído diretamente das pílulas de Caio Fernando Abreu: “Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar.”

Sábio Caio Fernando Abreu.

E a palavra chave, aqui, é “acho”. Na verdade, a gente sempre sai das situações. O próprio tempo carrega tudo, muda tudo. Mas nem sempre se consegue sair das situações sem arranhões, físicos ou mentais. E dependendo da situação, deixa pra trás um pedaço de si – e isso sempre é doloroso. Mas passa.

Pode demorar. Mas passa.

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Descolei um link para um site onde se pode baixar qualquer um dos CDs citados no livro 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer (1001 Albuns you must hear before you die), cuja capa reproduzo aqui. No livro, 90 jornalistas e críticos de música internacionais fazem uma seleção do que consideram inesquecível. E teve um cururu com paciência e tempo pra colocar a lista inteira, completa. Nem imagino como deve ser a discoteca desse sujeito, se é que é um só sujeito...

Tem coisas preciosas, outras que não conheço, muitas que nunca ouvi falar e algumas que não suporto. Mas é uma festa: agora mesmo, estou curtindo uma rápida volta à adolescência, ouvindo Mamas and The Papas (California Dreamin’, Monday, Monday...). Claro que baixei um monte de coisas.

Para quem se interessar, o endereço é http://nobrasil.org/1001-discos-para-ouvir-antes-de-morrer/

Uma curtição!!!

novembro 12, 2009

Nando e Eddie


Sabe a coluna Boleiros, que sai no Esporte do Estadão? Cada dia é um colunista. Não leio todos sempre, mas tem dois que acompanho com regularidade: Nando Reis e Antero Greco. E hoje, quinta-feira, o tricolor Nando Reis me presenteou (a mim e a todos seus leitores) com uma pérola preciosa sobre insônia, que transcrevo:

“Dormir, quase consigo, a qualquer hora; é só encostar a cabeça no travesseiro que a respiração já ressoa mais profunda, e a fantasia que promove a invasão do sonho começa a desfilar no pátio volátil da consciência desmaiada. Mas se estou com alguma pendência dependurada no varal dos pensamentos, com algum grilo saltitando no saguão que mora dentro da testa, ou se já um aborrecimento atrapalhando a paz ocasional do espírito, é nessa hora da aurora que o maldito incômodo rouba o tempo precioso do descanso e a cabeça começa a mal pensar. E assim, além do sono, se perde a razão. (...) ... pequenos pecados viram crimes que, anunciados em cartazes espetaculares, nos condenam sem defesa ou julgamento – deitados de olhos abertos na cama, somos culpados!”

Eu também consigo dormir quase que a qualquer hora – e, quando acordo, nem lembro se sonhei ou não. Mas nas poucas vezes em que perdi o sono por causa de alguma maldita preocupação, foi mesmo assim que me senti.

A ilustração, “roubei” da galeria virtual de P. Eric Keys, artista radicado em Santa Fe (New México, USA). É um óleo chamado Insomnia

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Há alguns meses, vi Into the Wild – não sei que nome recebeu aqui – filme escrito e dirigido por Sean Penn. E em seguida baixei a trilha sonora, de Eddie Vedder. O filme é lindo – e triste. A música também e parece que a tristeza cantada por Eddie Vedder fica mais triste ainda. Hoje bateu a vontade de ouvir novamente. Continuo gostando. Do filme, da música, de Eddie Vedder.

Mas não é para todos os dias, não...

novembro 09, 2009

Cordas e focinhos


Fui com o filho ontem ver o show de lançamento do CD Luz da Aurora, de Hamilton de Holanda e Yamandu Costa. Saí encantada com o que os dois fazem com as cordas – bandolim e violão. E um comentário que fiz – “imagine se o Shimabukuro estivesse com eles” – me levou a pensar que os últimos meses foram dedicados às cordas.

Começou com o dito Jake Shimabukuro e seu ukelele, que até valeu um post. Agora, mais recentemente, fui ver Egberto Gismonti – eu não o via há muito, muito tempo. Na primeira vez que o vi, achei absurdo o que o cara fazia com um violão. E ele continua fazendo, trinta anos depois. Não dá pra acreditar que um cara sozinho tira todo aquele som do violão. Depois, teve o Duofel tocando Beatles. E de repente os dois empunham arcos, como se os violões fossem violoncelos! Daí que Eleanor Rigby se transforma numa melodia ainda mais bonita do que já é. E agora, Hamilton e Yamandu, que produzem sequências sonoras que fazem a gente levantar e aplaudir no meio da música.

Achei engraçado que nos três shows nacionais os músicos reclamaram da afinação. Mas o Gismonti explicou que afinação de violão muda até mesmo com a mudança do vento. “Violão é instrumento pra se tocar em casa”, explicou. Ainda bem que ele leva o dele pra fora de casa... E quando Luiz Bueno pediu um tempinho pra afinar seu instrumento, Fernando Melo comentou: “Trinta anos de carreira, mas 16 foram de afinação....” Yamandu arrasou, mas não perdoou: “Esse violão não afina!”

Fiquei pensando no que aconteceria se a afinação estivesse perfeita...

Com tudo isso, fiquei muito feliz por ter investido dinheiro e tempo para levar os filhos a shows, teatros, cinemas. Agora, eles devolvem isso tudo com juros e correção. E tudo com muito bom gosto.

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M
eu Mocó 2.0, o novo espaço de artes e costura, tem uma janela balcão que dá para um terraço onde os gatos adoram ficar. E nesses dias de calor e sol, às vezes saio e fico lá com eles – aliás, preciso providenciar uma cadeira pra mim, urgente! Aproveitei pra fazer umas fotos. A que ilustra este post é uma delas. Em outra hora mostro outras.

A Zucca, o focinho fotografado, adora subir na cadeira para ficar atrás quando a gente se senta. Não me perguntem porque ela tem esse nome. Ela é a Zucca – e pronto!

novembro 01, 2009

Farewell


Fui olhar o blog da filha e encontro um post no qual ela confessa ter abandonado o blog para se dedicar ao twitter. Eu não twito, mas estou no facebook direto. E também meio que larguei meu blog. Mas acho difícil deixar de escrever. De vez em quando uma meia dúzia de palavras não livram a gente daquele peso no coração ou daquela alegria imensa ou daquela satisfação inedizível e inenarrável. Sou redatora, trabalho com textos – o que mais posso dizer? Não digo – escrevo. É assim que as coisas saem.

E isso acontece desde muito tempo atrás. Adorava escrever redações na escola, aquilo que era castigo para muita gente era prazer pra mim. A vontade de transformar isso em ofício veio bem depois. Quando era menina, escrever era gostoso e não imaginava que alguém pudesse ganhar a vida com isso. Claro que também não imaginava que os saltos da tecnologia iriam facilitar minha vida nesse sentido...

Quando eu era menina, a vida era bem mais tranqüila – isso soa como coisa de velhinha contando o passado, mas é verdade. Hoje eu vejo a criançada comentando que o tempo passa muito depressa. Acho que a tecnologia também apressou o tempo. Mas lembrando daqueles tempos, não me vejo ansiosa pela passagem do tempo. Os dias eram muito iguais e seguiam, um depois do outro, sem sobressalto. Domingão era dia de cinema com a mãe. Filmes japoneses, na Liberdade. Cresci achando que todo mundo conhecia os atores japoneses...

E vim parar nesse papo de velhinha lembra o passado sem querer. O que eu ia contar, mesmo, era da mudança do filho – mais uma, porque esse filho já foi e já voltou um monte de vezes. Agora foi pra morar sozinho mesmo. A mudança também foi tranqüila – só o raio do caminhão chegou meia hora antes. Claro que nem tudo estava pronto, mas teve de ser aprontado rapidinho. No fim deu tudo certo. Ainda faltam algumas coisinhas no apartamento, mas isso se arranja.

Importante é que ele parece estar feliz.

Achei a imagem no Google, num site de domínio público. Não tem muito a ver com o que estou sentindo (acho que a moça está sofrendo bem mais), mas achei bem bonita. Então, vai essa mesma!

outubro 23, 2009

Lado ruim, lado bom


Várias horas transferindo arquivos do HD velho para o HD novo. Ganhei vários gigas de memória – mas em algum momento alguma coisa aconteceu e algumas coisas se perderam. Sumiram no éter, coisa assim. Ganhei memória no computador, perdi memória que estava arquivada.

Pior é que uma das memórias perdidas era justamente a memória de trabalho. O caminho era assim: C/Lenita/2M10. C/Lenita foi. 2M10 sumiu. E ali estava todo o trabalho deste ano, que não foi muito, mas estava lá, guardado. E um monte de instruções, pautas, templates... Vou ter de juntar tudo de novo, porque os programas de recovery que passamos mostram coisas deletadas há mais de um ano, mas a minha velha e boa pastinha de trampo... Nada. É como se nunca tivesse existido.

Aí fiquei pensando como os técnicos que trabalham para a polícia americana nas séries (sempre as séries!) conseguem recuperar coisas dos computadores dos suspeitos. Será que lá não some nada? Será que os computadores daqui incorporaram a tal gaiatice brasileira e aprontam mais do que os de lá? Sei não, fiquei bastante desconfiada dos arquivos informatizados...

OK, sei que deveria ter feito um back up dos arquivos mais importantes. Mas uma das causas da mudança de HD foi que o velho não conversava mais com os pen-drives – lidar com velhos é terrível, eles são teimosos demais! Então, o jeito seria queimar CDs – mas ia ocupar muito tempo. De mais a mais, uma simples operação de copy/paste, teoricamente, não oferecia risco algum. Bem teoricamente, reconheço agora.

Enfim, já foi. Na hora, deu vontade de chorar. Senti como se tivessem roubado uma parte da minha vida, uma parte importante e significativa. Depois, pensei que era só trabalho e nada do que foi perdido estava realmente perdido. Dá pra recuperar com algum esforço – é o que estou fazendo.

Bem mais divertido foi recuperar os games. Como tive de reinstalar tudo de novo, as pontuações foram perdidas e é como se nunca tivesse jogado antes. E, de fato, tem coisas tão antigas que tenho de aprender de novo como se joga. Ou seja: tem muita diversão pela frente!

outubro 18, 2009

Trabalhos e séries


E lá se vão duas semanas sem postar uma linha... Bom, eu avisei no último post que estava meio fanática pelo Farmville, um jogo que faz parte do Facebook... Que me encheu o saco esta semana por conta dos paus que deu. Mas acho que um pouco é culpa do meu computador, tadinho. Já está abrindo o bico, com baixa memória virtual, lentinho, lentinho... Mas isso deve ser arrumado esta semana, vou instalar mais memória no bichinho pra ganhar um tempo antes de comprar um novo.

E teve trabalho, também, um caderno que sai todos os anos, sobre um prêmio dado a alguém de destaque na área de educação. Fora isso, voltei a fazer vagonite, mas acho que essa toalha vai demorar um pouco pra ficar pronta. Está ficando linda, mas dá um trabalho danado, que faço à noite, durante os comerciais das séries – e esta semana tem um monte de temporadas e séries novas estreando!

Raising the Bars já vai para o terceiro episódio e está interessante. Mas ainda não me pegou. Por enquanto, a diferença é que os advogados são aqueles que trabalham de graça para defender quem não pode pagar. Ou seja: é o pessoal que está do outro lado do Law & Order. House recomeça também. E.R. anuncia o penúltimo episódio da última temporada – vai acabar mesmo, mas 15 anos depois e sem Michael Crichton na produção já não tem tanta graça. Também vai estrear Vampire Diaries, antecipado – tinham anunciado só pra novembro, mas acho que ficaram com medo de trombar com New Moon, o segundo da série Crepúsculo, que estréia (nos cinemas) em novembro. No fim, acho que um vai ajudar o outro... Three Rivers, aquele no qual o ex-vampiro Alex O’Loughlin (Moonlight/foto) vira médico de transplantes também está prometido para esta semana. Trauma ficou para novembro, e esta vou ver, apesar das críticas que li, por causa do neozelandês Cliff Curtis, que já fez pontas em vários filmes e foi o pai da Encantadora de Baleias, filme que mostra um pouco da cultura maori.

No meio disso tudo, torço pra que role um novo trabalho – devo conversar com um pessoal novo ainda esta semana e, se tudo correr bem, desconfio que vou ter de fazer várias viagens para o interior paulista. Promete ser trabalhoso, complicado – e divertido!

Tomara que dê certo!

outubro 04, 2009

Paixão e desgosto


Adoro Paraty – acho que já falei isso antes, né? Mas é uma verdade que reafirmo sempre que tenho oportunidade. E a Si deu gancho para uma renovada declaração de amor. 20 minutos, 20 fotos, Paraty fotografada “distraída e compulsivamente”, diz ela, em seu Flickr. A cidade pede para ser fotografada, sim, mas existem pessoas que, mesmo distraídas, conseguem captar o espírito dela. Não matei a saudade, mas renovei o sentimento.

Si, roubei uma foto pra colocar aqui, viu?

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Já tem algum tempo que me sinto incomodada com algumas propagandas na TV. No geral, curto os intervalos. Como quase sempre estou fazendo algum trabalho de agulha enquanto vejo as séries, o intervalo é aquela hora de checar se tudo foi feito direitinho ou se é preciso desmanchar pra começar tudo de novo – sinal de que a série estava num momento que exigia mais atenção e acabou com um erro no trabalho.

Mas ultimamente o povo da publicidade deu de invadir banheiros. Isso me deixa indignada. Pra mim, o banheiro é o grande reduto da privacidade. Invadi-lo é crime, daqueles hediondos e inafiançáveis. E é uma invasão ostensiva, com microfones, câmeras e luzes. Só pra falar das propriedades maravilhosas daquele produto de limpeza ou daquele miraculoso creme dental ou o enxaguatório bucal. Que pesadelo!!!

Toda vez que vejo uma dessas propagandas, me encolho e rezo pra nunca acontecer nada desse tipo comigo. Aliás, faço questão de nem prestar atenção na marca do produto – vai que é um desses que uso em casa? Aí serei obrigada a desistir dele, pra não correr riscos... Sei que não vai acontecer, que é só uma propaganda e as pessoas que estão ali receberam para botar a cara no vídeo.

Confesso, porém, que fico sempre com um pé atrás...

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E por falar em publicitários, participei de uma reunião, semana passada, pra discutir temas para suplementos futuros e ver o que é vendável comercialmente até o final do ano. Fiz uma pautinha baseada em datas – e lá pelas tantas tem o Dia Internacional do Publicitário e Dia Mundial da Propaganda. Minha proposta era falar um pouco desse povo que influencia o gosto das pessoas e impulsiona as vendas deste ou daquele produto. Mostrar quem está por trás disso tudo – são gente como a gente? (Tenho minhas dúvidas) Talvez acompanhar um dia na vida de alguém de alguma equipe de criação, quem faz o quê, coisas assim.

Proposta imediatamente descartada. “Publicitário não tem dinheiro”, disse o chefe. “Não anuncia”. Pensando bem, ele tem razão: quem tem dinheiro e anuncia é o cliente.

A propósito, a data é 4 de dezembro.

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Farmville é minha nova paixão. Culpa do Facebook. Culpa do filho que me meteu nisso por causa do Máfia Wars. Não participo do Máfia, mas planto, colho e crio animais de forma quase fanática. Pior: envolvi até a empregada no embrulho...

Computador endoidece mesmo a gente...

setembro 30, 2009

True Blood, II


Acabei de ver a segunda temporada de True Blood. Comecei domingo, tentei economizar e ver aos poucos, mas não deu. Sou gulosa, mesmo. Agora começa outro período de espera – e vai ter outra temporada, não pode acabar assim, do jeito que acabou, com várias pontas que se soltaram no último episódio.

Tara continuou chata, agora com a ajuda de Maryann (felizmente não teremos mais dela numa próxima temporada!) e Eggs (chato, mas um colírio para os olhos). Os momentos mais engraçados têm Jason – claro! – e o detetive Bellefleur, amigos pero no mucho. Sam aprendeu que não precisa ser só um cachorro – aprendeu a mudar para novas formas. Um pouco mais atormentado agora, mas ainda atraente. Tiraram um pouco do brilho de Lafayette, mas acho que o personagem ainda vai voltar a ter destaque. Pelo menos, torço por isso.

Entrou um novo vampiro na minha lista de favoritos, Eric – aquele gigante nórdico, Alexander Skarsgard (tem uma bolinha em cima do segundo “a”, um acento sueco, acho) – que nessa temporada ganha destaque e, pelo jeito, vai ganhar mais ainda no futuro. Afinal, ele também está apaixonada pela Sookie... E os bad boys (deveria dizer bad vamps?) continuam sendo mais interessantes...

Stephen Moyer, o Bill, mostrou que também sabe cantar e dançar. Gostosíssimo – e agora oficialmente par de Anna Paquin, a Sookie. Confesso que vejo as cenas dos dois juntos e fico pensando se são assim também na vida real. Seja como for, devem ter excelentes momentos. Na temporada, ele diz a Sookie que a ama, com todas as letras, logo no primeiro episódio e no final a pede em casamento num restaurante francês chiquésimo, fechado só para eles (a foto é desta seqüência). No meio disso tudo, o casal ajuda a salvar a comunidade vampírica de Dallas e ainda tem de correr pra livrar Bon Temps de Maryann.

Agora é esperar. De novo. E acho que só no ano que vem vou ter mais... Enquanto isso, revejo os episódios.

setembro 27, 2009

Repensar o quê?


Escrevi hoje no meu Facebook: Sabadão de sol depois de dias e dias de chuva e tempo nublado. E meu horóscopo diz pra eu ficar quietinha em casa, repensando a vida...

Sem nada pra fazer, fiquei em casa. Cacei um trabalho qualquer pra passar o tempo. Comecei um bordado que acho que vai ficar bem bonito. Vi as séries de todo o sábado. E caí na asneira de ver Razão e Sensibilidade seguido de A Idade da Inocência. Mau negócio. Esqueci que Idade da Inocência me deixou muito mal e cheia de questões na cabeça. Foi assim no cinema e agora, de novo, na TV. Sabia que tinha algum motivo para não querer ver, mas acabei vendo. Pra quem não pretendia passar o dia repensando a vida, acho que agora vou passar a noite fazendo isso.

O filme é visualmente lindo, bem feito (pô, é Scorsese!). Mas vai corroendo a gente. Primeiro irrita. Depois, incomoda. E continua incomodando até a gente conseguir se desligar – o que, espero, não demore muito.

Não gosto de ficar assim, meia cismada com o que já passou. Passou, acabou, já era. Não adianta chorar, reclamar, espernear – aconteceu e não tem jeito de se mudar nada. Nem imaginar se seria diferente de outro jeito. Naquela hora, foi daquele jeito. Adianta querer mudar agora?

Não vou repensar nada. Vou é caçar meu sono lendo uma bobagem bem grande.

Mas coloco a foto de uma das cenas mais bonitas do filme.

setembro 20, 2009

Afinal, a Babiana!


Quando a Si me deu o bulbo, as instruções de uso diziam que a planta floresce no final do inverno. Pelo andar da carruagem, achei que não seria bem assim. Mas foi: uns dez dias atrás, despontou um cabo com vários botões. E a três dias de acabar o inverno, aí está Babiana, singela e roxinha, linda! E, pelo jeito, mais babianas virão...

*** *** ***

Domingão de preguiça fica pior depois de um sábado em que se meteu o pé na jaca. Ou, mais na real, se caiu de boca na cerveja. Acho que pesou o conjunto da obra: semana de muito trabalho e tensão, pouco tempo de sono, muita cerva (com a ajuda de um garçom muito simpático, que não me deixou ver o fundo do copo). Acabou que cheguei em casa e capotei – isso depois de uma soneca brava no carro, na volta. Dormi no sofá mesmo, nem vi direito as séries que queria ver. Pra levantar, tomar um banho e continuar dormindo na minha caminha. Pelas minhas contas, foram 14 horas de sono. Bastante pra recuperar o atraso e ficar molinha, molinha...

Pra ajudar o estado de espírito preguicento, o dia está cinza e meio friorento. Desconfio que vou dormir de novo à tarde...

setembro 15, 2009

Tênis e coração


Não adiantou não dar foto do meu favorito com medo de secar. Juan Martin del Potro, o meninão argentino, levou o título do US Open em cima do meu Rogerinho. Tudo bem, o Rogerinho já tem cinco títulos do open americano e ganhou uma montanha de dinheiro. É justo ter um novo campeão. E Del Potro fez por merecer. Jogou muito, impressionantemente bem. É meninão porque tem quase dois metros de altura e só 20 aninhos.

Mas minha paixão continua sendo o Rogerinho...

*** *** *** ***

Passada a novela dos transplantes de órgãos, já estou no meio de outra, esta de coração. Tudo a ver, né? Mas esta deixa pulgas atrás da orelha, o tempo todo. É ruim falar em vida saudável e verificar que se está fazendo tudo errado. Piora quando a gente percebe que não quer mudar. Ou não tem como mudar. Bom, pra consolar, fica a certeza de que, do ponto de vista da vida saudável, cometo um monte de erros. Então, se der problema – os médicos são unânimes em dizer que vai dar problema -, sei porque vieram. E não vou reclamar...

Tem algumas coisas curiosas. Por exemplo, o cliente fala em manter o coração jovem. Um médico que entrevistei disse que isso é impossível. O seu corpo tem a sua idade – ou mais, dependendo da forma como você o tratou ao longo da vida. É impossível alguém ter 50 anos e um coração de 20 anos – só se foi transplantado... Então, é inevitável que alguma coisa pife em algum momento. Levar a tal vida saudável, com alimentação sadia, exercícios físicos, sem excessos, fumo e álcool, sem dúvida retardam o momento de as coisas pifarem, mas não rejuvenescem. Então, aconselhei o cliente, vamos falar em coração saudável, que serve para qualquer idade...

Confesso que minha consciência pesou. Assim, por uns dez segundos. Até eu lembrar das maravilhas de uma bela feijoada, de uma linda carne seca pra ser comida com abóbora, de uma bela bisteca de porco, do prazer do cigarro depois do café. Meu pai dizia que o que a gente faz com vontade não faz mal – foi esse o argumento que ele usou pra convencer minha mãe a me dar um suculento bife logo depois de o médico dizer que eu estava com hepatite e deveria evitar comidas gordurosas. Muito sábio, meu pai.

Consciência pesada, que nada! Relaxei e deixei passar...

setembro 10, 2009

Vampiros e despedidas


Falei que ia comentar a tal nova série que a Warner está anunciando, mas não diz quando vai começar e hoje a Folha dá uma matéria sobre a estréia da tal série nos Estados Unidos. Sem muitos detalhes sobre a própria, só as linhas gerais e mais sobre o produtor, que é o mesmo de Dawson Creek.

Bom, The Vampire Diaries, baseado nos livros de L.J. Smith, está anunciado, no Epguide, para estrear em 5 de setembro. Mas o piloto da série já foi mostrado numa megafeira nos Estados Unidos e quem viu já contou o que viu. Li os dois primeiros livros (acho que ainda tem mais dois, embora digam que é uma trilogia – isso parece dúzia de banana da feira, sempre vem 13 bananas) e mais de uma vez tive vontade de entrar no livro e encher o tal Stefan de pancada. Pior que não ia adiantar nada – pelo jeito, ele é chegado a uma autopunição. De todos os vampiros que conheci, este é o mais banana. Tanto que a gente custa a acreditar que ele tenha sobrevivido por séculos e séculos. O irmão dele, Damon, também vampiro, é mau até o último fio de cabelo, mas muito, muito mais interessante (por que a gente sempre fica mais atraída pelos bad boys?).

Pelo que soube, a história muda um pouco na série. Elena, a mocinha da história, ganha um irmão, Jeremy, (no livro, ela tem uma irmãzinha) e não é a garota mais popular da escola. Aliás, curiosidade: quem faz Jeremy é Steven R. McQueen, neto do saudoso e falecido Steve McQueen (Sete Homens e um Destino, Fugindo do Inferno). Paul Wesley, que faz Stefan, é cara conhecida nas séries – e sempre faz papel do garoto bonzinho, embora tenha feito um assassino num episódio do Law & Order SVU. Mas aí ele foi influenciado pela irmã manipuladora de mentes... Não consegui saber se o personagem da série vai ser um pouco mais esperto do que o do livro. Pelo jeito, a legião de fãs que viu o piloto e até já formou comunidade e montou sites, não vê o Stefan da mesma forma que eu e acha que tudo bem ele ser um bobalhão.

A personagem mais interessante, Bonnie, amiga de Elena, também está na série, na pele de uma negra muito linda, Katerine Graham. No livro, Bonnie é branca, descendente direta dos druidas e tem momentos de transe, quando vê o futuro.

Bom, o jeito é esperar pra ver. E, para comprovar os bons efeitos da genética, vai a foto do Steven, neto do Steve.

*** *** ***

Até mais!

Até logo, companheiro Saul. Reserve um bom lugar pra mim na mesa que eu sei que você deve estar preparando do lado de lá. Aqui, a gente fica um pouco mais triste, sem o seu espírito.

Uma hora a gente se vê de novo...

setembro 08, 2009

Chuva e tênis


Dia de luz, festa do sol e o barquinho a deslizar, no macio azul do mar...

Ledo engano: nem amanheceu e o mundo despencava sobre nossas cabeças. Não era chuva, era tempestade mesmo. Direto, sem parar. Dizem que tem o tal El Niño (ou é a La Niña?) atrapalhando o clima, causando essa revolução no nosso inverno/primavera. Mas não podia vir menos molhado?

Bom, não dá pra ter controle sobre isso. O Pedrão lá em cima deve ter motivo de sobra pra despejar esses baldes todos em cima da gente. Parafraseando Nelson Rodrigues, ele pode não saber porque está nos castigando, mas a gente sabe porque está recebendo o castigo...

Assim, nem luz, nem festa, nem sol. E o barquinho, se foi pro mar, pula mais do que pipoca.

Em Nova York, é verão e faz sol. E o US Open rola solto, com Federer (o Rogerinho), Nadal, Djokovic e outros na TV, ocupando boa parte do meu dia. De vez em quando, uma zapeada pra ver o que acontece nos outros canais – vai que a gente descobre um novo seriado? Numa dessas, fui parar no VH1, num unplugged do Bon Jovi. I ain’t gonna live forever / I just wanna live while I’m alive / It’s my life, cantava o moço junto com o Richie Sambora, aquele que foi casado com a Cher. Sempre achei Bom Jovi um homem bonito, nunca me liguei nas músicas dele. Mas, neste show, me chamou atenção o traseiro do moço – uh-la-la!!! Fui caçar no Google images alguma foto que lhe fizesse justiça. Decepção total: 23 páginas depois, descubro que fotografaram até os bíceps do moço, mas o traseiro... nada!

E porque não achei Bon Jovi, vamos com a foto de James Blake (foto de Rob Loud/usopen.org), o crioulo americano que eu acho uma gracinha e que já está fora do torneio. Perdeu para o espanhol Tommy Robredo, que também foi devidamente despachado para casa pelo Rogerinho. Aliás, o US Open chega às quartas-de-final sem nenhum americano.

Não dou foto do meu favorito – vai que eu seco o moço, né?

*** *** ***

Falei em seriado e tem um novo anunciado pela Warner. Mas esse é um assunto para o próximo post... Aguardem!!!

agosto 22, 2009

R.O.R.

Acabo de descobrir hoje – era para ser ontem, mas depois das 19h00 não olhei mais os e-mails – o verdadeiro significado de “tirar da reta”. Ou, para adotar o termo empregado por um dos palestrantes do congresso que cobri, R.O.R. – rabos on the retas. Porque depois de intermináveis idas e vindas remendando textos, aumentando, reduzindo, tirando informações, pondo informações – é aquele trabalho que vem se arrastando desde o início de julho, o de doação de órgãos, lembram? – o cliente me vem com a seguinte recomendação:

Temos que inserir no guia a seguinte frase: Toda informação contida nesta publicação é de inteira responsabilidade dos seus autores e não reflete necessariamente o posicionamento da Novartis, que apenas apoia sua divulgação.

Perguntinha de algibeira: Se a informação é de inteira responsabilidade dos autores (no caso, eu), por que eles mexeram e alteraram os textos? Os textos não são meus. Os meus foram se perdendo ao longo das mudanças. Mas o nome de “jornalista responsável” é o meu e a edição vai no nome da minha empresa. Então, se houver alguma coisa errada, a culpa será minha.

Claro que confio nas informações que serão divulgadas. Afinal, elas foram vistas, revistas e alteradas por gente que teoricamente entende muito do assunto. Ou será que essas pessoas confiam tão pouco no que fazem que não querem assumir a responsabilidade do que fizeram? Então, por que mexeram? Do que eles têm medo?

Sei de uma coisa, mas isso é uma conclusão só minha: se eles não confiam nas informações que fornecem e precisam arranjar alguém pra servir de escudo, como alguém pode confiar nos remédios que eles produzem? Ou será que, por outro lado, tanto cuidado só aumenta a confiabilidade?

Só sei que estou indignada. Mas vou colocar tudo o que eles pediram, só pra me livrar logo desse abacaxi.

E já estou rezando fervorosamente para não ter nada semelhante nos próximos meses...

* * * * *




Reclamar da vida e do trabalho é muito chato. Então, fui fotografar minhas flores no jardim, pra postar aqui. Isso, sim, faz bem a alma e ao espírito.

Não resisti e fotografei, de novo, os cachos das branquinhas miúdas, cujo nome não sei. Estão lindas e risonhas. E são perfumadas! As orquídeas miudinhas, de miolo lilás, são as dendrobiuns, que ainda tem um monte de botões. A Cymbidium rosa começou a abrir no meio da semana e suas flores se destacam no meio dos galhos floridos da azálea rosa.

Concorrendo com as orquídeas, a (acho que é) dipladenia abriu sua primeira flor deste ano, de um rosa pink que acho super-alegre. E, no quintal, o capuchinho botou também a primeira flor do ano, vermelha e vibrante – se for como no ano passado, não vamos dar conta de comer todas... Mas sempre a primeira do ano a gente deixa pra ficar admirando.

Como é bom ter um jardim florido!

agosto 20, 2009

Na ativa


Mudando de pato a ganso, com uma passagem pelos periquitos. E ontem, quando me consultaram sobre um possível trabalho, pensei que hoje em dia posso me considerar especialista em coisa alguma. Saí da doação de órgãos furiosa, mergulhei indignada nos jovens talentos, entrei resignada e preocupada no Conarh. Virá Vila Mascote? Só Deus sabe... Mas, no final das contas, acaba sendo divertido.

Porque fiquei pensando no que faria se não tivesse essas coisas. Claro, sempre tem minhas linhas e minhas costuras. E os joguinhos no computador. E as séries na TV (essas, não abandono). E meus livrinhos bem pouco sérios. Mas tudo isso me mantém dentro de casa, sem contato com outras pessoas, sem ouvir ou saber de outras idéias. O jornal ajuda, mas não é a mesma coisa.

Ontem ouvi o Fernando Henrique Cardoso. Gosto desse cara, das idéias dele, do jeito dele. E foi muito, muito interessante. Depois, mais duas palestras, uma de uma mulher fascinante e outra, intrigante, sobre a formação dos grupos do Médicos Sem Fronteiras. Sempre me pergunto o que leva uma pessoa a deixar sua segurança pra enfrentar guerras, rebeliões, doenças. Tem de ser especial – e era disso que a moça falava: como administrar um monte de gente especial.

Bom, interessante, divertido. O fim de semana, se a disposição ajudar, vai ser de elaboração de textos. Muitos e diversificados. E de recuperação: ontem cheguei em casa exausta de andar e prestar atenção. Muita informação pra ser assimilada. Hoje e amanhã, já sei, vai ser a mesma coisa. A vantagem é que a prática volta rapidinho. Trabalhar é como andar de bicicleta, a gente apanha um pouco no começo, quando retorna, mas logo pega o jeito.

Ah, sim: doação de órgãos ainda não saiu. Estamos à espera da aprovação da segunda e terceira capas – felizmente, a minha parte já está toda aprovada. Que gente lerda! Provavelmente, quando sair, até vou achar bom e bonito. Porque já passou tanta água debaixo da ponte que os peixes que estão por lá são outros, as plantas são novas e as pedras, mais redondas. Então, vai ser engraçado ver uma coisa do passado, que será atual mas pra mim vai ter cara de velho...

E assim a vida segue....

* * * * *

Minhas orquídeas que estavam em botão abriram. Mas não deu tempo de fotografar. Elas duram, então no fim da semana eu faço isso.

E prometo mostrar.

agosto 12, 2009

Finais primaveris


Sabe o post de 23 de julho, no qual falo dos desacertos entre jornalistas e publicitários? Pois, pesquisando meus e-mails à procura de uma informação que não tinha nada a ver com o assunto, descobri que esse trabalho começou em 8 de julho – e, alvíssaras!, acaba de ser aprovado pelo cliente. Foram pelo menos dez acertos de textos, mais 15 PDFs (cada vez que se mexia no texto, tinha de alterar a diagramação, já que os tamanhos mudavam...). Mesmo agora, após o aviso de aprovação, ainda vieram alguns “pequenos acertos”. Esse povo demora a acertar o que quer.

Mas, eu acho, que eles não sabem o que querem até ver um esboço da coisa. Aí começam a pensar e aí vem aquele monte de sugestões, às vezes totalmente desencontradas. É então que começa o meu pesadelo. Este foi particularmente difícil – e durou mais de mês, com piora sensível nas últimas duas semanas. Mas agora, pelo jeito, acabou – graças a Deus! E que Ele me livre de clientes semelhantes pelo menos nos próximos seis meses!

Amém!

* * * * * *

Eu ia fazer isso ontem, mas São Pedro não ajudou. E hoje – parece de propósito! – a máquina estava sem bateria. Mas, no fim, deu tudo certo. E minhas flores estão aí, devidamente documentadas.

A Cymbidium amarela está com um ramo lotado de flores de um lado e com outra ponta cheia de botões do outro lado. No chão, a Cymbidium rosa promete florescer logo, logo – tem um galho cheio de botões – quando abrir, fotografo e mostro. As Olho de Boneca, pequeninas, também estão com botões começando a colorir. As orquídeas minúsculas, branquinhas, que dão em cachos, estão cheia de galhos floridos. E ao lado da garagem a azálea está coberta de lindas flores rosa salpicadas de vermelho.

Espero que conforme o tempo for esquentando, os hibiscos marquem presença, como no ano passado. O vermelhão já botou uma flor, pequenina mas promissora. Se bem que o amarelo está com cara de que morreu, provavelmente afogado no meio de tantas plantas em volta – desconfio que meu jardim não comporta o tanto de flores que acho que tenho de ter... E tem uma florzinha nova, cujo bulbo plantei há algumas semanas e que já está com uns 20 cm de folhas: é a Babiana, que não conheço e estou morrendo de curiosidade pra ver.

Se continuar assim, a primavera no meu jardim vai ser um arraso!!!

julho 28, 2009

Bobalhona, Anta, Otária. Escolha...


Odeio me sentir passada para trás. Claro – eu e a torcida de todos os times. Mas, no presente momento, pode me chamar de Bobalhona, Otária, Anta – qualquer opção vale.

Foi assim: num sábado, bate à minha porta um cururu de aparência absolutamente comum, perguntando por mim. Disse que era empregado de uma casa vizinha, que a vizinha tinha saído e que agora ele precisava completar o dinheiro da condução para levar a mãe ao hospital ou para casa, sei lá. O fato é que ele estava com uma senhora ao lado. Contou uma longa história, disse o nome da vizinha da qual ele era empregado, o número da casa e jurou de pé junto que na segunda bem cedinho devolveria o dinheiro – R$ 10,00 que a Anta aqui entregou. Ainda espero pelo dinheiro. Sentada, porque de pé cansa.

Em outra semana, outro sábado, outro cururu igualmente comum bate aqui, pede para falar com a dona Lenita, diz que é irmão da vizinha do 495 (duas casas acima da minha) e que a empregada estava deixando a comida pronta para o final de semana e que o gás acabou. Diz que havia chamado o entregador, mas aí descobriu que faltavam R$ 30,00 para completar o valor do botijão. E então resolveu sair e apelar para a ajuda dos vizinhos, que a irmã voltaria no final da tarde e devolveria o dinheiro. Claro que a Otária caiu de novo.

Não contente, fui falar com a vizinha do 495, pra ter certeza de que tinha caído mesmo no golpe. Confirmado. Meu consolo é que o vizinho com quem conversei também já tinha entrado num conto semelhante. E a pessoa que bateu à porta dele citou nomes de pessoas que ele conhece, que moram na rua paralela. E ele, igualmente, morreu com uma pequena quantia.

Não é pelo valor. No fim das contas, o dinheiro era pouco. Duro é saber que é fácil ser enganada. Que é trouxa total - só falta a carteirinha assinada. Acho que muita gente faria o mesmo. Mas isso não é consolo - é a constatação de que o clube dos trouxas é mesmo muito grande...

Com isso tudo, a história de querer ser uma boa vizinha foi para o brejo. Claro que a contrapartida também vale – melhor não contar com os vizinhos. Isso tudo vai contra uma das coisas mais básicas que aprendi desde a infância, da convivência cordial e solidária com as pessoas que moram ao lado.

Aprendi, quando morava em apartamento, que vizinho é alguém que por acaso está na porta ao lado. Bom dia, boa tarde, sem contato manual e quase sempre nem um sorriso. O controle de quem entra e sai é do porteiro. Casa é diferente. A campainha está lá, disponível pra quem passa pela calçada. Então, contar com os vizinhos é fundamental. Sem se meter na vida deles, mas sempre disposta a colaborar, a cooperar.

Acho que vou ter de aprender outras políticas de vizinhança. Parece que nos dias de hoje ter boa fé e acreditar nas pessoas é sinônimo de ser otária...

julho 23, 2009

trombadas


Mais uma vez eu trombo com a linguagem publicitária/ marqueteira... Toda vez que eu acho que a jornalista morreu ou foi esquecida, ela reaparece, indignada com as exigências dos clientes...

Depois do tanto de trabalhos comerciais que fiz no ano passado, achei que isso tudo tinha sido superado. Preciso trabalhar pra ganhar dinheiro. O trabalho que aparece exige que a alma jornalista dê lugar a uma alma publicitária que nunca tive, mas que preciso desenvolver. Uma coisa leva a outra, então vamos deixar de lado os pruridos do tal compromisso com a verdade (hoje em dia, nem quem é jornalista leva isso a sério...) e fazer a vontade da clientela.

Continua difícil. Acho que preciso colocar um cartaz na minha frente com os dizeres “o cliente tem sempre razão” pra não esquecer disso toda vez que alguém pede um texto “mais leve” – isso, acho, para os publicitários, significa não dizer tudo, só contar a parte boa.

Agora tem esse trabalho que é parte de uma campanha maior. E, claro, já engoli uma dúzia de sapos com os caras pedindo textos mais leves. Que fiz, conforme a vontade deles – e eles adoraram. O sapo é meu, afinal de contas.

Mas fico pensando em outras campanhas das quais não fiz parte. Será que elas são assim mesmo, só revelam a parte boa da coisa que estão pregando? Deve ser, porque senão as pessoas não irão apoiar, nem participar... Será que isso é justo?

O mais engraçado foi ouvir o publicitário dizer que leu os textos “como se fosse uma pessoa comum”. Disse a ele que não era verdade. Nós, pessoas que trabalhamos com comunicação, jamais seremos termômetros de pessoas comuns. Por mais que a gente tente, não conseguimos. Tem um filtro interno, desenvolvido pelo ofício, que faz a gente olhar um texto sempre com olhos críticos. A gente acha que é pessoa comum - e é, em muitos outros sentidos. Nesse, não.

Tem de ser muito ingênuo pra não perceber isso...

* * * * *

Meu termômetro de povo popular é a Adelina. Através dela, fico sabendo o que o povão acha de um monte de coisas. O mais engraçado – eu vivo tirando sarro da cara dela por isso – é que ela profere as coisas como se fosse a maior expert no assunto. Hoje, na hora do almoço, falávamos sobre a tal gripe suína e ela me saiu com essa: “Ela é poderosa, porque é tríplice. Juntou a aviária, a suína e mais outra que não lembro”.

E não adianta tentar explicar que gripe é gripe e é mutante e evolutiva. Que a cada ano mudam as características da doença, porque ela nunca é a mesma. E que a tal gripe suína é perigosa, sim, quando se junta com alguma outra doença ou deficiência que a pessoa tenha. Ela ouviu a frase no rádio – só a frase, como se não tivesse nada antes, nem depois. E o que o rádio fala é verdade absoluta, mesmo que seja só uma frase solta em um contexto desconhecido.

De novo a alma jornalista trombou com o povo popular...

julho 10, 2009

Morte e doação


Pintou um trabalho que toca num assunto delicado: doação de órgãos. Delicado porque, para se falar nisso, tem-se necessariamente de se falar em morte – as doações de órgãos em vida são poucas e quase sempre entre familiares próximos. E se o caso é salvar alguém próximo e querido, a gente nem discute. Faz e pronto.

É estranha essa relação com a morte – melhor seria dizer não-relação – que os ocidentais têm. Se eu digo “quando eu morrer”, ninguém me deixa terminar a frase. Nunca entendi direito o porque disso. Será que as pessoas acham que se a gente falar no assunto estará chamando a morte? Mas não é ela uma etapa da vida? Não aprendemos todos na escola que qualquer ser vivo nasce, cresce, amadurece e morre?

Os orientais têm uma relação diferente. Para os japoneses, então, chega a ser meio absurda, até meio louca. A vida não tem muito valor para eles. Pensando melhor, tem valor, sim. E muito. Só não é maior do que viver de forma honrada e digna. Isso, sim, vale mais do que qualquer coisa.

Honra e dignidade são conceitos com cheiro de mofo nos dias atuais e só aparecem em histórias que se passam em tempos antigos. E, geralmente, as pessoas até acham imbecil o mocinho da história, tão cheio de honra e dignidade...

Mas não queria falar sobre as diferenças de ocidentais e orientais. Já vivi no meio dessa confusão tempo bastante pra não ter de esquentar a cabeça com isso. As coisas são como são, não tem discussão.

O que eu queria contar, mesmo, é que descobri, nesse começo de pesquisas, que não adianta deixar escrito ou ter um documento dizendo que você é doador de órgãos. Depois que você foi para o outro lado, seu corpo é propriedade das pessoas de sua família. E são elas que vão autorizar ou não a doação de seus órgãos.

O trabalho em que me meti faz parte de uma campanha justamente para esclarecer as pessoas que elas devem autorizar a doação de órgãos. E para avisar os doadores que eles têm de alertar a família sobre sua condição, deixar claro que quer que seus órgãos sejam doados.

Bom, já tem muito tempo que eu aviso meu pessoal que é pra doar tudo de meu que for aproveitável, para outro ser humano ou para estudos (neste caso, tenho certeza de que meu pulmão de fumante vai deliciar estudantes de medicina). O que sobrar, é pra queimar e depois espalhar as cinzas no jardim do crematório.

Já falo nisso faz tempo, mas não custa reforçar...

* * * * *

O
Brad Pitt está aí, ilustrando este post porque não conheço morte mais bonita. Se for como o Joe Black dele, uh-la-la!!!

julho 07, 2009

Semana gorda


Terça-feira de sol – tempo bom e firme, conforme diria meu pai – e agora, descansada e com o distanciamento devido, posso dizer que a semana passada foi pesada, mas muito boa. Começou sábado, ainda junho, com o show da Coralie Clement – francesinha miúda de voz doce, um show gostoso, deu até pra dançar. Saí do Sescão de alma leve, feliz, feliz...

Aí veio a semana, com alguma promessa de trabalho (algumas coisas estão a caminho). Saí de casa na quarta, bem cedinho e fui ficar com a filha e com o neto. Dois dias fora, voltei na sexta de manhã, depois de passar o neto para o avô. E lá fui eu rever e almoçar com amigas queridas. Acabou que recebi algumas encomendas de cachecóis e flores de lã... Já comecei a fazer.

No meio disso tudo, tinha um jantar com as velhinhas (mais amigas queridas), ao qual não fui. Não iria, mesmo que não tivesse de ficar com o neto: tinha ingresso comprado para ver o Jake Shimabukuro, o havaiano mago do ukelele. Mas não fui, não na quinta. Fui no sábado, com o filho. Adorei cada minuto. O homem é um demônio quando toca. Pequenino (ele é menor do que eu!!!), vira gigante. Você não vê a mão dele, de tão rápido que se movimenta. E o sorriso é contagiante – ele ama o que faz. Super-simpático: conversou com a gente (o Fa já tinha batido um longo papo com ele na quinta), confessou-se impressionado com o público (e nem tinha tanta gente...), prometeu que voltaria a Sampa com mais tempo. Tomara que venha mesmo!

Aqui, eu posto um vídeo dele tocando “Dragon”, talvez a minha favorita. Ele contou que compôs a música pensando em Bruce Lee. Eu acho que só uma pessoa muito doce veria tanta suavidade em Bruce Lee – e olhe que adoro filmes de artes marciais chinesas.

Mas ganhei um CD autografado do filho e muitos abraços de Jake.

Aloha!

junho 17, 2009

protestos

Opa, quase um mês sem postar nadica de nada! Gozado, pra mim não parecia tanto tempo assim. Aliás, jurava que já tinha postado alguma coisa neste mês... Que coisa, o tempo passa, o tempo voa e nem sei se ainda existe o Bamerindus, cuja poupança continuava numa boa...

Assunto até que eu tinha – e pensei num monte de coisa nesse tempo que valiam um post. Um protesto contra os carros cujos motoristas pensam que a calçada é deles e não dos pedestres e contra as lojas que transformam calçada em estacionamento para clientes. Na Heitor Penteado a gente coleciona momentos de raiva por causa desse povo. Aliás, acho que na cidade inteira... Eu, pedestre, me confesso indignada! Se paro na calçada (área de pedestres) para atravessar uma rua (área de carros), exijo que os carros parem para eu passar pela calçada!

Outro protesto, contra esse imbecil do Serra, que faz balançar minha convicção tucana. Claro, sou fumante. E não, não sou freqüentadora de bares e restaurantes. E não, não fumo onde não pode. Respeito os não-fumantes, até na minha própria casa. Outro dia flagrei na rua uma mulher abanando a mão para afugentar a fumaça do meu cigarro. Na rua! Não é espaço público?

O mais engraçado nisso tudo – e isso eu falo há muito tempo – é que ninguém proíbe os carros ou multa motoristas por emissão de gases poluentes. E isso tem de montão. O imbecil fala de proteger e educar a população, mas não inicia nenhuma campanha nem faz comício pra impedir/ensinar as pessoas a não jogar lixo nos córregos ou mesmo nas calçadas. Enquanto isso, as escolas distribuem livros inadequados para as crianças – se pelo menos dissessem que as multas recolhidas pelo cigarro seria encaminhado para melhorar o ensino público, a gente a entenderia melhor. Por enquanto, pra mim, essa campanha toda contra o cigarro é mais uma ação de um ex-fumante de consciência pesada – mas isso não seria problema dele?

Aliás, pior do que fumante de consciência pesada, só evangélico fanático...

* * * * *

Por algum motivo, a ilustração que eu queria colocar não funcionou. Então, vai sem mesmo. Noutro dia eu tento de novo.

maio 28, 2009

Voltas da vida


Acho que já falei anteriormente do incrível número de coincidências que cercam a vida da gente. De como, de repente, uma série de fatos aparentemente descosturados apresentam alguma coisa em comum, uma coisa remetendo a outra. E, volta e meia, aparecem referências de coisas que ficaram há muito para trás. Um personagem de um livro que li há muito tempo dizia haver círculos que a vida da gente atravessava, dentro dos quais tudo estava interligado. E esses círculos, por sua vez, às vezes também se cruzavam e traziam de volta realidades passadas. A teoria é fascinante, mas nunca perdi muito tempo analisando essas coisas. Mas percebo essas coisas ao longo da vida.

Aconteceu de novo. Há muito anos, conheci uma palavra nova, que era o nome dos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos. Peabiru era a forma como os índios se referiam ao conjunto de caminhos e trilhas que compunham as vias de contato entre eles. Picadas abertas nas selvas, conhecidas e atravessadas frequentemente pelos seres humanos que habitavam essas terras. A tal palavra era a proposta para nomear uma rede de comunicações que seria (ou foi, não sei) implantada através dos avanços tecnológicos que desaguavam na tal de internet, uma coisa totalmente inovadora na época...

Nunca mais ouvi falar de Peabiru – mas, na época, o nome rendeu muitas brincadeiras e até uma série de camisetas, especialmente confeccionadas nos Estados Unidos, que tinham Peabiru escrito na frente e, atrás, a inscrição “Born to be Wild”. E agora, em outro livro que estou lendo por dever de ofício – mas, devo dizer, muito interessante – eis que me aparece de novo o tal Peabiru, descrito tal e qual a primeira vez que apareceu na minha vida e desencadeando outra série de boas lembranças...

E como uma coisa leva a outra, lembrei que a tal camiseta foi “desenhada” na sala de casa, junto com um americano que não lembro direito como foi parar em casa, mas que acabou se tornando um bom amigo. John Van Zuitten, o americano gorducho com cara de Papai Noel, foi quem se encarregou de mandar fazer as camisetas, para trazê-las quando voltasse ao Brasil – naquela época, ele vinha muito para cá. Morava em Washington e tinha um barco. Foi nosso acompanhante em Nova York, quando ficamos naquele hotel fascinante e decadente no Gramercy Park. Comigo, foi a um ensaio da Vai Vai e comemorou um aniversário meu que teve até festa surpresa na casa de amigos. Foi, também, a única pessoa com quem eu me atrevi a conversar em inglês – mesmo porque, ele não falava português...

Nossa, gente, que fim levou John?

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O mapinha da ilustração saiu de um blog, que encontrei na internet. Se não podia, peço desculpas ao autor...

maio 20, 2009

Crianças...


Mais de uma semana sem postar nada, dá impressão de que estive muito ocupada. A palavra chave, aqui é muito. Estava muito, sim, mas muito preguiçosa. E muito, muito desanimada – no fim, acho que uma coisa tem tudo a ver com a outra. Pra não me declarar desanimada, digo que estou com preguiça, que é uma coisa menos negativa e mais bem humorada. Brincar de Poliana às vezes dá trabalho...

Fim de semana na Ilha, pra recarregar as baterias. De ônibus, ao lado de uma baiana moradora de São Sebastião, que só parou de falar vencida por um mal-estar causado pelas curvas da serra. Nunca pensei que iria gostar daquelas curvas todas...

Foi bom, muito bom. Com direito a churrascão – inaugurei, afinal, a churrasqueira, e ela é ótima! – e visita de gente querida. E a delícia de ver o neto lendo! É tão gostoso acompanhar o crescimento das crianças, as descobertas, as vitórias. Mesmo as malcriações, que, na verdade, são a forma de ele se defender de alguma coisa com a qual ele não concorda.

Às vezes, tenho vontade de chamar um monte de crianças e explicar pra eles que adulto é um bicho muito esquisito, que não tem muito lógica de comportamento. Que existem padrões sociais (como a gente explica isso para uma criança?) que os adultos seguem, que não fazem sentido pra elas agora. Que o que os pais da gente falam para a gente, a forma como eles agem com a gente, nem sempre vale para outras crianças. Que os adultos são diferentes entre si, um não serve de base para o outro. E que tudo isso que elas observam, agora, será esquecido quando elas mesmas forem adultos, porque então vão agir como adultos, com aqueles “padrões sociais” que farão com que se transformem em seres complexos para os próprios filhos...

Lembro o que uma pessoa disse há muito tempo, ela também mãe de várias crianças: “A gente faz o que pode e o que dá. O resto, eles vão resolver com o analista quando forem adultos.” E assim a gente, a nível de mãe, também faz um trabalho social, garantindo trabalho para os psicólogos...

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A boa nova é que parece que pintou trabalho. Antes, tenho de ler um livro que ainda não foi editado. O desafio é bom e novo, o pagamento ainda não foi acertado.

Mas estou animada...

maio 12, 2009

Mães


Meu presente de dia das mães veio adiantado. Na verdade, fui eu quem pediu pra ver o Bajofondo, que se apresentou no dia 7. Fila do gargarejo, cortesia dos filhos, escolha da filha – um luxo! O show foi bom – poderia ser melhor, se eles apresentassem mais músicas cantadas, como no disco. Claro que eu não poderia esperar Elvis Costello ou Nelly Furtado, mas eles têm intérpretes que poderiam ter vindo junto... Mas teve El Mareo – sem Gustavo Ceratti, mas com o outro Gustavo, o Santaolalla. Cantei junto, dancei, pulei – foi ótimo!

No domingão, linguiçada. Porque eu estava com uma vontade danada de comer lingüiça já há algum tempo. Só com os filhos e o neto. Paz, tranqüilidade, suavidade (só a calabresa baianinha é que não era nada suave...). Muito, muito gostoso.

Hoje a filha me mandou um texto sobre ser mãe, que me lembrou muito uma frase de Penélope Keeling, personagem e fio condutor de Os Catadores de Conchas, de Rosamunde Pilcher. Ela dizia que a melhor herança que os pais podem deixar para os filhos era a capacidade de esses filhos viverem sem os pais. Mais ou menos o que gente quer dizer quando fala que cria os filhos para o mundo. No texto que a filha mandou, as mães se transformam, com o tempo, em portos seguros para os filhos.

Gosto da idéia de ser um porto seguro...

maio 04, 2009

Bi istigh! (venha!)


Falei que a nova bobagem (na verdade, são três) que o filho trouxe dos Estados Unidos para eu ler merecia um post. Porque uma história que tem um feiticeiro, Hoyt, que vem do século XII para a Nova York dos tempos atuais atrás do irmão gêmeo, Cian, que foi transformado (no século XII) em vampiro pela rainha dos vampiros, Lilith, já merece destaque.

Mas tem mais, muito mais. Hoyt é encarregado por Morrigan (a Grande Rainha, a Grande Mãe, a Rainha Guerreira), de formar um grupo de seis – ele e o irmão incluídos – que vai combater uma legião de vampiros dispostos a dominar todos os mundos. Porque não existe um único mundo, mas vários. De Geall, um desses outros mundos, aquele que será palco do confronto final, vêm a futura rainha, Moira, e seu primo Larkin – este, por sinal, é transmorfo e assume a forma de qualquer animal que lhe der na telha e que ele conheça (acabei de ler o trecho em que ele vira dragão!). Dos tempos atuais surgem uma bruxa, Glenna, e uma caçadora de vampiros, Blair, que calha de ser descendente de Nola, a irmã mais nova de Hoyt e de Cian.

Terminei o primeiro livro, o que, entre um ataque e outro dos vampiros, conta a história de amor entre Hoyt e Glenna. Estou no meio do segundo, e Larkin já conquistou Blair , que só precisa se convencer de que é capaz de amar para se render aos encantos do homem que vira bicho. Como só resta juntar Cian e Moira, suponho que o terceiro seja sobre isso – e também sobre o fim da guerra com os vampiros, claro que com a derrota deles. Mas Cian é um vampiro, embora do bem... Bom, é impossível ter uma boa história sem complicações...

Até agora, a maior parte da história se passa na Irlanda – claro! Feitiçarias e bruxarias têm de ser feitas em gaélico – será que eu consigo aprender essa língua? Obviamente os gêmeos são de tirar o fôlego de qualquer cristã ou pagã, mas Cian é meu favorito. Um vampiro com quase um milênio de vida só pode deixar a gente fascinada...

É um trilogia, bem ao estilo de Nora Roberts. E nem pisquei para escolher esta trilogia, ainda mais quando descobri que tinha vampiros no embrulho... E, segundo conta o filho, que não levou o papel onde anotei os nomes dos livros quando foi comprá-los, foi fácil descobrir quais eu queria: bastou ler a sinopse...

Agora vou sumir um pouco pra terminar de ler... Slán Agat!

maio 03, 2009

Michelle


Noite de sábado normal, sem filhos e a casa todinha só pra mim. Lembrei que fazia tempo que não ouvia Beatles e achei que seria o BGzinho ideal para a bobagem da vez, o primeiro dos livros que o filho trouxe dos Estados Unidos – isso merece um post só pra eles, já que estou me apaixonando (de novo) por um personagem de ficção (e bota ficção nisso!!!!).

Acabei apanhada na rede de lembranças.

Num outro sábado, muito, muito distante, Michele rolando no toca-discos (era o tempo do Picape e seus Negrinhos) e um garoto louro e magro beijando minha testa bem na hora em que Paul McCartney canta “I need you, I need you, I need you”... O ano? 1967, acho. O bailinho rolava no quintal da casa de um dos colegas de escola. Na Aclimação, perto do parque – e numa daquelas coincidências incríveis, eis que abro o jornal hoje pela manhã e leio o nome do dono da casa, hoje artista plástico, numa matéria sobre restaurantes-confrarias...

Mas o louro alto e magro, naquela época, era meu objeto de adoração. Sempre tive fixação por louros e o mais engraçado é que nunca namorei um. Não lembro direito da cara dele, só que era muito magro, alto e louro. Estava um ano na minha frente e saiu da escola no ano seguinte para estudar, acho que em Brasília. A família dele se mudou para lá e, salvo engano, ele foi fazer o curso de cinema.

Na esteira das recordações, lembrei que houveram outros objetos de desejo, antes e depois do louro alto e magro. Mas a lembrança dele é uma das mais fortes da minha juventude. Não lembro se cheguei a ter uma conversa de verdade com o rapaz. Sei que não éramos amigos, as turmas eram diferentes e, por algum motivo misterioso e inexplicável, me fixei nele. E minha grande vitória aconteceu mesmo naquele baile. O antes e o depois não têm o menor registro.

Em tempos de internet, é impossível não se deixar levar pela curiosidade. Mas a realidade é impiedosa, melhor ficar com as lembranças, que podem ficar um pouco fora de foco mas continuam sempre bonitas. O Google me revela que o ex-garoto louro e magro engordou e envelheceu. Perdeu o charme, se é que teve algum em algum momento para outra pessoa que não eu. Claro que também por isso não conto o nome do cururu...

Mas agora aprendi: em caso de lembrança, não consulto mais o Google...