dezembro 22, 2007

finde ano


Fim de ano chegou – veio tão rápido!!! Teve um trabalhinho rápido no meio do caminho, assunto chato, mas que vai render alguma graninha no começo do ano. Época do ano boa pra festejar, mas ruim para render: trabalho é pouco.

E teve um fim de semana gripado, com direito a molho total. Dentro de casa, sem ânimo sequer pra pensar. Tinha festa de amigos, não fui. Tinha festa do neto, dei o cano. Tinha massagista, desmarquei. Gripe não é doença, dizem, e por isso não fiquei recolhida ao leito como aquelas donzelas do romantismo de José de Alencar. Mas que ninguém viu minha carinha, isso ninguém viu.

Agora é o filho que sofre com o vírus. Também está de molho, mas hoje amanheceu melhor. Gripe é assim, chega sem avisar e demora a ir embora. Como toda visita indesejada, fica dias a fio sem se incomodar com a gente. Mas uma hora ela vai embora. Graças a Deus e aos naldecons da vida!!!

Meu cartão de Boas Festas diz que 2008 é o ano do Rato, início de um ciclo de mudanças, de inovações e de desenvolvimento. Começa um ciclo novo – diz a lenda que criou o horóscopo oriental que Buda convocou vários animais para uma assembléia. E foi dando a cada um deles um ano, à medida em que chegavam. O Rato foi o primeiro dos 12 que compareceram. Por isso, a cada 12 anos, o ciclo se renova e recomeça. Por isso é um ano que marca o início de transformações.

Para quem não sabe, a seqüência dos animais é a seguinte: Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Carneiro, Macaco, Galo, Cão e Porco (javali, no horóscopo japonês).

Que venha, então, 2008, com suas transformações!

dezembro 10, 2007

Meus velhinhos


Fuçando no meio de umas coisas guardadas há algum tempo – e portanto esquecidas – achei essa foto dos meus velhinhos. Lembro que foi tirada num domingo de Páscoa, não lembro em que ano. Engraçado que não achei a minha cópia, que deveria estar com as fotos tiradas no mesmo dia, no respectivo álbum (antigamente, as fotos da casa eram bem organizadas).

Meus velhinhos eram assim, bonitinhos. Claro, isso foi antes de ela ter o tal derrame que lhe roubou mais da metade da agilidade mental e da coordenação motora que tinha. Cozinhava, costurava, cuidava da casa. E ele ajudava em algumas coisas e passava boa parte do dia recortando papel de seda e montando as pipas que vendia para a meninada do bairro. Passava, também, algumas horas tomando sol no portão da casa – momento que alguma vizinha sempre aproveitava pra desabafar alguma coisa. Era uma orelha disponível e não muito mais do que isso, já que não entendia bem o português...

Acho que por conta da época, perto do Natal, e porque teve a festa do Caleu no sábado e eu fiquei balançada de ver pessoas queridas reunidas, vi a foto e fiquei emocionada. Com saudade do tempo em que eles vinham para a ceia de Natal na minha casa e eu sonhava com o dia em que prepararia a ceia para todo mundo, filhos, genros, noras e netos... Como sempre, eram sonhos só meus. Mas isso, eu só descobri faz pouco tempo. Que os sonhos da gente, mesmo que a gente conte para alguém, são sonhos da gente. De mais ninguém.

E fiquei com saudades deles, também. Das broncas que tomava, das risadas que dávamos todos juntos por causa de alguma bobagem, das histórias que ouvia. Do churrasco e da feijoada que reuniam um monte de gente, amigos, conhecidos, parentes. Do quintal onde o velho Mingo ficava refugiado, esperando sobrar alguma coisa para ele comer, e onde as rosas floresciam ao lado dos tomates...

Acho que estou ficando velha: os velhos é que vivem no passado...

novembro 30, 2007

Relax total


Estou molenga, molenga... Tudo o que eu quero é a minha caminha e uma boa noite de sono. Que vou ter logo mais. Tudo culpa de uma pessoa que eu não encontrava há algum tempo e agora reencontrei. E ela faz massagens. E eu adoro massagens.

Foram quase duas horas. Fantásticas. Duro foi ter de voltar pra casa. Caminhar. Pegar metrô. Caminhar mais um pouco. Cheguei em casa derrubada. Fui direto para a cama. Acordei pouco mais de uma hora depois, para comer – estava morrendo de fome. Vi televisão – sem registro do que vi. Agora estou tentando reproduzir a maravilhosa sensação de leveza e relaxamento. Não consigo: a cabeça quer encostar no travesseiro.

Quando eu acordar, conto mais...

novembro 29, 2007

Frustração e costuras



Uma das coisas mais chatas que pode acontecer comigo é cancelarem um trabalho que, na minha cabeça, estava pronto. Foi o que aconteceu com meu suplemento da imigração: dançou. E estava prontinho, com tudo engatilhado, páginas definidas, reportagens prontas – até sobrando. Mas o comercial não se mexeu como deveria e o suplemento foi adiado. Sine die – “talvez na semana que vem”, disseram. Não tem outro jeito: vamos esperar.

E já que fiquei sem nada pra fazer no começo da semana, desandei a costurar. Terça, fui às compras na 25 de Março, um ato de bravura nesta época natalina. A filha foi junto, comprar coisinhas pra festa de 5 anos do neto (nossa, já 5 anos!!!). Fiz companhia a ela, ajudei em algumas coisinhas, coloquei ela num táxi e fui fazer minhas coisinhas. Toda vez que vou à 25 compro coisas demais e quando volto descubro que esqueci o que realmente precisava... Esse lugar vicia.

Fiz 10 sacolinhas de supermercado, cada uma em um tecido diferente. Gosto de todas. E mais dois modelinhos diferentes e um terceiro, repetindo um modelo que já tinha feito e que gosto muito. Fico pensando se alguém vai querer comprar, se realmente eu botar pra vender. Mas se eu não puser pra vender, nunca vou ficar sabendo...

Toda vez que me ponho a pensar nessas possíveis vendas de sacolas/bolsas, lembro de minha mãe me contando que nunca imaginara, na vida, que ia viver de costuras. Ela era excelente costureira, fazia coisas lindas, de forma rápida e eficiente. Até um determinado período, só para a gente: blusas, vestidos, saias para as filhas e para ela; calças, camisas, cuecas para meu pai. Quando o velho se acidentou e teve de parar de trabalhar, alguém tinha de por dinheiro em casa. E lá foi ela, oferecer as costuras para algumas senhoras japonesas que eram freguesas do meu pai.

Foi um sucesso: tinha encomenda até não poder mais. Passava o dia na máquina de costura. E, de vez em quando, ainda sobrava tempo para fazer sacolinhas e bolsinhas e coisinhas para as filhas e para os netos – quantas vezes ela não correu para costurar um shortinho porque o neto, que estava deixando as fraldas, tinha feito xixi e não tinha roupinha de reserva? Claro que sempre saía alguma coisa de retalhos que sobravam das roupas das freguesas. E como as freguesas sempre mandavam peças de seda, vira e mexe eu ganhava uma blusinha de seda...

Pois, eu também não consigo me imaginar ganhando a vida costurando bolsas e sacolas. Mas, quem sabe, não sai algum samba disso tudo?

Não custa tentar...

P.S.: Nenhuma das bolsas do desenho é minha. Mas tem umas bem parecidas...

novembro 26, 2007

Tombos e costuras


Pois fui olhar o meu blog – fazia tempo que não fazia isso... E descubro, estarrecida, que o último post é de 10 de novembro!!! Que horror, que descaso!!! Bom, isso já aconteceu outras vezes. E teve uma vez que fiquei meses sem postar nada. Mas agora está contra a premissa inicial, de escrever sempre. Então, vamos lá.

O hibisco abriu e se foi; mas agora tenho phalenopsis, um cacho inteiro branco. Escondidinha, bem no meio da galharia toda da dracena e das folhas de incenso. Mas está lá, linda e branca. Pra quem não sabe, phalenopsis é uma orquídea. Não fotografei a minha, mas é só olhar pra fotinha pra descobrir que diabo é isso.

Mas falar de plantas novamente não tem graça, embora a primavera esteja a mil na cidade. Teve o feriadão – aliás, este foi um mês só de feriadões! -, e fui pra Ilha com a filha, o neto e o genrão. Com direito a caminhada de duas horas pra ir e duas pra vir de um cachoeira linda, acompanhada de muita reclamação e picada de borrachudos. Fora o tombo na cachoeira, que estourou meu joelho. Mas a estas alturas eu já estava querendo mesmo era ficar com as pernas dentro daquela água geladinha. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, inclusive a maluca da Leona, a cadela que adora nadar. Na praia, era a festa para rodo mundo. Mas tão cedo não me pegam pra outra caminhada dessas, não...

Outra novidade são as sacolinhas que inventei de fazer, modelo de supermercado, mas de tecido, em clima de salvem o planeta. Ficaram bem bonitas, já distribui algumas e outras pedi pra nora vender no trampo. Com sorte, faturo uns trocados com os panos que estavam guardados há algum tempo. E pretendo fazer mais, talvez não do mesmo modelo, mas umas forradas, bem bonitas. Já tenho até encomenda! Só preciso sentar na máquina pra costurar, mas neste começo de semana não vai dar. Estou às voltas com um suplemento de imigração – outro – que começo a fechar esta semana.

Alguma hora preciso fotografar minhas artes de agulha e linha...

novembro 10, 2007

Notícias do jardim


Claro que o hibisco abriu. Mas foi um anticlímax. Foi bem num dia de chuva e ficava difícil ir para o jardim admirar a beleza dele... Mas o filho fotografou e aí está a foto. No dia seguinte, como todo bom hibisco, não tinha mais nada... Bom, outros hão de florir. E tem outras duas espécies que ainda não deram sinal de flor.

E a flor de outubro foi igual – e esta nem fotografei. A bandida me abriu do meio para o final da tarde e, quando vi, já estava escurecendo. Aliás, as bandidas – eram duas. Fecharam à noite e começaram a murchar logo em seguida. Agora, só no ano que vem: a chuva derrubou os outros botões, que ainda estavam pequeninos.

Mas a cebolinha (não sei como se chama, só sei que ela floresce quando chove) finalmente deu flor. Linda, simples e cor de rosa. Eu a chamo de cebolinha por causa da folha, comprida e final, igual a uma cebolinha. E é um bulbo. Tenho plantada no jardim há tempos, sempre esperando a flor, que acho linda e que me lembra minha mãe, que tinha um monte no quintal de casa. Ela vivia reclamando que a flor só aparecia quando chovia. E, aqui em casa, a minha tomou um monte de chuva, mas precisou atravessar um período de seca brava pra mostrar as flores. Agora foi!

Quem também lembra a casa da mãe é a nandina – ela tinha uma touceira imensa e costumava lembrar que no Japão as folhas do nanten eram usadas para decorar os pratos. Lembro de um aniversário meu em que servi sushi e sashimi para um monte de gente (não fui eu quem fez, não, encomendei de uma senhora de um lugar longe, acho que era no Jabaquara) e pedi para minha irmã trazer as folhas para enfeitar os pratos. Ficaram bons, mas não tão lindos quanto os servidos em restaurantes japoneses... Comprar a primeira muda foi engraçado, não sabia o nome da planta em português. Por sorte, encontrei uma flora cuja dona sabia o que eu estava procurando. E agora está lá no jardim, crescendo e se reproduzindo, dando flores e frutos...

A chuva e a ventania despencaram o incenso – a árvore é muito bonita, mas é bom não mexer muito com ela. Sufoca. O nome não vem do nada: o cheiro de incenso impregna a mão, o nariz e demora a sair. Mas no final da tarde de um dia quente e ensolarado, depois da clássica e tradicional chuva, o jardim fica deliciosamente perfumado.A chuva e vento derrubaram minha arvorezinha. Na verdade, o que quebrou foi o galho que eu tinha colocado pra sustentar a planta, que cresceu tortinha e precisa de ajuda para se equilibrar. Usei um galho seco, ficou bonito, mas apodreceu e quebrou. Troquei por um cabo de vassoura. Que, um dia, também vai apodrecer a cair. Espero que até lá o incenso se segure sobre as próprias raízes...

Tanta chuva faz bem ao meu jardim. Está exuberante, fico no maior orgulho quando olho para ele!

E tem a roseira, que também cresce tortinha, mas dá flor loucamente...

novembro 04, 2007


Tempo pra mim

Um tempinho sem escrever, pra recarregar as baterias. Na verdade, para gastar as baterias. Li e escrevi muito – mas só trabalho. Na hora de cuidar do pessoal, bate a preguiça e tudo fica para depois. É aquela velha história: casa de ferreiro, espeto de pau...

Virei a página, finalmente. Deixei a revista. Vinha pensando e anunciando isso há algum tempo, mas faltava a coragem pra encarar a coisa de frente e assumir a atitude necessária. Agora foi: saí da revista. E o mais engraçado: nunca na vida pensei que iria assinar alguma publicação como editora. A única vez que exerci o cargo, de fato, foi na internet do JT, muitos anos atrás. Mas internet não tem nome e nem tem cara. Passou batido. Na revista, era editora-executiva. E saía lá, escrito com todas as letras, todos os meses. Agora, não mais. Com isso, descubro que não tenho o menor interesse em me promover. Se tivesse, só esse detalhe me prenderia. No balanço decisivo, os contras eram bem mais pesados que os prós. Aliás, a coluna dos prós ficou curtinha, curtinha...

Agora, bola pra frente. Vamos dar uma sacudida, procurar novas coisas. Ganhei mais tempo para mim e para minhas coisinhas. Já estava me dando angústia não conseguir terminar as cortinas da casa do filho. Hoje, se tudo correr bem, termino. E já tenho um projeto para os presentes de Natal. Não conto pra ninguém me cobrar se não conseguir terminar ou se bater a vontade de outra coisa. Vai ser um monte de mesma coisa, mas diferentes. Mas, se eu conseguir, vou me sentir vitoriosa.

Alguns projetos estão rolando e espero que venham outros. Não tenho medo do trabalho, só não quero que ele tome conta de tudo na minha vida.

Coisas de jardim
Acho que não é igual ao da foto, mas tenho um botão de hibisco amarelo que deve abrir entre hoje e amanhã. Quando comprei as mudas, tinha a foto no site, mas não lembro mais. O jardineiro, aquele imbecil surdo (ele é imbecil porque é surdo ou é surdo porque é imbecil?), arrancou as tiras de identificação que eu tinha deixado, para não esquecer o nome das bichinhas... Agora, estou na maior expectativa...

E tem a flor de outubro, não aquela parente da flor de maio, mas prima da dama da noite. Está com dois botões em ponto de abrir e outro que ainda vai demorar um pouco. Como a dama da noite, ela abre por um dia. Vermelha – rubra, melhor dizendo. Já floriu uma única vez, no ano passado, uma única flor. Este ano está mais pródiga...

E o jasmim, que desembestou, se enroscou na árvore e chegou no telhado? Agora está florindo lá em cima, longe da vista e do nariz da gente... Pelo pouco que dá pra ver, ele está dando cachos enormes de flores.

Esse jardim só me dá alegrias!

outubro 16, 2007


Novela

Vou encher lingüiça pra fazer sumir o último post. Ainda faz mal ler sobre aquilo, embora escrever tenha dado um certo alívio. Mas ler significa voltar ao momento ruim. Xô!

Agora tem a novela campineira. Seguinte: no começo do mês fui encarregada de fazer um suplemento sobre a cidade de Campinas. E a condição básica para a elaboração desse suplemento – informe publicitário – era entrevistar o prefeito. No dia em que peguei o serviço fui informada que a tal entrevista estava marcada logo para o dia seguinte. Mas era fim de tarde, eu já tinha outros compromissos para o dia seguinte e não poderia ir. Me disseram pra fazer contato com uma moça da Prefeitura, que ela seria a fonte e faria a ponte com o prefeito. Liguei – e a moça não sabia de nada. Nem de suplemento, nem de entrevista...

O tempo está passando, a entrevista já foi marcada e desmarcada (eu já estava a caminho de Campinas e tive de voltar pra trás, em plena véspera do feriadão, no meio do trânsito todo). Parece que hoje vai. Lá vou eu, com a filha (minha repórter favorita), a campinho de Campinas. Rezando pra dar tudo certo, porque o tal suplemento tem de estar nas ruas na semana que vem. E são 10 páginas pra serem preenchidas, com texto, foto e diabaquatro. Se tudo der certo, muita coisa pode vir nessa esteira. E a minha brava 2M10 pode dar uma guinada e passar a existir de forma mais ativa.

E não contei antes, mas vale o registro: o cônsul Nishibayashi fala inglês com entonação de japonês. Se a gente não prestar atenção, acha que ele está falando japonês mesmo... Mas o jantar foi muito bom: comida boa, vinho bom, papo agradável. Valeu.

E teve o finde na casa da filha, na Ilhabela. Lugar perfeito pra fugir do mundo. Os janelões se abrem para o mar e eu fiquei horas sentada na frente de um deles, o da cozinha, só olhando, enchendo os olhos daquele infinito todo. E o mar estava nublado. Quero voltar lá muitas vezes e me perder e me encher mais naquela e daquela sensação de paz. A fotinha que está aí é de lá, mas não da vista da casa. É a vista que teremos quando a filha estiver com a casa dela pronta.

Agora é hora de trampo, mas, quando passar, já tenho pra onde fugir...

outubro 15, 2007


Susto

Cinco da madrugada, o telefone toca. Ligação a cobrar. “Mãe? Mãe, me pegaram... entraram aqui e pegaram a gente... mãe, eles querem falar com você... Faz o que eles mandam...”

No primeiro mãe da voz chorosa eu sabia que não era nenhum dos filhos. Mesmo sonada, conheço a voz dos meus filhos. Ainda pensei “que saco, esses caras não tinham outra hora?” Mas deixei rolar. Calma, monossilábica, pensando o tempo inteiro como eu podia fazer para acionar a polícia pra descobrir quem eram os caras. Pediram R$ 50 mil e eu quase ri. Me segurei, disse que não tinha nem R$ 500 em casa – mentira, não chegava a R$ 50. No fim, eles disseram que iam soltar “meu filho”. E em nenhum momento deram alguma indicação de que sabiam com quem ou de quem estavam falando.

A estas alturas, já acordada, comecei a tremer. Liguei para os filhos, só pra me acalmar. Claro que não eram eles. Todo mundo dormia, plácida e sossegadamente. Eu é que demorei a pegar no sono de novo. Quando caiu a ficha, comecei a tremer, o coração ficou a mil, parecendo um tambor. Fiquei lá, deitadinha na cama, respirando fundo pra me acalmar. Dormi de novo. Mas até agora não me recuperei. Fico pensando nisso o tempo todo, não consigo parar de tremer.

A vida segue, eu sei. E tudo continua como era, não teve nenhum problema. Mas acho que o inconsciente trabalha contra a normalidade. E cria histórias, as mais loucas.

Claro que não liguei para a polícia. Dizer o que? Que me tiraram da cama por causa de um suposto seqüestro de um filho que não é meu? Que transtornaram minha vida, que estragaram meu dia? Que vou ficar um bom tempo sobressaltada, com isso na cabeça?

Bando de f.d.p!

outubro 13, 2007



Reflexões


Terminei de ler a tese, não sei se de mestrado ou de doutorado, de uma amiga psicóloga. Chato? De jeito nenhum! Foi um dos textos mais bonitos que li nos últimos tempos – é verdade que fui para ele sem nenhuma expectativa a não ser ajudar uma amiga a ter um texto sem erros de português. Era só uma revisão. Acabou sendo um aventura.

Meu gosto por palavras e textos já vem de muito tempo. E quando as duas coisas se juntam para esclarecer e/ou encher olhos e cabeça de pensamentos intrigantes, que fascinam e prendem, melhor ainda. E foi assim, prazeiroso.

Transcrevo um trecho, que ela transcreveu de um outro autor, mas que cabe à perfeição no tema que ela defende: “o meu tecido difere do teu quadro, porque nele gastei o meu tempo, que não foi o teu tempo. Mas, com o meu tempo também saberei fazer o meu quadro. E o teu quadro e o meu quadro provarão que somos tão diferentes quanto foram nossos tempos”. O texto saiu da apresentação de uma mostra do colagista Tide Hellmeister, autor da obra que aparece aí em cima. E, claro, refere-se aos trabalhos de colagem.

Outro trecho, este dela mesma, falando sobre o trabalho na clínica onde se reúnem aqueles que ela mesma chama carinhosamente de “louquinhos” – na clínica, eles trabalham cacos de mármore e fazem objetos utilitários:

“Aprender com as pedras. Juntar e colar de um jeito diferente e novo, pode dar em alguma outra coisa. Aprender a não jogar tudo fora porque se a gente olhar bem, pode achar alguma coisa legal para fazer. Persistir. A dureza das pedras esconde uma fragilidade que requer muito cuidado. Seus veios e poros nos dizem onde cortar, preencher. A qualquer interferência brusca, ela quebra. Às vezes, quase no final do trabalho, um pequeno golpe dado no lugar errado desmonta tudo o que foi feito. E, no entanto, o erro não foi “meu”, não sou “incompetente”; só não prestei atenção ao que a pedra dizia.

O outro-pedra ensina a olhar para além de mim: minhas dores, fragilidades, meus cacos. Ensina a atender às necessidades dela, a olhar bem quais são suas características, prestar atenção ao que ela requer. Para ressaltar suas qualidades não visíveis é necessário desbastar, colar, polir, juntar; ensina, também, que nem sempre ela se curva a meus desejos, aceita minha intervenção, mesmo que cuidadosa e carinhosa. Às vezes ela, simplesmente, me ignora e impõe outro destino.”

Como é bom ter amigos com essa sensibilidade!

setembro 30, 2007


Boas novas

A revista, afinal, ficou boa. Marchas, contramarchas, vontade de jogar tudo pro alto e mandar todo mundo exatamente praquele lugar que todo mundo fala mas não conhece. Mas foi tudo bem – acho.

No meio de tudo isso, um convite mais do que surpreendente, pra jantar na casa do cônsul do Japão. O nome do cururu é Masuo Nishibayashi – sabia da existência dele, mas nem desconfio como é a cara do sujeito. Mas é o cônsul, coisa chique-nos-úrtimo. A boa notícia é que vão estar lá também vários amigos. A má notícia é que a língua a ser falada na ocasião é o inglês. Bom, acho que com os amigos será o bom e velho português mesmo... Isso tudo por cortesia do suplemento da imigração japonesa e das páginas do JT, com as 100 histórias da imigração. Muito bom, acho que vou curtir!!!

Numa gugada rápida, descubro que o Nishibayashi é advogado e atua nos Negócios Estrangeiros do Japão desde 75. Já trabalhou na Malásia, em Genebra, Nova York, Singapura e em Boston. No meio disso tudo, teve várias atuações no Departamento da América Latina e Caribe – acho que é por isso que o despejaram por aqui. A mulher dele tem um nome bonito – Kikuko (kiku é crisântemo, a terminação ko é característica de nomes femininos japoneses). Li uma entrevista dela no site do jornal Nipo-Brasileiro e me pareceu ser uma pessoa bem simpática.

E amanhã colho o 57.º repolho da horta da minha existência. O Gregório Queiroz, que faz o horóscopo do Estadão, diz que o período virá com novos desafios. E que eu tenho de aceita-los. OK, pode vir... Mas é bom esperar até o meio da semana – até lá, estarei fora do ar, só na flauta... Porque agora, por direito, passo uns dias empurrando o tempo com o dedo. Coisa que, por sinal, adoro fazer.

Fim de semana com o neto, só farra. E mais uma boa notícia: a filha e o genro alugaram uma casa por um ano na Ilhabela – depois, a casa que eles estão construindo vai estar pronta. Marzão besta, me aguarde que vou aparecer com mais freqüência daqui pra frente!!! Mais freqüência, no caso, não é muito não: eu não vejo a cara do marzão tem mais de ano... De qualquer forma, acho que vou poder ficar de frente pra ele. Não conheço terapia melhor do que ficar olhando o marzão besta indo e vindo, com um copo de cerveja bem gelada na mão...

E, depois disso, qualquer desafio é bico...

setembro 25, 2007


Ói eles aí!!!

Sempre falo do neto, da filha, do genro... Então, pra quem não conhece, aí estão. Depois, eu ponho também os filhos e as noras. Mas uma coisa de cada vez, cada coisa no seu tempo...

Cada dia um problema, diz meu chefe. Mas tem dia que tem um monte de problemas. E no dia seguinte tem outro tanto. Um dia não deveria compensar o outro?

Assisti outro dia, quase sem querer porque nem sabia que estava programado (TV durante a manhã é um perigo - vicia!), O Clube da Felicidade e da Sorte (The Joy Luck Club, de Wayne Wang, de 1993), filme baseado no livro de Amy Tan. Como acontece sempre que vejo esses filmes, chorei. Mas não é o meu livro favorito de Amy Tan. Gostei mais de A Mulher do Deus da Cozinha. Claro que chorei também quando li - mas isso faz um bocado de tempo e acho que até já escrevi sobre isso nesse blog... Decidi que vou dar o O Clube... pra minha filha, em DVD. Acho que tem umas coisas ali que ela vai adorar - e claro que também vai chorar.

Enquanto isso, a revista atrasa. Não por culpa minha. Mas parece que agora vai. Agora não é agora, é até o final desta semana. Bom, meglio tardi che mai - se a capa da revista terá eppur si muove, porque não gastar um pouco do italiano que não sei no meu blog? De vez em quando, é bom esnobar conhecimento... E, ainda conforme meu chefe, revista boa é revista fechada. A de setembro ainda não está boa.

Se os deuses ajudarem e os homens não atrapalharem, vai ficar...

setembro 16, 2007


Aos amigos

N
avegando, achei essa pérola. Que dedico aos amigos...

Quem fica parado é poste

Uma semana cheia de mudanças: o bureau de diagramação está em novo endereço, o que quer dizer que não vou mais para o Chora Menino. Agora vou pra Santana mesmo – mas o endereço anterior era mais charmoso...

Era pra ter ido desde segunda, acabei não indo. Fui só na quinta-feira. Mas é tranqüilo, nem perto da estação do metrô. Segunda, fiquei trabalhando em casa. Terça, nem cheguei perto do computador – cheguei, mas pra xingar muito. O Virtua deu pau e só voltou no final da tarde. Ou seja: dia perdido. Tirei o atraso na quarta. Essa vida de frila é engraçada, a gente às vezes tem de assoviar e chupar cana ao mesmo tempo. E, de repente, tudo pára e a gente tem de empurrar o tempo com o dedo. Mas agora estamos na fase do assoviar e chupar cana...

Esta semana promete ser de mais trabalho. E, nesse momento, deveria estar escrevendo um texto para um outro frila. E tem um terceiro, esperando, que, pelo jeito, vai ficar na saudade.... Estou com preguiça de pensar.

Mudou também o filho: agora está com a namorada e os quatro gatos num apartamento muito gostoso, aqui perto. Preciso tomar cuidado para não encher o saco deles. Minha vontade era de ir lá e montar toda a casinha. Mas é deles – não tenho de ficar metendo a colher torta. Ajudei um pouco na mudança e fiquei curtindo a felicidade deles. É muito gostoso!

Senti falta, na mudança, do resto da família, que não deu as caras e nem ofereceu ajuda. E faltou um carro pra ajudar nos deslocamentos, sempre tão necessário nessas horas. Mas no fim tudo deu certo – e eles estão felizes, que é o que importa.

Os gatinhos são em homenagem a eles!!!

setembro 10, 2007


Finde bom!!!

E lá fui eu, para um fim de semana naquilo que a Nair chama de “minha casa em Ibiúna”. Mas não é só isso, não. É quase um pedacinho do paraíso, com muita paz e tranqüilidade. Quase porque tem vizinhos – e vizinhos a gente não escolhe e podem ser um porre, principalmente quando estão de porre. Mas a vigilância é severa e logo vem a segurança botar ordem no pedaço... Nada sério: música alta, festinhas e gritaria em altas horas da noite. Tudo dentro dos conforme.

Antes de ir, um pensamento irônico: como um lugar pode chamar Porto de Ibiúna se Ibiúna fica no interior e não no litoral? Chegando, descobri: o condomínio fica numa das margens da represa de Itupararanga, que une os municípios de Ibiúna, Sorocaba, Votorantim e São Roque. Engoli a ironia que, felizmente, não tinha transmitido a ninguém...

Percebi a falta que me faz sair de vez em quando, mudar de ares. Acho que não saía assim, para dois dias fora de Sampa, já há uns dois anos. Como não havia oportunidade, nem me preocupava. E sempre tem o maldito dinheiro. Sem ele, nem adianta pensar em sair... Mas é bom, muito bom mudar de ares pos uns poucos dias. Encher a cara com amigos, conhecer gente nova, jogar conversa fora, ficar olhando a paisagem com cara de pois é, descobrir plantas novas, ver flores desabrochando fora do seu jardim. Esticar as pernas numa caminhada-passeio sem compromisso com a saúde, colher alfaces numa horta pra garantir a salada da semana.

Os destaques ficam por conta de vários canteiros de frésias floridas na casa de um casal de amigos da Nair, de um pedaço de horta coberto de capuchinhos floridos (colhi umas dez florzinhas e comi todas, na salada), da árvore totalmente florida na frente da casa onde estava (ainda precisamos descobrir que raio de árvore é aquela). Da descoberta, sábado à noite, que não havia batatas suficientes pra fazer o caldo verde porque a empregada tinha feito batata frita no almoço e ninguém ligou alhos com bugalhos pra lembrar de comprar mais batatas...

Comi, bebi, andei, tomei sol e descansei. Dormi feito pedra. Recarreguei as baterias. E claro que me ofereci para outras idas...

Mundo, agora podemos começar tudo de novo...

setembro 05, 2007


Arigatô, otô-san!

De tanto ver, pesquisar e ler sobre imigração japonesa, voltou o comichão de escrever sobre meu pai. E acho que vou fazer isso, sim. Por que o velho não pode ser uma das 100 histórias que o JT vai publicar? E ainda pode render um trocado pra filha caçula, tão necessitada...

Minha idéia é abrir a matéria com um trecho de um texto que o Júlio escreveu pouco depois da morte do pai e publicada em junho de 1990 no Jornal Paulista. Na época, um dos editores do jornal era o William Kimura que nos contou que houve interesse de se publicar o texto traduzido no Japão. Não deu: as palavras, na tradução, perdiam a força. Eu, de minha parte, considero esta a homenagem mais bonita que poderia ser feita ao velho Isamu.

Como o recorte com a matéria já está completamente amarela e ameaça se desfazer, vou copiar pra deixar guardado aqui, neste blog. E para meus filhos lerem e guardarem – nem sei se eles já conhecem... E, um dia, contarem para os filhos a história desse homem tão especial para o mundo e muito querido para mim: meu pai.

Ele era quatro em um: Isamu, Kosugui, Jorge e Dita. Nasceu Isamu, num agosto dos anos 20, pertinho do Monte Fujii. Único filho homem duma prole de meia dúzia, imigrou para o Brasil na juventude. Aqui, virou Jorge para os vizinhos e amigos não tão chegados.

Antes, porém, foi Kosugui. Um nome “artístico”. Nos anos 30 e 40, aquele jovem de corpo miúdo não se afeiçoou muito ao trabalho na lavoura. Preferiu algo mais leve em termos de esforço físico e muito mais divertido para quem tinha um espírito sempre alegre. Ingressou num grupo mambembe que percorria o interior de São Paulo promovendo exibições de fitas japonesas. Eram todos jovens e cada um ganhou um apelido. Isamu virou Kosugui. Seu trabalho principal era dublagem e sonoplastia. Imitava gato, fazia barulho de chuva, era vendo. Chorava, ria.

No Interior, numa zona agrícola, conheceu a moça Hatsue, imigrante igual, com quem se casou e mudou para São Paulo. Aqui, ele virou Jorge. Isamu, pouca gente sabia pronunciar. Kosugui era mais difícil ainda de guardar na memória.

Seu destino, é claro, foi ser tintureiro. Criou fama no Itaim-Bibi e no Paraíso. Tinha um truque especial para remover manchas. E três filhas para fazer a entrega de porta em porta, o que, para elas, era até divertido. Apesar de que uma preferia mesmo era bater bola com os meninos da rua Chuí.

E já estamos nos anos 50, 60, sem mais aquelas lembranças amargas dos anos de guerra. Nessa altura, homem maduro, Jorge tinha um dia por semana em que voltava a ser Kosugui, o brincalhão. Toda segunda-feira, sob o olhar aborrecido da esposa, lá ia ele pelos bares com os velhos amigos da velha profissão. Bebia, conversava, apostava nos cavalos. Uma vez ganhou um páreo fenomenal e não teve dúvidas: uma de suas filhas foi batizada com o nome da égua que lhe sustentou algumas daquelas noitadas com os amigos.

Parou com esses excessos, aos poucos, quando começaram a nascer os netos, época em vira “Ditiã”. O que significa avô, em japonês. E a alegria semanal, agora, era as pescarias às margens da represa Billings. Certo domingo, indo pescar, na estrada velha, o carro do amigo se acidentou. O amigo nada sofreu, mas ele foi parar no HC, teve de andar bom tempo em cadeira de rodas e compulsoriamente fechou a tinturaria. O sustento da casa ficou, então, inteiramente por conta de Hatsue, ou simplesmente Fofinha para os cinco netos.

Apesar de tudo Isamu/Jorge/Ditiã continuou o divertido Kosugui. Gostava de promover feijoadas (sim, feijoadas) em sua casa na Vila Carrão, para curtir o sorriso e as brincadeiras de amigos e parentes. Fazia um caldeirão enorme (no início, um latão mesmo) para todo mundo comer e ainda levar um pouquinho para casa. Nessas ocasiões, o quintal de sua casa era quebrado, para que ele pudesse preparar a feijoada ao ar livre, sobre uma fogueira feita diretamente na terra.

Nas épocas apropriadas, naqueles meses de vento, ele era também o fabricante de pipas para os meninos do bairro. Cobrava dos garotos apenas o preço do material, pois seu gosto era ter o que fazer, e, especialmente, olhar para o céu e ver seus pequenos papagaios voando.

Bem, é preciso agora que alguém diga aos moleques da Vila Carrão que esse homem não se encontra mais entre nós. Ele até que lutou – como sempre lutou – para superar mais aquele obstáculo que a princípio pareceu a todos uma gripe mais forte. Mas o pulmão não lutou junto e deixou a pneumonia tomar conta de tudo. Ele faleceu há poucos dias, mas deixou espalhado por aí o espírito aventureiro de Isamu, a força de luta de Jorge, a alegria de Kosugui e o amor do Ditiã. Não é mais quatro em um, mas um em muitos de nós.

Algumas correções se fazem necessárias: meu pai conheceu a moça Hatsue, minha mãe, quando ambos moravam em São Paulo e ele foi trabalhar na tinturaria de meu avô. E o grupo mambembe apresentava peças de teatro japonês - ele fazia sonosplatia, mas não no cinema...

Existem mais detalhes, mas o essencial está aí.

Arigatô, otô-san!!!

agosto 21, 2007


Tirando o atraso


E aí, antes que se complete um mês sem posts, vou tentar corrigir essa falha.

Muito trabalho, muito mesmo. De um lado, é bom. De outro, por causa da overdose de letrinhas, a gente perde a vontade por completo de ler ou de escrever qualquer coisa.

Com isso, o pobre Harry Potter está lá, marcado na página duzentos e pouco, esperando que eu continue. Se ler em português, nessa época, é complicado, imagine em inglês... Mas deixei Harry, Hermione e Ron disfarçados (sob efeito do Polijuice) no Ministério da Magia, investigando uma coisa que não conto pra não estragar a surpresa de quem pretende ler o livro. E estou preocupada com o que vai acontecer com eles.

A revista deixou de ser foco principal. Continuo lá, mas totalmente bissexta. Outras coisas têm aparecido – e está divertido. Mas o tal controle do meu tempo continua inexistindo. Tudo bem, uma hora eu consigo. O período foi de decisões e conversas também. Fica, não fica. Fica mais ou menos, sai de vez. Acho que tudo foi examinado e analisado. Se decidi certo, vamos ver.

Entrei em período de experiência vivencial. O filho foi viajar em férias e vou experimentar ficar sozinha em casa por duas semanas. Vamos ver se consigo agüentar essa casona vazia, totalmente sozinha, pelo menos à noite. Durante o dia, tem a minha fiel De por perto, falando até em horas que não precisa. Por enquanto, estou curtindo. Os gatos é que sentem falta do outro humano da casa: estão mais do que carentes...

Ig se foi, vítima do frio. Mas já estava velhinha e, segundo as pessoas que entendem de iguanas, durou até bastante. Não sei se foi feliz, mas viveu bem alimentada e bem cuidada. Agora o viveiro está lá, vazio. Só a Maguinha entra, pra dormir sobre a pedra quente – é a única que ainda passa pela tela.

Olhando aos hibiscos que plantei e que ainda estão pequenos, me perguntei quem é que vai comer as flores agora. Porque plantei pensando em dar as flores para Ig comer. Será que teremos uma nova Ig? Sei lá... Se bobear, planto hibiscos no viveiro.

Normalmente não lembro dos sonhos. Mas esta noite deixou uma história inteira na minha cabeça. Fazia compras numa grande feira de artesanato ao ar livre, com a filha. Entramos numa loja e ela me entrega um vestido, lindo, rodado, todo bordado, pra eu experimentar. Entra o genro e diz que é pra eu comprar o que eu quiser, que ele paga. Entra o filho mais novo e comenta que o vestido é lindo – mas grande. Olho para mim, vestida com o tal vestido, e percebo que ele está se arrastando pelo chão. Respondo que dá pra fazer a barra, sem problemas. Acordo quando a filha entrega outro vestido para eu experimentar. A propósito: estava fazendo compras, mas não carregava nenhum pacote. E a tal loja onde estava a filha era, na verdade, uma casa enorme, cheia de salinhas em vários níveis. Parecia uma casa de praia, com as janelas dando para uma grande praça, onde rolava a tal feira de artesanato. Não lembro de ter sonhado alguma coisa tão cinematográfica assim...

No mais, fui ao cinema, costurei, crochetei, tricotei. Gorros, xales, bolsas.

Deixo as letrinhas e me dedico aos pontos...

julho 23, 2007


Broncas e lembretes

A vida nem sempre segue como a gente gostaria – mas, uma hora, dá tudo certo. Espero. Mas por causa disso andei sumida. Tenho pensado numa série de coisas, o que não dá é tempo pra botar tudo na tela. Ou vontade. Ou as duas coisas.

Desde quando me conheço por gente – e isso já tem algum tempo – calçada é lugar de pedestre. Ocorre que de um tempo pra cá as calçadas vêm sendo tomadas por carros. Tudo bem, tem loja, restaurante, estabelecimento comercial, enfim, que abre espaço na calçada para os clientes estacionarem. Tudo bem, a gente compreende. O que não dá pra entender é porque os motoristas cismam que a calçada também é deles e nem dão bola para os pedestres. Ora, sou pedestre de carteirinha e, pelo tempo que bato perna pela cidade, acho que tenho direito adquirido. Então, exijo que o sujeito que esteja manobrando na calçada me respeite. Se estou passando, não sou eu quem tem de parar, é ele. Nesse caso, a preferência é minha. Ele é o corpo estranho no pedaço. Estou ficando de saco cheio de ter de passar pelo meio-fio porque tem algum folgado ocupando a minha calçada...

E falando em folgado, vou abrir campanha contra os proprietários de cães que não limpam a sujeira dos totós das calçadas. É lei, é obrigação: todo mundo tem de carregar seus saquinhos plásticos e limpar a sujeira dos bichos das calçadas. E tem gente que tem a cara de pau de olhar em volta pra ver se tem alguém olhando. Se tem, limpa. Se não, vai embora na maior caradura!

Nesse período de afastamento, registrei duas mortes e uma viagem. Nenhuma minha. Mas a pobre da filha encarou tudo isso: saiu de um enterro para uma viagem; chegou do aeroporto e encarou outro enterro. Nenhum em Sampa. É, minha filha, a vida reserva umas barras que às vezes não dá pra entender...

Uma dessas mortes foi de uma pessoa muito querida, avô dos meus filhos, alguém que eles queriam muito bem. Sim, ele estava bem velhinho. Mas foi triste ver meus meninos encarando um funeral pela primeira vez na vida. De alguma forma, consegui mantê-los distantes desses rituais tão pesados. Se foi bom, não sei. O que sei é que, agora, eles podem decidir se querem ou não participar dessas coisas. Quando eram menores, eu decidi por eles. Acho que eles não reclamam disso, não...

No meio disso tudo, mais uma vez tive a certeza de que não quero esses rituais todos quando eu me for. Todo mundo já sabe o que eu quero – e espero que respeitem minha decisão, que agora vai até por escrito. Não quero velório noite adentro – quem quiser me chorar, repito mais uma vez, que me chore na cama, que é lugar quentinho e confortável. Acho uma violência passar um noite inteira ao lado de um caixão. Acho maravilhosas aquelas histórias de “beber o morto”, mas isso pode ser feito num bom boteco. E, pelamordedeus, quero ser cremada!

E já que estamos em assuntos soturnos, lembrei de quando ensopei um livro na adolescência. “Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcellos, me fez chorar muito quando o personagem, o garoto Zezé, diz ao Portuga, amigo dele, que ia matar alguém. O Portuga começa um discurso contra a violência, mas Zezé o interrompe e explica: gente, a gente mata no coração. Vai deixando de lado, esquecendo, não dando bola. E um dia, ela desaparece e passa a ser só uma lembrança, igual a alguém que se foi. Alguém que era muito querido e que deixou lembranças muito especiais.

Acho que quando li o livro, chorei por pessoas que iria “matar” pela vida afora...

julho 06, 2007


Vagão em flor

Entrei no trem e tomei um susto: o vagão estava tomado por flores de cerejeira. Quilos, centenas de flores de um tom rosa delicado ocupavam pelo menos dois assentos. Depois do deslumbramento, a decepção: eram artificiais.

Mas claro, só podiam ser artificiais. Acho que só vi galhos floridos daquele jeito em fotos de lugares no exterior. E transportadas daquele jeito, se fossem verdadeiras deixariam um rastro de flores caídas, igual os ipês roxos da cidade. A gente pode não olhar pra cima para vê-los, mas o chão fica tão forrado de flores que é impossível não procurar de onde vem tudo aquilo.

De qualquer forma, alegou meu dia. Nem olhei quem transportava, só percebi que eram duas pessoas, cada uma carregando um maço de galhos, inclusive amassando algumas flores. Ninguém sentou na frente ou ao lado – os galhos se espalhavam. Um cururu que se atreveu, saiu rapidinho, incomodado com tanto cutucão que levou.

Fiquei pensando para onde iam aquelas pessoas com todas aquelas flores. Será que eles têm idéia de quanta alegria espalharam no caminho?

Ou será que sou o único ser nesse mundo que fica contente com uma imagem florida?

julho 05, 2007


Rewind...


Muito tempo longe, muita história pra contar, mas falta tempo, espaço, saco... Vamos ao que me lembro.

Sentadinho no trem, ele ocupava um banco inteiro. Tudo bem, naquela hora o trem ia vazio. Nos pés, uma imensa sacola, da qual ele tirava cones, iguais aqueles de lã ou linha, mas cobertos por um papel colorido. Ele ia tirando os cones, um a um, e furava a ponta mais estreita com um alicate fino, de fazer bijuteria. Depois de furar uma infinidade, tirou uma cabeça de palhaço da sacola e um pano costurado como um saco. Embrulhou a cabeça de palhaço com o pano do avesso, pegou um arame parcialmente coberto com plástico colorido. A parte sem plástico, ele enrolou em torno do pescoço do palhaço, prendendo o saco. Depois, pegou um dos cones, colocou o palhaço recém-vestido dentro, prendeu a roupinha no cone com durex prateado. Da parte mais fina do cone, saía a parte recoberta do arame. Da parte mais larga, o palhacinho parecia solto. Entre duas estações, ele tinha montado pelo menos uns três palhacinhos, enquanto contava para um senhor, que acompanhava atento o que ele fazia, que vendia uns 30/40 bonequinhos daqueles por dia, na semana. No final de semana, chegava a mais de cem. “A criançada fica louca com esse brinquedo”, contava. E ele aproveitava pra montar o brinquedo no trem, porque não dava conta de fazer tudo em casa...

Mais uma estação e eu acaba comprando um palhacinho...

Quatro dias almoçando na casa do diagramador. E desenhando a revista. E fazendo título, olho, legenda, aquela coisa necessária para compor qualquer coisa impressa. Divertido, sempre. Mas aí fico sabendo que a revista não vai rodar na data marcada. E ninguém sabe quando será. Anticlímax total: a gente se envolve numa coisa e quer logo ver a coisa pronta. Aí não fica. Quando ficar, estará velha...

Quem disse que ia ser fácil?

Domingo de folga, fui ver Geoge Clooney e Brad Pitt. Tem Matt Damon também, mas, mas não sou muito fã do ditocujo... George e Brad, maravilhosos. E a história é muito boa. Mas tem de prestar atenção, tanta volta que dá pra juntar tudo no fim. Fico pensando em como será a cabeça de um roteirista de filmes desse jeito. Acho que se enrola tanto que, no fim, só se dando um tiro na cabeça. Mas aí não teria história.

Acho que vou tentar escrever umas coisas assim, mas tenho medo de pirar (ainda mais)...

*****

Fica assim, por enquanto. Não lembro de tudo em que pensei para escrever. Aos poucos, a gente resgata.

Ou não...

junho 12, 2007


Eu vi!!!

Demorou vários meses, mas hoje eu vi. Sentadinha à beira do rio, de costas para os trilhos, perto da estação Pinheiros. Olhei e quando fui olhar de novo, já tinha passado. Mas havia outra, perto da Hebraica-Rebouças, mas do outro lado do rio. Com minha visão desgastada, tenho dúvidas de que fosse. Mas a da estação Pinheiros, não tem dúvida: era mesmo uma capivara! (claro que não é essa da fotinha, mas um dia eu consigo fotografar uma!)

A volta ao trabalho não foi tão dolorosa quanto imaginei. Depois de vários dias em que deveria folgar, passear e curtir, mas que fiquei quietinha, curtindo gripe, tosse e febre, sair de casa para o trabalho teve seu sabor de inédito. Talvez um pouco por causa do clima mais leve – por causa do Dia dos Namorados? Bem capaz.

Tirando todo o mal-estar do feriadão, até que foi bom. E rendeu: terminei um xale, fiz outro e ainda fiz um cachecol. Dos quais, não restou nem sombra: um xale foi pra filha, outro pra nora e o cachecol dei de presente para uma amiga do filho. Foi gostoso passar uns dias fazendo essas coisinhas que gosto tanto. Agulha, linha e ponto. No final, uma coisa bonita e quentinha. Quer prazer maior?

E ele não está mais na porta do elevador. Com o filme em cartaz há algumas semanas, nada mais natural do que tirar o anúncio das portas dos elevadores. Senti falta – já estava me acostumando a ver Orlando todos os dias... Agora, só no meu desktop...

... e nos meus sonhos...

junho 04, 2007


Novidades

Um monte de dias fora do circuito – período de fechamento é fogo! Um monte de chateações, mas algumas coisas muito boas. Chateação é rotina, então não conta. Melhor é falar do que rolou de bom.

Orlando Bloom, claro! Fui ver Piratas do Caribe, o terceiro. Babei – disfarçadamente, claro, como convém a uma senhora de respeito. Mas babei. Depois fui ler mais a respeito do rapaz, nos IMDB da vida. Descobri que ele foi alvo de chacota constante nos sets de O Senhor dos Anéis porque elfo que se preze tem de estar sempre limpinho. Daí era um tal de fazer manicure e se arrumar todo, enquanto os outros apareciam sujos. Não é à-toa ele se destaca. Não é à-toa que elfo, pra mim, tem cara do Legolas do Orlando Bloom (mas a fotinha vai com ele sem roupa de época).

A filha estreou na TV. Programinha curto, só 15 minutinhos, mas ela está um arraso. Meio maquiada demais pro meu gosto, mas linda. Pra quem ainda não sabe, todo domingo, 19h15, TV Gazeta. O assunto? Ah, sim, dica de saúde e beleza para diabéticos!

Ganhei um livro de receitas brasileiras, em inglês, cujos autores conheço há algum tempo. O livro será vendido nos States – espero que o povo de lá curta. As receitas estão direitinhas, tem até receita de brigadeiro! E com a advertência: festa de criança, no Brasil, não é festa se não tem brigadeiro. E pastel, a quem interessar, recebeu o pitoresco nome de turnover. É engraçado ver as coisas que a gente come no dia-a-dia descritas em inglês...

Retomei as agulhas: comecei um xale (acho que é mais uma mistura de xale com casaco) em crochê. Tinha de retomar a colcha do filho, mas me animei mais com o xale. Vamos ver se consigo terminar antes de terminar o frio.

As paineiras já não estão mais floridas mas, em compensação, tem uns ipês roxos na cidade que estão deslumbrantes. Os ipês florescem no inverno e o primeiro a mostrar a cara é o roxo. É só prestar atenção: eles estão lindos!

Tem mais, mas bateu a preguiça de continuar. Outra hora eu conto mais...

maio 18, 2007


Piratas, mal posso esperar

Dê uma boa olhada no pôster aí do lado. Pois dei de cara com um igual, só que com mais de 2 metros de altura, com fundo vermelho, bem na porta do elevador do WTC. Explico: o WTC usa as portas dos elevadores para divulgar filmes que vão entrar em cartaz. Até ontem era um desenho animado, acho que “A Família do Futuro” ou coisa semelhante. Não prestei muita atenção. Hoje mudou para “Piratas do Caribe 3”, que estréia na semana que vem..

Não é segredo pra ninguém que acompanha este blog minha tara por Orlando Bloom, a cara que todo elfo deve ter. Então, imagina o susto da velhinha ao dar de cara com o ditocujo moço me olhando, os cabelos esvoaçantes, a pose de pirata, bem na porta de um dos dois únicos elevadores que servem a Área Técnica!

Não sei o que tem nos outros elevadores, não prestei atenção. Mas em cada porta fica um personagem, se for igual à propaganda anterior. Segunda ou terça-feira acho que consigo dar mais atenção às outras portas. Por enquanto, fico parada na frente da porta do meio. Se o outro elevador que serve chegar, não tem problema. Não vejo, não presto atenção. Como o robô de "Perdidos no Espaço", a série, não tem registro.

Hoje perdi o fôlego logo na entrada. E acho que vou engolir em seco na porta do elevador por um bom tempo. Nunca vou me acostumar com dar de cara com Orlando Bloom e, o que é melhor, que ele se abra pra eu entrar...

Espero que ninguém note...

maio 14, 2007


Sapatos, pra que?

Sapatos foram criados pelo homem no Paleolítico para proteger os pés. Pudera, com o frio que devia fazer naquela época (não, eu não lembro disso, viu?), mais as coisas que saíam por aí se arrastando, eles eram bem necessários mesmo. Até aí, eu entendo. Com o tempo, conta a história, para alguns povos, eles foram perdendo a serventia. Conta-se que os egípcios carregavam as sandálias para só usá-las em caso de necessidade. Que delícia devia ser ter os pés livres e soltos! E como deviam ficar felizes as pedicures!

O relato da história do sapato continua: foi um rei inglês quem padronizou as medidas, por volta do século XIII. Já deve ter virado pó, então não adianta querer matá-lo. E os avanços da indústria da moda transformaram essas coisas em aprisionamento de pés. Daí vieram os calos, as unhas encravadas, as insuportáveis bolhas nos pés (que até renderam música do João Bosco e propaganda do band-aid). Hoje, eu acrescento: os escorregões.

Estou com a musculatura da perna dolorida e uma mancha roxa no joelho. Culpa do sapato, que provocou, contando por baixo (quando se fala em sapato, não pode ser por alto), uns seis escorregões ao longo do dia. O primeiro deles em plena travessia da Heitor Penteado. Nada trágico: não vinha nenhum carro. Mas escorreguei e caí sobre o joelho direito. Que está com uma mancha roxinha. E – juro – minha primeira preocupação foi ver se a meia estava inteira. Estava. O único furo estava no orgulho e no amor próprio.

OK, fui teimosa. Pensei que não poderia ser vencida por um sapato. Ele ou eu, pensei, logo depois do segundo escorregão, quando analisei seriamente a possibilidade de voltar para casa e trocar de sapatos. Mas estava atrasada. E achava um desaforo um sapato que já tem três anos guardado (juro, só tinha usado uma única vez e não lembrava porque tinha parado de usar. Agora sei) provocar tanto estrago.

Passei o dia forçando os pés a pisar de forma a evitar os escorregões. Claro que teve momentos de descuidos – daí a conta, por baixo. Agora estou com dor na batata das duas pernas. Mais um joelho roxo. E uma profunda sensação de cansaço.

Meus pés, minhas pernas, meu corpo. Tudo dói. O sapato venceu por 10 a 0...

*****

Para minha mais profunda alegria, ganhei quase tudo que pedi para o Dia das Mães. Por mais irônico que seja, não ganhei as sapatilhas...

Mas agora, mais do que nunca, vou atrás delas.
*****
Quando era menina, adorava andar descalça. Não tem uma única foto em que eu apareça com os pés calçados. Quando estava de sapato, estava sempre com o pé meio pra fora. Levei centenas de broncas de minha mãe por causa dessa mania de pés descalços. Meus filhos aprenderam a andar com os pés descalços e, embora um deles insista em dormir de meias (argh!), continuam gostando de ter os pés livres.

Hoje sou fã assumida e de carteirinha das Havaianas. E dos sapatinhos de tecido. Nos dois casos, a impressão é de se estar descalça.

Alguém quer um par de sapatos bonitos, de camurça, que derrubam a gente em pleno asfalto?

maio 09, 2007


De vaidade e frio


“Mas você usa todos os dias?”

A pergunta da filha, referindo-se ao gel de banho que pedi para o dia das mães, me remeteu à minha mãe. Todas as noites ela aplicava um creme no rosto – Madame Juju, lembro até hoje, embora não saiba se é assim mesmo que se escreve. Era um creme japonês, que custava caríssimo. Tradicionalmente, fazíamos uma vaquinha e meu pai ia comprar o tal creme na Liberdade. Suspeito que ele completava o valor total do potinho que – acreditem! – durava até maio do ano seguinte. Também, ela usava uma porção mínima, diria microscópica. Mas toda noite ela usava.

Minha mãe conseguia lembrar, todas as noites, de usar o creme. E punha batom todos os dias. Eu não consigo. O máximo de vaidade que consigo exercer é usar xampus e sabonetes especiais (como o tal gel) – banho é coisa que a gente toma todos os dias, não é verdade? Faço unha uma vez por semana, mas raramente uso esmalte (demora a secar e acabo borrando logo na saída do salão) e corto os cabelos pelo menos a cada dois meses, justamente para não ter trabalho com eles. E posso até pensar em fazer mais, mas não consigo.

Acho bonito quem se cuida, se arruma, se põe bonita. Vaidade, dizem, é componente da mulher. Mas, como em tudo na natureza, alguns tem mais e outros tem menos...

*****

Ele chegou!!! O frio esperado, aguardado ansiosamente, finalmente está aí. Sei que muita gente vai fazer cara feia, mas eu adoro. Caminhando na Marginal, com o vento frio e forte no rosto, me senti superbem. Viva. O frio faz bem ao espírito. O corpo agradece.

*****

A alma também agradece e fica emocionada pela manhã: a filha manda, nesta semana, um cartão virtual todos os dias pelo dia das mães.

Isso aquece o coração e anima a gente a enfrentar dias chatos...

abril 25, 2007


Enfim!!!

Demorou, deixou todo mundo irritado, inquieto, nervoso, preocupado. Mas agora veio - quer dizer, virá amanhã. O presente está garantido. O futuro? A Deus pertence – e eu rezo para que ele seja generoso. Outro mês nessa gangorra meu coraçãozinho não agüenta.

*********


Eu disse, no post anterior, que às vezes me sinto uma completa imbecil. Continuo pensando o mesmo. Principalmente quando me pego preocupada com outra imbecil (só que de outra espécie – para quem não sabe, existem várias espécies de imbecilidades e a minha talvez esteja entre as piores) que acha que os problemas dela são os mais graves do mundo. E, por isso, o mundo não merece resposta, sequer um olhar. Quando por algum bom motivo os problemas já não são tão pesados (na verdade, não mudam os problemas, muda a atitude diante deles), desanda a falar, a brincar, a rir – e ai de você se por acaso estiver amuada com os seus problemas!

Pois é, fico preocupada com essa imbecil, pensando no que poderia ajudar, como poderia ajudar... Só que a recíproca não é verdadeira porque sempre os problemas dela são mais graves do que de qualquer outra pessoa. E quando alguém começa a contar alguma coisa que esteja sentindo ou sofrendo, pode esperar: ela sempre tem um caso pior: o dela.

Aos poucos, vou deixando essa criatura de lado. Minha amiga psicóloga diz que gente assim sofre de Síndrome de Ônfalos (palavra grega que significa umbigo), mal totalmente incurável e igualmente insuportável (para os outros, claro). Pessoas com Síndrome de Ônfalos aguda geralmente acabam sozinhas e isoladas. Porque, pelo menos uma vez, dá para eu ser mais coitadinha do que você? Posso não ter a menor vocação para vítima mas, de vez em quando, é bom sentir pena de mim mesma - tudo bem, logo em seguida estou tirando sarro da minha própria cara...

Não quero ser a rainha das desgraças - Deus me livre! - mas gostaria de ser ouvida de vez em quando. Por gente que pode nem estar ouvindo, mas faz cara de interessada. Tem momentos em que a gente quer contar da própria desgraça e não saber que tem gente mais desgraçada. Tem momentos em que a gente precisa de um ombro amigo...

Precisava desopilar – post também é terapia...

abril 19, 2007


Sujeito a chuvas e trovoadas

Já é dia 19 – e nada. Dinheiro na mão é vendaval, diz o príncipe Paulinho da Viola, mas eu digo que mão sem dinheiro é furacão com status de tsunami. Aí me liga a moça do cartão de crédito, pra cobrar a conta que já ganhou carimbo de calote certo. Moça, é o seguinte: devo, não nego, pago quando tiver dinheiro. E como não tem outro jeito, dou risada: a moça deve pensar que estou tirando sarro...

No trabalho, dizem que há luz no fim do túnel. Só que ninguém explica onde está o fim do túnel. Acho que ninguém sabe. Eu explico para as pessoas que já raspei o fundo do tacho e agora estou consumindo o tacho mesmo. Que não vai durar muito...

Recebi uma proposta de trabalho num dia (anteontem), retirada praticamente no dia seguinte. Por sorte, já tinha decidido que não ia aceitar antes de a proposta ser retirada. Na verdade, ainda não foi oficialmente. Mas continuo achando que não vale a pena sair do incerto para ir ao duvidoso. O incerto é menor, mais transparente e, por enquanto, não tenho motivos para achar que as pessoas sejam mau-caráter. Já no duvidoso, é certeza que o dono pode não ser mau caráter que todos dizem que é, mas é vigarista de carteirinha com firma reconhecida.

E tem ainda o fato de ter abandonado o certo a preço baixo para ir atrás de um sonho que não é meu. Mas entrar no sonho dos outros não é sonhar junto? Vai, no meu caso, não sonho com isso. Mas aposto – ainda, apesar de tudo.

Às vezes me acho uma completa imbecil...

abril 17, 2007


Não era árvore...

Arcipreste Anselmo de Oliveira. Tinha prometido pra mim mesmo que ia evitar falar dos meus caminhos diários, que raramente mudam e certamente enchem o saco de quem lê este blog. Mas não deu pra resistir.

Descobri hoje que o nome da pracinha entre a entrada da Estação e a ponte Cidade Universitária é Arcipreste Anselmo de Oliveira. Fiquei pensando no tamanho de alguém que tem duas árvores no nome. E na falta de responsabilidade do pai dessa criatura ao dar esse nome ao filho.

Aí, numa gugada rápida, descubro que arcipreste não é nome. É cargo religioso. Igual bispo, arcebispo ou coisa parecida, na igreja ortodoxa. Na católica, é o chefe dos presbíteros (dos padres) ou um título dado a um padre que se destaca numa determinada diocese. Então, a palavra não vem de cipreste, a árvore, mas do latim: arci, maior; preste, contração de presbítero.

Então, o senhor arcipreste que perdoe essa pobre leiga... Ainda bem que a gente pode contar com o Google pra esclarecer...

abril 15, 2007




Para mim

Mais três fins de semana e no quarto será o Dia das Mães. Acho que dentro de uns 15 dias vão começar a perguntar o que eu quero ganhar. Para facilitar a vida dos meus meninos e da minha menina, decidi fazer uma listinha e deixar aqui. Assim, eles discutem e dividem as tarefas – que normalmente sobra pra ela comprar e eles pagarem depois. Se bem que no ano passado não foi assim...


  • Uma coisa que eu quero ganhar são camisetinhas. Daquelas femininas, da Hering mesmo, de cor lisa, pra usar com as minhas saias. Não vale cinza, preto ou bege. Meia manga, pra encarar a meia estação. Se quem for comprar estiver com disposição, pode garimpar de outra marca. As da Hering são tamanho G – mamãe emagreceu, mas continua cabendo só no G...
  • Outra coisa que eu não sei onde tem, mas sei que existe, são sapatilhas coloridas, em tecido. Do tipo das que comprei da Denize (La Reina Madre), mas não estampadas. Quero de cor lisa. Parece que a Moleca tem uma linha dessas. Vermelhinho, azul, marinho, marrom. Esse vai dar trabalho, não tenho indicação de onde tem. Mas a Roberta disse que viu umas assim numa loja em Pinheiros.
  • Se alguém estiver com vontade de gastar um pouco mais com a velha, pode me dar um micro system pra eu por no meu mocó. O que tem lá não toca mais CD. Virou um rádio de luxo... Mas isso já está no topo da minha lista de compras pra quando eu tiver dinheiro, então não corram nem briguem por causa disso.
  • Será extremamente bem-vindo um vidro de Douche d’Orange, da L’Occitane. O vidro que ganhei no Natal está pela metade. Logo, logo, vou precisar de outro. Mas também não é exatamente uma coisa baratinha...

    *****

  • Linda, linda. Mas a foto ficou meio escura. A Rainha da Noite só abre à noite e só dura aquela noite. Por isso, o jeito é fotografar. Mas desta vez acho que não soube lidar com a máquina.

    Mas um dia eu aprendo....

    *****
    Sábado cheio, domingo de preguiça, com direito a um pouco de costura. O urgente ficou pra depois - esqueci na sala.

    Foi um fim de semana perfeito...

    abril 12, 2007


    Reflexões ferroviárias

    *** De um lado, a estação. De outro, uma máquina escavadeira limpando o fundo do rio. Haja sujeira! A máquina mergulha na água, sai carregada de sujeira e despeja tudo num monte que vai se formando do outro lado do rio. A gente mata o tempo olhando o trabalho de limpeza. E acho que assisto CSI demais da conta: fico o tempo todo esperando que a escavadeira retire um corpo...

    *** Já tenho um ponto favorito de espera: bem debaixo da passarela, entre dois pés de babosa (as babosas não estão na plataforma, mas em frente, no meio de um jardim muito bem cuidado). Para a esquerda, espio o movimento da ponte Cidade Universitária. Na minha frente, o trânsito pesado da Marginal. Atrás, duas paineiras floridas. Todo dia eu faço tudo sempre igual – mas só na ida. Na volta, às vezes, há variações.

    *** Para cada dois trens que vão para Osasco, vem um para Jurubatuba. Será o horário? Será que tem mais gente indo para Osasco? O que tem em Osasco? E o que é Jurubatuba? Tem lugares que acabam sendo apenas placas na vida da gente...

    *** A paineira mais exuberante está diante da Daslu. Haverá uma mensagem subliminar aí? Sei lá...

    *** Três garotos chegaram na plataforma. Roupinhas arrumadinhas, cara de quem ia se apresentar para um emprego. O comportamento denunciou a idade: um deles pulou para os trilhos e pegou um punhado de cascalho. Voltou à plataforma e os três mataram o tempo numa competição de quem atirava pedras mais longe, no rio. Deliciosa molecagem...

    *** A estação Cidade Jardim tem o jardim mais florido. Em compensação, tem também o maior acúmulo de sujeira retirada do rio. Acho que uma coisa tem a ver com a outra...

    *** Continuo procurando capivaras, mas só encontro urubus... Sinal dos tempos?

    *** Um rapaz fala a outro, com ar de desprezo: “Você tem coragem de ler isso aí em público?”
    “Isso aí” era um livro do Harry Potter. Fiquei indignada, mas na minha. E pensei se o cara leu escondido, se falou por causa do preconceito ou se só repetiu o que muita gente diz. Se leu escondido, é um imbecil. Se não leu, o que é mais provável, está perdendo uma excelente chance de passar bons momentos e se divertir.

    *** Antes de sair do trem, o senhorzinho tira a gravata do bolso e faz o nó entre um balanço e outro. Impressionante!

    *** Por que desce tanta gente na Vila Olímpia?

    *** E o segurança da estação, que pula da plataforma, atravessa os trilhos e sobe na mureta que dá para a Marginal só pra comprar um pacote de biscoito de polvilho, que o ambulante vendia no meio dos carros?

    *** Entro no vagão, me ajeito num espaço e percebo todos os olhares para algum ponto acima de mim. O sujeito, mais magro que a fome, tinha mais de 2 metros. Estava bem do meu lado – eu ficava abaixo do sovaco do sujeito. E todo mundo espiava, à espera do momento de ele sair do trem: a cabeça sobrava inteira acima da porta...

    *** O tempo passa e eu me divirto....

    abril 04, 2007


    Flores e atrasos

    Paineiras são árvores nativas do Brasil. São grandiosas, imponentes: chegam a quase 20 metros de altura. Perdem as folhas na época de floração, o que as deixa ainda mais bonitas, porque ficam totalmente cor-de-rosa. Algumas de uma rosa mais claro, outras de um rosa escuro, um pink na moderna linguagem das cores.

    Existem dezenas, centenas de paineiras na cidade. E este ano elas estão atrasadas: as árvores estão mostrando suas flores agora, quando, pelo calendário popular, seria a época de começarem a dar lugar aos frutos que, mais tarde, estourariam em paina pra encher travesseiros. Como na cidade muito pouca gente colhe a paina, o atraso não importa muito. Importa que elas estão deslumbrantes.

    Segundo o dito popular, a paina, que surge do fruto da paineira, deve ser colhida num determinado tempo depois da semana santa – que é agora. Mas os frutos, por aqui, ainda não apareceram e não estarão prontos para a colheita na época dita correta. O que quer dizer que a safra de paina (isso existe?!) será ruim este ano.

    Pra mim, não muda nada. Já estou acostumada com atrasos florais. Minha flor de maio só floresce em junho; a flor de outubro marcou presença em novembro. O que importa é que as flores vêem com força e com vontade, maravilhosas.

    Mas esse atraso me intrigou: e as quaresmeiras, como será que estão este ano?

    abril 03, 2007


    Como assim?

    Foi assim, de uma hora para outra. No final da tarde, ela estava doente, tinha voltado do veterinário onde recebeu medicação. Estava murchinha, mas bem. Três horas depois, já não estava mais com a gente.

    Rainha surgiu do nada. Veio da rua, foi acolhida, recebeu amor. Teve mais sorte na sua curta vida do que muita gente ao longo de uma vida inteira. Mas não teve tempo suficiente para viver esse amor todo. Deixou inconsoláveis duas pessoas muito especiais para mim: minha filha e meu neto.

    Como se explica para uma criança de 4 anos que a cachorrinha dele, que pela manhã brincava e saltava com ele, estava morta no começo da noite? Duro, complicado. Que ela foi se juntar ao Sarnão, ele entende. Mas o Sarnão ficou doente, assim como a velha gatinha da vovó que morreu no final da semana. Rainha, não. Era uma criança...

    Criança não devia morrer, nunca. Nem gente, nem bicho. Elas são a alegria na vida, aquelas criaturas que dão ânimo pra gente reagir e tocar a vida com força e com vontade. Criança é amor, é festa. Não dá pra viver sem isso...

    Pô, Chiquinho, dessa vez você pisou na bola...

    abril 02, 2007


    Subidas e descidas

    Hoje eu contei: entre uma estação e hoje, são 61 degraus subidos e 35 descidos. Isso só no trem. Metrô, felizmente, tem escada rolante (mas depende da estação, do caminho que você resolver tomar, coisas assim). Isso tudo só para chegar. Nem conta a caminhada de casa até o metrô e da estação até o WTC. Ninguém mais vai poder dizer que não estou me exercitando...

    Tá bom, a caminhada nem é tão grande assim. Mas para quem não andava nada, até estou me mexendo legal. Pode ser que daqui algum tempo eu ache pouco e procure por mais. Por enquanto, está de bom tamanho.

    Ainda mais que tenho a impressão que o número de degraus, na volta, aumenta. Mas acho que é só impressão mesmo, porque na volta a gente sempre está mais cansada.

    **********


    E, no fim das contas, o Chiquinho levou mesmo a Tetéia... Mas tenho certeza de que ela está bem, com a Frô, o Bôh e a Millá.


    Adeus, Teinha...

    março 29, 2007




    Minha Tetéia

    Já é a segunda vez em menos de seis meses que ela dá um susto na gente. E esse susto ainda não parou de preocupar. Minha Tetéia está com 13 anos e, claro, doida pra virar o Cabo da Boa Esperança e encontrar a irmã Millah e a mãe Frozô.

    Está magrinha, fraquinha. Com uma baita inflamação nas gengivas, tão forte que sangram por qualquer coisa. Começamos o antibiótico ontem. Uma dose a cada 12 horas. Ela tem até amanhã para ter uma “melhora interessante” – palavras do veterinário. Por causa da gengiva, come o estritamente necessário. Acho que menos, porque a dor tira a fome. Sei bem disso, passei por momento semelhante há algum tempo. Regime forçado que, no fim, no melhor estilo Poliana, achei que foi bom porque emagreci, aprendi a controlar meu apetite e fiquei melhor.

    Tetéia é a última gata do meu tempo de casada. Todos os demais vieram pós-separação. É minha velha companheirinha: sempre dormia na minha cama, geralmente em cima de mim. Isso durou até pouco depois de mudarmos para a casa. Aqui, depois de algum tempo, ela parou de subir as escadas. Fica lá em baixo, nos sofás, em alguma poltrona, em cima da mesa. É verdade que o calor não ajuda nada. Talvez, se e quando o inverno chegar, ela volte para minha cama. E tem os outros gatos que também dormem comigo. Acho que Téia também cansou de brigar com todo mundo para ter o espaço só pra ela.

    Nasceu em casa, de um parto complicado (a Frô nunca foi uma boa parideira). Herdou a cara do pai e o chamego da mãe. É carinhosa, doce. Quando converso com ela, olha para mim como se entendesse tudo o que estou dizendo, me dando apoio.

    Pedi ao Chiquinho pra cuidar dela e, quando for levá-la, pra fazer isso de forma tranqüila, sem sofrimento. Sei que ela não vai ficar muito tempo comigo. O que tivemos juntas, tivemos juntas e foi o bastante. Agradeço ao Chiquinho por esses momentos, sempre.

    Mas eu quero que ela ainda fique muito tempo comigo....